Plano Emergencial para controle da Aids no interior

Um Plano Emergencial, produzido nos últimos 30 dias pela Secretaria de Estado da saúde (Susam), por meio da Coordenação Estadual de DST/Aids, foi encaminhado para o Ministério da Saúde, que deverá analisá-lo e aprová-lo dentro dos próximos dias. O Plano vai exigir recursos da ordem de R$ 2 milhões que serão aplicados em equipamentos, materiais e capacitação de recursos humanos.

O serviço será implantado nas unidades de saúde dos municípios de Tabatinga, São Gabriel da Cachoeira, Tefé, Manacapuru, Humaitá, Presidente Figueiredo, Itacoatiara e Parintins e será intensificado em Manaus. As unidades do interior irão oferecer, pela primeira vez, a partir do ano que vem, testes gratuitos para o vírus HIV e farão o atendimento de baixa complexidade aos portadores da Aids, que atualmente precisam se deslocar até a capital. Além disso, as unidades farão o atendimento aos portadores de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) e ações de aconselhamento com o objetivo de sensibilizar a população para hábitos preventivos.

A coordenadora estadual de DST/Aids, Leila Cristina Ferreira, diz que a meta da Susam é também, através do Plano, intensificar a vigilância epidemiológica, por meio da supervisão, notificação e acompanhamento dos casos. “Os municípios estratégicos foram definidos com base na localização geográfica para que atendam as populações residentes em cada pólo e em municípios e comunidades próximas”. Além disso, as populações vulneráveis que atuam no Estado serão alvo das ações de controle e prevenção. “Iremos trabalhar junto aos marítimos e junto às trabalhadoras do sexo, reforçando os conceitos de proteção e evitando que sejam fluxos de difusão da Aids”, explica Leila.

A coordenadora ressalta que atualmente somente os municípios de Tefé, Tabatinga e Parintins fazem o atendimento inicial aos suspeitos com HIV, sendo que somente o Hospital de Guarnição de Tabatinga realiza gratuitamente os testes para detecção do vírus.

A secretária de Estado da Saúde, Leny Passos, diz que a Susam também irá, a partir da implantação do Plano Emergencial, dar apoio ao Fórum da Organização da Sociedade Civil (OSC) que congrega sete organizações não governamentais que trabalham em favor da prevenção às DSTs e Aids no Estado.

Quase 200 casos foram notificados no interior do Amazonas

Até o momento, 37 municípios do interior do Amazonas notificaram casos de Aids. A maior concentração está em Parintins, com 28 casos. Tabatinga registrou 20, Tefé, 17, Itacoatiara, 13, Manacapuru, 12 e Presidente Figueiredo, 10 casos. O total de notificações no Estado é de 1.853 casos, com 39% (728) de óbitos. Cerca de 90% (1.662) dos registros estão concentrados na capital.

Dados da Secretaria Estadual de Saúde mostram que em 2003 foram notificados 94 novos casos da doença. Em 2002, ocorreram 173 casos que, por problemas enfrentados pela antiga coordenação, entraram no sistema de registro somente em 2003. Os anos com o maior número de registros até o momento foram 1999, com 262 casos e 2000, com 261.

Os homens ainda concentram o maior número de casos de Aids, principalmente os que têm entre 25 e 49. Do total de notificações feitas no Estado, 1.357 foram homens e 496, mulheres. Tanto no sexo feminino quanto no masculino, a faixa etária mais atingida é a de 25 a 29 anos.

O Ministério da Saúde estima que existam no Brasil 600 mil portadores do HIV, mas que apenas um terço desse total, ou seja, 200 mil pessoas sabem que possuem o vírus. Segundo dados da Susam, de 70 a 74% dos casos positivos diagnosticados estão na faixa de 20 a 39 anos. A partir de 2000, os casos identificados em Manaus estão em maioria nos heteressexuais. “Em todos os bairros do município há pelo menos um caso com diagnóstico positivo. A aids é uma epidemia de crescimento lento e em expansão”, disse Leila. A relação entre casos e óbitos por Aids segundo a série histórica (04/1996 a 09/2003) é de 39,9%.

Campanha para detectar HIV mobiliza mais de 2 mil pessoas

No último sábado, quando foram oferecidos pelo Estado testes gratuitos de HIV, antecipando as ações do Dia Mundial de Luta Contra a Aids, comemorado ontem, foram atendidas 415 pessoas, com 302 testes para HIV e 217 para detecção de Sífilis. Ao longo do dia, foram distribuídos quase 2 mil preservativos. A realização gratuita do diagnóstico faz parte da campanha nacional “Fique Sabendo”.

A coordenadora Leila Ferreira explica que o objetivo da campanha é também lutar contra o medo e o preconceito. “Estes não podem mais ser motivo para que as pessoas não façam o teste anti-HIV”, ressalta, lembrando que quanto mais precoce o diagnóstico, maior a possibilidade de adaptação ao tratamento, além do controle da doença maior qualidade de vida ao portador.

Evolução da Aids no Amazonas

Ano de Diagnóstico

Casos Óbitos
1986 1 1
1987 4 3
1988 10 10
1989 16 16
1990 23 17
1991 35 25
1992 56 43
1993 59 46
1994 84 57
1995 87 45
1996 114 53
1997 171 57
1998 194 62
1999 262 79
2000 261 62
2001 209 78
2002 173 45
2003 94 29
Total 1.853* 728*
* Até setembro de 2003 – Dados da SUSAM

Casos de Aids por Municípios de Residência, desde 1986

Município Casos
Manaus 1.662
Parintins 28
Tabatinga 20
Tefé 17
Itacoatiara 13
Manacapuru 12
Presidente Figueiredo 10
Iranduba 07
Coari 06
Eirunepé, Manicoré e Maués 05 casos por município
São Gabriel da Cachoeira 04 casos por município
Apuí, Autazes, Barreirinha, Benjamin Constant, Carauari, Novo Airão, Rio Preto da Eva e São Paulo de Olivença 03
casos por município
Boca do Acre, Careiro, Lábrea, Manaquiri e Santo Antônio do Içá 02 casos por município
Atalaia do Norte, Beruri, Boa Vista do Ramos, Careiro da Várzea, Humaitá, Itapiranga, Jutaí, Nova Olinda do Norte, Novo Aripuanã, São Sebastião do Uatumã, Tonantins e Urucará 01 caso por município
Total 1.853*
*Até setembro de 2003
Dados da SUSAM

Casos de Aids no Amazonas, por sexo

Sexo Casos
Masculino 1.357
Feminino 496
AIDS x HIV:

O HIV é o vírus da imunodeficiência humana. A aids é a síndrome provocada pelo vírus. A pessoa pode ter o HIV e não ter aids. A doença pode levar até 10 anos para aparecer. Quando alguém tem aids, o HIV destrói as células de defesa do corpo, o organismo enfraquece e as doenças oportunistas podem se manifestar. A pessoa com HIV mesmo não tendo Aids, pode transmitir o vírus. Por isso é muito importante da camisinha em todas as relações sexuais e o uso de seringas e agulhas descartáveis.