Brasil vive uma “onda jovem”
Cecília Minayo destacou que no Brasil os jovens (de 10 a 24 anos) representam 31% da população, o que significa 51,5 milhões de pessoas. “Estamos vivendo a onda jovem, um momento de rica transformação cultural e fortes pressões sociais, com as quais precisamos lidar”.
Para contextualizar o jovem no mundo atual, Cecília acrescentou que ao mesmo tempo em que se impõe cultural e socialmente, o jovem enfrenta condições desfavoráveis: 49% dos desempregados têm entre 15 e 24 anos; a aids aumentou em 15% na faixa etária de 10 a 24 anos, estando 70% desses casos concentrados nos 17 anos; 700 mil adolescentes de 10 a 19 anos ficam grávidas todos os anos; a violência representa 70% das causas de mortalidade entre os jovens, com 105% de aumento nos últimos em homicídios e 15% em suicídios. A maioria das vítimas de violência (80%) são meninos.
“Este quadro de problemas e mortalidade não se trata com remédio, mas com ações de promoção à vida e com a ampliação da visão de prevenção”, disse Cecília, ressaltando que para o planejamento de programas se deve considerar o que pensa e o que quer o jovem. Em pesquisa recente feita no Rio de Janeiro, ela diz que os jovens estão altamente preocupados com sua formação e educação e que por ordem de importância estão: família, religião, mídia e escola. “Temos que elaborar políticas e caminhar ao lado dos jovens para obter resultados positivos na promoção à sua saúde e o seu bem-estar”.
Dados complementares
– Acidentes ou violência (causas externas) é a primeira causa de morte para crianças e adolescentes de cinco a 19 anos.
– A família é o principal canal para a promoção da saúde. Para o Ministério da Saúde é um grupo de pessoas ligadas por vínculos afetivos, de consagüinidade ou de convivência.
– Objetivo do Programa de Enfrentamento a Violência e Exploração Sexual Comercial Infanto-Juvenil: Reduzir a morbimortalidade de crianças e adolescentes em situação ou risco de violência e exploração sexual.
Gravidez na adolescência
Tipos de Agressões relacionadas na Classificação Internacional de Doenças, a CID-10 versão 1995 e seguida pelo Ministério da Saúde desde 2002
Maus-tratos: violência social contra crianças e adolescentes dentro ou fora do ambiente familiar.
Violência social: é a ação ou omissão de um indivíduo para com outro, entre grupos, classes, nações, que podem ocasionar danos físicos, emocionais, morais e espirituais.
Violência intrafamiliar:
formas agressivas de relacionamento doméstico, por meio de imposição física, psicológica, dominação, utilizadas de maneira errada como métodos educativos e corretivos de comportamento (bater, ferir, violar, menosprezar, negligenciar, abusar).
Violência institucional: formas agressivas de tratamento dados a pessoas que utilizam serviços (principalmente públicos), freqüentemente por profissionais que tratam diretamente com o público (serviços de saúde, escolas, abrigos, internatos, outros).
Negligência: omissão, não prover as necessidades básicas para uma pessoa se desenvolver física e emocionalmente (frio, fome, higiene, estudo)
Abandono: forma extrema de negligência – desprezo, desamparo.
Abuso físico: violência com uso de força física, intencional, com o objetivo de ferir, lesar ou destruir a pessoa. Não acidental. Geralmente praticada por pais, familiares, responsáveis e pessoas próximas à criança e adolescente. Deixa marcas no corpo.
Síndrome do bebê sacudido: maus-tratos físicos, provocado por adulto, que agira com brutalidade o bebê, em geral pela irritação por causa do choro ou desagrado por outro motivo. Pode ter como resultado lesões cerebrais irreversíveis.
Síndrome da criança espancada: sofrimentos infligidos, apresentados por fraturas ósseas, hematomas, lesões cerebrais, queimaduras e repetitivos.
Abuso sexual: ato ou jogo sexual de pessoa com desenvolvimento mais adiantado que a criança ou o adolescente. Prática erótica e sexual imposta à criança ou ao adolescente para obtenção de satisfação pessoal, que pode ser expresso por diversas formas.
Abuso psicológico: toda forma de rejeição, depreciação, discriminação, desrespeito, cobranças exageradas, punições humilhantes e utilização da criança ou do adolescente para atender às necessidades psíquicas do adulto.
Síndrome de Munchausen por procuração: quando a criança é trazida para cuidados médicos, mas os sintomas e/ou sinais são inventados ou provocados pelos pais ou responsáveis.
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