Governo inaugura Banco de Olhos do Amazonas

O Banco de Olhos do Amazonas é o segundo a ser instalado no Norte do Brasil e o seu funcionamento, a partir da próxima segunda-feira, vai viabilizar a captação local de córneas para transplante. Os beneficiados serão os pacientes com perda total ou parcial de visão, cadastrados na Lista Única de Receptores. No Amazonas, atualmente, 258 pessoas têm indicação de transplante de córnea.

Os transplantes começarão a ser feitos após a formalização do cadastramento do serviço de transplante de córneas no Estado. Na próxima segunda-feira, dois técnicos da Central Nacional de Transplantes estarão em Manaus para conhecer o Banco oficialmente e concluir as etapas de cadastro e inspeção.

Durante a inauguração, o governador disse que o Banco de Olhos é mais um avanço da Saúde pública estadual, que vem ganhando novos serviços de qualidade em todos os níveis. “Estamos trabalhando e vencendo uma série de barreiras para oferecer à população o que há de melhor. O que precisamos a partir de agora é contar com a participação e solidariedade da população para o compromisso com a doação de córneas”.

Leny Passos disse que a criação do Banco é uma das ações de implementação do Programa Estadual de Assistência de Alta Complexidade e viabiliza os primeiros transplantes que serão feitos no Estado a partir de doador cadáver. Ela anunciou para o segundo semestre deste ano o início dos transplantes de rim, também a partir de doador cadáver, e para 2005, os transplantes de outros órgãos como coração e fígado. “O serviço de transplante permite que o Estado avance no desenvolvimento e aplicação de alta tecnologia porque vem acompanhando de uma estrutura de ponta para viabilizar os procedimentos de coleta, análise e cirurgia de tecidos, com a implantação de laboratórios com o de HLA, Citogenética e Bacteriologia, que já estão em fase de implantação nas fundações Hemoam e de Medicina Tropical”.

A secretária destacou que o Banco está adequado às normas internacionais de qualidade e segurança e que os materiais e equipamentos para coleta, análise, tratamento e conservação de córneas são de primeira qualidade.

A equipe de profissionais do Banco é formada por dois médicos oftalmologistas e sete técnicos, coordenados pela oftalmologista Cristina Garrido, doutora em Oftalmologia, pela Escola Paulista de Medicina. O funcionamento da unidade será 24 horas, para atender dentro do prazo – até seis horas após o falecimento – às solicitações dos familiares para doação de olhos.

Em Manaus, quatro clínicas e oito oftalmologistas já estão credenciados pelo Ministério da Saúde para a realização do transplante de córnea pelo Sistema Único de Saúde (SUS) ou por atendimento particular.

Para inaugurar o Banco, o Governo do Estado construiu instalações adequadas e realizou treinamento de pessoal para a realização de todos os procedimentos envolvidos da captação e distribuição das córneas, incluindo o contato com a família do doador, para sensibilização e esclarecimentos. Os equipamentos, em torno de R$ 100 mil, foram garantidos por convênio federal.

Doações podem ser feitas a partir de segunda-feira

As doações de olhos poderão ser feitas no Estado, a partir da próxima segunda-feira. Os transplantes serão realizados a partir da oficialização do cadastramento do serviço no Ministério da Saúde, procedimento que faz parte das normas nacionais de regulação de captação e transplantes de órgãos no Brasil. De acordo com a secretária Leny Passos, a expectativa é que o primeiro transplante a partir de doação local seja feito até o final deste mês.

Para a doação de córnea, a família do doador cadáver ou a unidade de saúde que prestou atendimento deve entrar em contato com o Banco, que desloca uma equipe de um oftalmologista de dois técnicos para a remoção.

Após a coleta, as córneas são analisadas, tratadas e armazenadas em líquido conservante para preservação, por até 14 dias, a quatro graus centígrados. A avaliação das condições para transplantes é feita pela equipe levando em conta edemas, dobras, sinais de infecção ou cirurgia prévia. Dentre as condições para o transplante, está a coleta de sangue do cadáver (doador), para exames de hepatite B e C, e HIV. O resultado positivo para um destes testes é considerado contra-indicação absoluta para o transplante. A escolha do paciente que irá receber a córnea atende aos critérios de prioridade e compatibilidade. O paciente deve estar inscrito na Lista Única de Receptores.

Informações Complementares

O que é a córnea?
É a superfície transparente que fica na parte da frente do olho. Por causa de doenças adquiridas, por ferimentos ou por defeitos de nascimento, a córnea fica “nublada”, provocando a perda total ou parcial da visão. A recuperação pode ser feita com o transplante.

Como é feita a doação?
Até seis horas após o falecimento, a equipe do Banco de Olhos pode remover as córneas, se a família concordar.

Que partes do olho podem ser transplantadas?
Além da córnea, a esclera (parte branca). As outras partes podem ser utilizadas em pesquisas científicas, para novas descobertas.

A aparência muda após a doação?
Não. Os procedimentos para a remoção das córneas não modificam a aparência do doador. Os profissionais do Banco estão capacitados para evitar deformações após a doação.

Que documentos são necessários?
A atual legislação diz que todas as pessoas são doadoras em potencial. Por isso, não é necessário nenhum documento anterior. Quem decide pela doação é a família. Apenas após a decisão, os familiares assinam uma autorização.

Quem pode ser doador?
Qualquer pessoa, independente da idade. Nem mesmo o uso de óculos impede a possibilidade da doação.

O que acontece com as córneas doadas?
Depois de avaliadas e preservadas por até 14 dias, elas são doadas para um paciente que está precisando de um transplante. A escolha do receptor é feita pela ordem de prioridade e compatibilidade, seguindo Lista Única de Receptores. A inscrição na Lista é feita pelo médico que acompanha o paciente (receptor).

O que é o transplante?
É uma cirurgia para substituição da córnea doente pela nova córnea (doada). A fixação da nova córnea é feita com um fio muito fino e com a ajuda de um microscópio cirúrgico.

Como é garantida a qualidade das córneas doadas?
O Banco de Olhos utiliza materiais, equipamentos e procedimentos seguros, de acordo com as normas nacionais e internacionais de qualidade. Além disso, uma amostra do sangue do doador é testada para doenças transmissíveis – Hepatite B, C e HIV.