Em Manaus, usuários do PAID aprendem técnica de irrigação intestinal

Pioneiro na prestação de serviços aos estomizados, o Programa de Assistência Integral ao Deficiente (PAID), da Policlínica Codajás, também será o primeiro a aplicar a técnica de irrigação intestinal em pacientes colostomizados em Manaus. A ação faz parte do cronograma de atividades práticas da primeira turma do curso de pós-graduação em Estomaterapia da região Norte, do qual o Programa é parceiro, como campo de estágio.
 
Durante três dias, três usuários colostomizados definitivos, atendidos pelo PAID, participam da atividade prática de irrigação intestinal, além de trocar experiências com os acadêmicos do curso. “Essa técnica é uma espécie de limpeza mecânica do intestino, por meio da utilização de um kit de irrigação e água natural”, disse uma das coordenadoras do curso de especialização, Beatriz Yamada, doutora em enfermagem e pós-graduada em estomaterapia pela Universidade de São Paulo (USP).
 
“Segundo Yamada, a água morna, colocada em uma bolsa específica do kit, deve ser infundida nos primeiros cinco a dez minutos, para começar a técnica de limpeza do intestino, até que as fezes sejam expelidas, por conta da pressão exercida pelo líquido. O procedimento dura, em média, 60 minutos e, no início, deve ser feito todos os dias. É claro que, uma vez que o usuário aprende a manusear melhor o kit e dependendo das condições do organismo dele, esse tempo pode cair para 45 a 50 minutos”.
 
Benefícios
 
O uso da técnica de irrigação intestinal contribui para a diminuição das fezes e dos gases no intestino. “Com esse tipo de procedimento o usuário fica livre: tem vida social mais ativa, melhora sua vida sexual, resgata independência, autonomia e ganha, portanto, mais qualidade de vida”, afirmou. “É um procedimento que exige certo tempo e cuidado, mas que significa 23 horas de liberdade”, ressaltou a coordenadora.
 
Com a irrigação, o usuário deixa de usar a bolsa de colostomia e passa a fazer uso somente de outro dispositivo para não expor a estomia. “Pode ser um tampão, uma gaze ou outro instrumento que ajude a manter a higiene no local. O nosso objetivo é devolver ao paciente a capacidade de automonia”, informou outra coordenadora do curso, Selma Perdomo, mestre em Patologia Tropical, pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e pós-graduada em Estomaterapia pela USP – uma das quatro profissionais amazonenses especializadas em Estomaterapia.
 
Atividade Prática
 
Nestes quatro dias de atividade prática (28 à 31 de julho), a ação ocorre em três etapas. “A primeira é quando o acadêmico observa a aplicação da técnica e aprende a fazer a irrigação intestinal; em seguida, ele troca experiências com o paciente, repassando esse conhecimento; por fim, no último dia, o objetivo é verificar se o próprio usuário consegue fazer o procedimento”, explicou Selma.
 
A expectativa da coordenação é que o PAID seja um polo de dispensação, para que haja continuidade de assistência com esse tipo de procedimento. A dificuldade na aplicação da técnica pode ser superada em breve. “Além do desconhecimento desse procedimento, por parte da população, esse tipo de irrigação não pode ser feita sem o acompanhamento de enfermeiros especialistas. Agora Manaus vai ter profissionais preparados para trabalhar com esse tipo de demanda”, disse Yamada.
 
Para a gerente do PAID, Josenira Almeida, as intervenções científicas no Programa só vão contribuir para a melhoria dos serviços. “Com base nos trabalhos podemos melhorar a assistência ao usuário, proporcionando mais qualidade de vida a ele e sua família, além de contribuir para a ressocialização e auto-estima desse paciente”, comentou.