Banco de Olhos do Amazonas completa 20 anos de atuação, beneficiando mais de 2,9 mil pessoas no Estado

O trabalho é desenvolvido por equipes capacitadas para realizar o processamento da córnea, da doação ao envio para o transplante

Foto: Arquivo Secom

“Não achava que seria tão rápido. Em 10 dias foi feita a coleta, os testes e a cirurgia. Foi maravilhoso para mim, foi realmente excelente”. O depoimento é do programador de redes de computadores, Daniel Nunes, um dos 2.910 beneficiados com transplante córnea, captada pelo Banco de Olhos do Amazonas, que é vinculado à Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM).

A secretária da SES-AM, Nayara Maksoud, explica que o Banco de Olhos do Amazonas, que celebrou 20 anos de existência no dia 7 de maio, tem equipes capacitadas para realizar o processamento da córnea, da doação ao envio para o transplante. “A agilidade e a excelência no atendimento se refletem no fato de o Amazonas, hoje, ter a menor fila de espera por córneas no Brasil, de acordo com o Sistema Nacional de Transplante (SNT)”, afirma.

“Os profissionais do nosso Banco de Olhos atuam tanto na sensibilização dos familiares dos doadores, quanto na captação, armazenamento e distribuição das córneas. O objetivo é possibilitar aos pacientes do Amazonas a realização do transplante, dentro do próprio Estado”, pontuou a secretária, destacando que as córneas doadas são avaliadas, processadas e preservadas e que, para isso, são utilizados materiais de alta qualidade.

O Banco de Olhos do Amazonas funciona 24 horas, em duas unidades: na Fundação Hospital Adriano Jorge (FHAJ), onde está instalado o laboratório de conservação e avaliação das condições das córneas doadas, e no Instituto Médico Legal (IML), onde funciona um núcleo de captação de doadores.

Procedimento

De acordo com a coordenadora do Banco de Olhos, a médica oftalmologista Cristina Garrido, 30% das causas que levam aos transplantes de córnea no Estado são devido à ceratopatia bolhosa, que acontece quando há a presença de bolhas na córnea, causando desconforto, visão embaçada e sensibilidade à luz.

Garrido ressalta que as córneas de pessoas falecidas são captadas em tempo hábil, para que sejam transplantadas em pacientes cegos ou com deficiências visuais graves. Até seis horas após o falecimento, a equipe do Banco de Olhos pode remover as córneas, se a família concordar com o procedimento.

“Quando morremos, nossos olhos continuam vivos por, no mínimo, seis horas, sendo essa a grande missão da equipe multidisciplinar do Banco de Olhos do Amazonas: chegar em tempo hábil para conscientizar os familiares que perderam seu ente querido sobre a possibilidade da doação e, após autorização, proceder a captação dos tecidos oculares”, pontua a coordenadora, garantido que a retirada dos tecidos oculares não muda a aparência do doador, preservando intacta a sua fisionomia.

A médica esclarece que depois de retirada do doador, a córnea precisa ser utilizada no procedimento cirúrgico em até 14 dias. Entretanto, diz ela, nem todo material doado está em condições adequadas para ser transplantando. Para garantir essa qualidade, o material é avaliado por meio de equipamentos e procedimentos seguros, que seguem as normas nacionais e internacionais de qualidade dos órgãos reguladores.

A partir dos dois anos de idade todas as pessoas podem ser doadoras de tecidos oculares humanos, sem limite máximo de idade. “Qualquer pessoa pode manifestar, em vida, a sua vontade de doar, porém, quem decidirá conclusivamente pela doação é a família. Após a decisão, os familiares assinam o documento de autorização, com o qual todos ficam plenamente respaldados. Por isso, é importante informar a família sobre o desejo de ser um doador”, adverte a médica.

Beneficiado

Em 2019, Daniel Nunes notou uma pequena mancha no olho, que começou a aumentar rapidamente e, após três dias, já estava bem grande e a visão nula. “O diagnóstico foi uma úlcera de córnea e foi verificado que já havia três perfurações mediante uma bactéria que começou a proliferar”, conta Daniel.

Feliz com o resultado do transplante, o programador garante que enxerga melhor com o olho transplantado e faz um apelo para que mais pessoas sejam doadoras. “Hoje, eu só enxergo porque alguém se dignou em doar uma córnea para que eu pudesse ser transplantado. Então, se não fosse isso, hoje eu seria mais um na estatística de pessoas que ficaram cegas. Quem puder, pense, repense e faça essa doação”, apela Daniel.

Banco de Olhos do Amazonas

O Banco de Olhos do Amazonas foi criado em 2004, com a missão de devolver a visão às pessoas que não podiam enxergar. Até março de 2024, as equipes do Banco de Olhos do Amazonas já realizaram cerca de 4.535 mil captações de materiais, contabilizando um total de 2.910 córneas transplantadas.