Susam lança relação de medicamentos para abastecer unidades
Elaborada com base na lista da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde, a lista contém 342 medicamentos, considerados indispensáveis para o tratamento de doenças em geral e para as prevalentes na região amazônica.
A secretária de Estado da Saúde, Leny Passos, explica que a composição da lista é uma orientação da OMS, que prevê a racionalização do uso de medicamentos em todo o mundo, aliando eficiência e custos reduzidos. Ela diz que todos os princípios ativos escolhidos para compor a Resme são de comprovada eficiência e vão de simples analgésicos aos medicamentos que atuam sobre o sistema cardiovascular, endócrino e digestivo.
Para o lançamento da Resme foram convidadas a coordenadora de Medicamentos e Tecnologia, da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), Nelly Marin, e a consultora em Farmacologia da Opas, Lenita Wannmacher. Durante o evento, elas falaram para farmacêuticos e diretores das unidades da rede estadual de saúde sobre a importância da seleção e do uso racional de medicamentos para o serviço de saúde. As duas participaram dos estudos para a composição da lista oficial do Amazonas, juntamente com os farmacêuticos da Central de Medicamentos do Amazonas (Cema). As discussões começaram em novembro do ano passado, a partir da definição da nova Política Estadual de Assistência Farmacêutica.
De acordo com Leny Passos, o lançamento da Resme é um marco histórico para o Amazonas, um dos poucos estados brasileiros que ainda não havia elaborado sua própria relação de medicamentos essenciais. Ela explica que a lista vai reduzir a quantidade de princípios ativos que serão disponibilizados nas unidades de saúde, mantendo o atendimento às necessidades essenciais da população. “Estamos modernizando a assistência farmacêutica no Estado, aplicando conceitos de consenso mundial”, diz.
Segundo ela, os medicamentos selecionados para a lista oficial têm qualidade e eficiência comprovada e asseguram o padrão da assistência na capital e no interior. Parte deles já existe como genéricos, que são cerca de 40% mais baratos que os de marca. “Por isso terão prioridade de compra pelo Estado”, garante. Leny acrescenta que a Resme vai facilitar a manutenção dos estoques, reduzir os custos e ampliar o acesso da população à assistência de qualidade.
Segundo a diretora da Cema, farmacêutica Leda Rabelo, atualmente o Estado trabalha com mais de 600 tipos de medicamentos (princípios ativos) e cerca de 900 itens (tipos de apresentação, incluindo ampolas, comprimidos, soluções, pomadas, cápsulas etc). No ano passado, o Governo do Estado investiu quase R$ 100 milhões em medicamentos.
LISTA VAI ATENDER ÀS NECESSIDADES ESSENCIAIS
Estão incluídos na Relação de Medicamentos Essenciais do Amazonas medicamentos básicos, de média e alta complexidade, para uso em todas as unidades estaduais – Centros de Atenção Integral à Criança (Caic) e de Atenção Integral à Melhor Idade (Caimi), policlínicas, pronto-socorros, hospitais e maternidades. Só não fazem parte da lista os 76 itens referentes ao Programa de Medicamentos de Alto Custo, os indicados para o tratamento de algumas especialidades médicas, e os considerados de uso restrito (lançamentos e antibióticos de última geração, por exemplo), que serão adquiridos conforme necessidades específicas.
A lista será aplicada a partir de 2005, após um amplo trabalho que a Secretaria de Estado da Saúde (Susam) pretende realizar junto aos médicos, farmacêuticos e a própria população, para o uso racional de medicamentos.
Segundo a consultora da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), Nelly Marin, no Brasil existem cerca de 15 mil produtos farmacêuticos registrados, com aproximadamente duas mil substâncias ativas. “No entanto, bastam 300 para atender as necessidades prioritárias”. Por isso, diz, a Organização Mundial de Saúde propõe a promoção dos medicamentos essenciais como melhor alternativa sanitária e o uso de genéricos como a melhor alternativa econômica”.
MEDICAMENTOS SÃO USADOS DE FORMA INDEVIDA
Segundo a Organização Mundial de Saúde os gastos com medicamentos representam de 25% a 65% do total aplicado em saúde pelo setor público e privado. Do que cada pessoa gasta com saúde, os medicamentos representam de 60% a 90%. “Esse uso não é racional”, diz Nelly Marin, acrescentando que uma série de implicações decorrem deste fato. Segundo ela, a OMS estima que até 75% dos antibióticos são prescritos inadequadamente e que somente 50% dos pacientes toma os remédios corretamente, o que faz crescer a cada dia a resistência da maioria dos germes causadores de enfermidades infecciosas. Ela diz também que cerca de 50% dos consumidores compra medicamentos para usar só por um dia.