Susam registra queda de 26% de malária em Manaus

Análises comparativas dos casos
de malária registrados em Manaus no mês de
setembro apontam para uma queda de 26% em relação
ao mês de agosto. Até o dia o dia 24 de setembro
foram confirmados 4.204 casos, contra 6.478 registrados
pela Secretaria de Estado da Saúde (Susam) no mês
de agosto. A redução é um dos impactos
da aplicação sistemática de biolarvicida
em lagos, tanques e igarapés que vem sendo feita
pela Susam em parceria com o Exército, com o objetivo
de eliminar os criadouros do mosquito transmissor da doença,
nas principais áreas de risco.
Os novos índices foram anunciados na última
sexta-feira (26/09), pela secretária de Estado da
Saúde, Leny Passos, e pelo Chefe do Estado Maior
do Comando Militar da Amazônia (CMA), General de Brigada
Villas Boas, em entrevista coletiva à imprensa.
Na coletiva, foram divulgados os dados de controle vetorial
das larvas e dos mosquitos adultos, feito no período
de aplicação de biolarvicida nas coleções
hídricas das zonas Leste e Oeste, onde concentram-se
62% do total de casos de malária registrados em 2003
e onde encontra-se o maior número de lagos, igarapés
e tanques de psicultura considerados propícios para
a reprodução do Anopheles darlingi, mosquito
transmissor da malária.
A atividade, iniciada em agosto, foi efetivada com a participação
de 175 militares e 40 técnicos de entomologia da
Susam. Além das duas instituições,
a estratégia de eliminação dos criadouros
de mosquito vem contando com a assessoria técnica
e científica do Instituto Nacional de Pesquisas da
Amazônia (Inpa), com coordenação do
doutor em Entomologia, Wanderli Pedro Tadei.
A ação do biolarvicida gerou a eliminação
de quase 100% das concentrações de larvas
de mosquito nos lagos trabalhados – cerca de 170 –
com redução também no número
de mosquitos adultos. A avaliação, mostra
uma redução do Índice de Mosquitos
por Homem/Hora na região do Puraquequara, de 1.070
(registrada antes da aplicação de biolarvicida)
para apenas 8, em setembro. Na prática, segundo o
pesquisador Tadei, isso significa que a quantidade de vetores
diminuiu drasticamente. Com relação às
larvas, a redução foi de 66% para entre 1%
e 2% de concentração nos locais onde o produto
foi aplicado.
Para a secretária Leny Passos, os números
demonstram a eficácia da estratégia, que vai
continuar a ser utilizada de acordo com a necessidade. “A
vigilância entomológica, para avaliar a quantidade
de mosquitos e larvas, é permanente e sempre que
necessário a aplicação do biolarvicida
será feita”.
Ela destaca que o produto utilizado para eliminar os criadouros
têm procedência nacional e cubana e não
oferece risco a outros animais como peixes, nem ao equilíbrio
do Meio Ambiente em geral. Por meio de convênio de
cooperação técnica e científica
com Cuba, foram adquiridos cerca de 30 mil litros de biolarvicida,
sendo que 3 mil já foram utilizados nesta primeira
etapa.
“Esperamos fechar o ano com um número pelo
menos 50% menor do que a média registrada nos últimos
meses”, disse a secretária. Ela adiantou que
a parceria com o Exército continua. “Estamos
definindo novas estratégias para o trabalho conjunto
da Secretaria e do CMA no combate às endemias”.

O chefe do Estado Maior do Comando Militar da Amazônia
(CMA), General de Brigada Villas Boas, garantiu que o Exército
está disposto a continuar colaborando com a Susam,
seguindo as diretrizes do lema “Braço Forte,
Mão Amiga”, onde estão incluídas
ações de responsabilidade social.
Demonstração – Além dos resultados
alcançados no combate à malária, soldados
do Exército e técnicos da Susam colocaram
em exposição no CMA parte dos equipamentos
utilizados no processo de aplicação do biolarvicida
nas coleções de águas, a exemplo de
microscópios bacteriológicos e entomológicos,
máquinas atomizadoras (para aplicação
do biolarvicida) e bombas aspersoras (para realização
da termonebulização, também conhecida
como fumacê). O Exército e a Susam também
estarão expondo amostras de larvas dos mosquitos
e gaiolas com o Anopheles darlingi e o Aedes egypt (transmissor
da dengue).
A diretora de Vigilância em Saúde, Rosemary
Costa Pinto explica que o controle da malária em
Manaus está sendo feito a partir de cinco ações
principais, que incluem o controle do mosquito adulto, com
borrifações; o controle do doente, com o oferecimento
de diagnóstico e tratamento; e controle das larvas,
iniciado agora. “Além disso, trabalhamos com
educação em saúde, em parceria com
as secretarias de educação municipal e estadual”.