Sistema de Vigilância vai garantir qualidade da água no AM

No Amazonas, o sistema está em operação desde o mês de agosto na capital e em cinco municípios piloto do interior. Para garantir o uso da ferramenta nos 62 municípios amazonenses, até 2005, técnicos da Secretaria de Estado da Saúde (Susam) participam desde ontem (13), juntamente com técnicos de vigilância ambiental dos estados do Acre, Rondônia e Roraima, do curso de Vigilância e Controle da Água para Consumo Humano. O curso, que vai até a próxima sexta-feira, está sendo ministrado por uma equipe de quatro profissionais do Ministério da Saúde.

Presente na abertura do evento, a secretária estadual de Saúde, Leny Passos, disse que a Amazônia ainda vive uma contradição, a de concentrar 20% da água doce mundial e ter quase metade de seus domicílios não cobertos pela rede de abastecimento formal de água. “As pessoas ainda estão muito expostas a doenças de veiculação hídrica como as diarréias e a hepatite. Por isso, estamos buscando indicadores sólidos que antecipem medidas de prevenção e ofereçam subsídios para a ação dos órgãos responsáveis pelo abastecimento”. Ela disse que o maior desafio no Estado é atingir as áreas rurais e indígenas, onde o desconhecimento sobre medidas básicas de prevenção às doenças favorece a exposição da população aos riscos. “Há casos de contaminação por coliformes fecais de igarapés que, quando secam, se tornam fonte de infecção”.

A coordenadora geral de Vigilância Ambiental, do Ministério da Saúde, Gina Luísa Boemer, explica que o Vigiágua tem como objetivo reduzir os índices de doenças veiculadas pela água, a partir de um mapeamento da qualidade da água fornecida pela rede formal ou obtida de forma alternativa, o que inclui os poços e as cacimbas, comuns nas áreas periféricas de Manaus.

Os parâmetros de qualidade da água estão descritos na Portaria 518/2004, do Ministério da Saúde e os principais são os de turbidez, cloro, qualidade bacteriológica, desinfecção e cobertura. “As equipes de Vigilância em Saúde devem fazer avaliação sistemática de amostras para alimentar o Sistema e indicar as providências necessárias em caso de irregularidades”. Ela explica que as ações previstas vão de orientações técnicas à interdição e que, durante o curso, os agentes irão atualizar os conceitos relacionados aos aspectos gerais, usos e qualidade da água, sistemas de abastecimentos, soluções alternativas e individuais, além de realizar exercícios práticos de vigilância e controle da qualidade da água, avaliações microbiológicas e atividades de biossegurança. As aulas são teóricas e práticas.

Para o diretor de Vigilância em Saúde da Susam, Evandro Melo, a implantação do Sistema no Estado é um grande avanço. Ele destaca, no entanto, que é fundamental o envolvimento da comunidade nas atividades de saúde pública para melhoria da qualidade e disponibilidade da água para consumo humano. “O processo de qualificação da água vai se dar em longo prazo, já o recurso hídrico no Brasil todo sofreu grande degradação, principalmente nas áreas industrializadas. É preciso também o envolvimento da população para que o sistema possa interagir com outros setores como saneamento e meio ambiente”, disse Evandro.

Até o final de 2005, o Ministério da Saúde, em parceria com as secretarias estaduais e municipais de saúde, deve concluir o levantamento detalhado da situação dos programas de vigilância da qualidade da água para consumo humano nos 27 estados do País.