Susam e Ministério iniciam vacinação indígena no dia 24
A ação coincide com a segunda etapa da Campanha Nacional de Vacinação contra a Paralisia Infantil, que acontece entre os dias 21 de agosto e 9 de setembro, e tem como objetivo imunizar a população indígena da região contra todas as doenças do calendário básico de imunização. Ao todo serão disponibilizadas, para adultos e crianças, 13 tipos de vacina. Os índios também serão vacinados contra hepatite A, varicela, influenza (gripe) e pneumonia, doenças que provocaram nos últimos anos taxas altas de morbi-mortalidade na área, de acordo com estudos do Ministério.
A missão no Vale do Javari vai contar com 30 profissionais de saúde e será feita em parceria com a Aeronáutica. Serão utilizados helicópteros e lanchas para atingir as 36 aldeias da região, das etnias Marubo, Mayoruna, Matis, Kanamary, Kulina e Korubo. As equipes de vacinadores serão formadas por um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e um agente indígena. A previsão de encerramento das atividades é o dia 7 de setembro e a meta do Programa Nacional de Imunização (PNI) é vacinar 100% da população indígena do local.
De acordo com a coordenadora de Operações do Departamento de Saúde Indígena da Funasa, Marília Ferraro, a vacinação dos índios brasileiros já faz parte da rotina do PNI desde 1992. No entanto, com a ocorrência de doenças infecto-contagiosas, como as hepatites virais e a malária, e os óbitos por Síndrome Febril Íctero-Hemorrágica, o Vale do Javari se tornou foco de estudos epidemiológicos específicos, coordenados por diversas áreas do Ministério e pela Fundação de Medicina Tropical do Amazonas (FMT).
Marília diz que levantamentos dos últimos 10 anos mostram que o vírus da Hepatite B é prevalente em cerca de 20% da população da região, com algumas variações de uma etnia para outra. Um dos agravantes, segundo ela é a co-infecção pelos vírus B e D, e o fato de que poucos têm anticorpos para a Hepatite A. “Juntas, as doenças provocam casos graves e aumentam a letalidade“. Ela explica, ainda, que outras investigações estão sendo feitas para avaliar se há outros tipos de vírus em circulação entre as etnias.
Além da vacinação, Susam e Ministério da Saúde estão executando um plano conjunto que inclui o controle da malária e das doenças sexualmente transmissíveis no Vale do Javari. O trabalho, que conta com a participação dos Programas Nacionais de DST/Aids e Hepatites Virais, envolve a disseminação de informações e sensibilização por meio de educadores em saúde da Funasa, o treinamento para investigação epidemiológica e capacitação para salas de vacina.
Geladeira – A coordenadora estadual do PNI, Izabel Nascimento, diz que somente com ações integradas entre os governos federal e estadual é possível ter acesso às regiões mais distantes e obter resultados. Ela destaca que a vacinação nas populações rurais e indígenas vem sendo feita até quatro vezes por ano. “A próxima região a ser visitada em missão especial é a de Eirunepé”.
Izabel também anunciou que quatro comunidades do Vale do Javari receberão até o final do ano, uma geladeira solar para estoque e conservação de vacinas. A primeira geladeira do tipo já foi instalada na comunidade de Paricatuba, que serviu de projeto piloto para o programa nacional Sol Nascente que tem como objetivo viabilizar a vacinação diária em comunidades sem ou com abastecimento irregular de energia.