Intensificação do controle da malária visa 40% de redução até setembro

Depois de vencer a luta contra a dengue, a Prefeitura de Manaus e o Governo do Estado voltam a unir forças, agora com foco na malária. Nesta segunda-feira (25), a Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), em parceria com a Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), lançou o plano de ação para 2009 da “Operação de Combate à Malária em Manaus”.

O lançamento foi no Parque do Mindu, com a apresentação detalhada do Plano de Intensificação das Ações de Prevenção e Controle da doença. Já a partir desta terça-feira (26), agentes de endemia estarão na comunidade Nossa Senhora de Fátima, na região do rio Tarumã, uma das áreas de maior risco de transmissão da doença em Manaus.

Este ano, o combate à malária na capital terá duas novidades: a distribuição de mosquiteiros impregnados com inseticida e de telas de proteção, para serem usados nas janelas de 10 mil residências localizadas nas áreas de risco, além da participação da operadora de telefonia celular Vivo. A partir desta segunda-feira, a Vivo começou a enviar 200 mil torpedos para seus clientes no Amazonas, com mensagem de prevenção à malária.

De acordo com os secretários estadual e municipal de Saúde, Agnaldo Costa e Francisco Deodato, respectivamente, a operação, que deverá se estender até 30 de setembro deste ano, tem como meta reduzir em 40% o número de casos da doença, em relação ao ano passado, somente em Manaus. De janeiro a abril de 2009, foram registrados 3.233 casos de malária na capital. No mesmo período, em 2008, foram 7.160 casos, redução de 54,8%. Mas a doença costuma avançar a partir do mês de junho, com o fim do período de chuva, o que deixa as autoridades de saúde em alerta.

A intensificação do combate à doença nos próximos meses, leva em consideração a sazonalidade da malária, que tende a aumentar com o fim do período chuvoso. O elevado índice pluviométrico do período analisado (janeiro a maio) e a consequente diminuição das chuvas a partir de agora contribuem para a formação de charcos, lagos e remansos nas proximidades das localidades com alto risco de transmissão de malária, que servem de criadouros para o mosquito transmissor. “Esses fatores são altamente propícios a surtos epidêmicos, principalmente nas áreas rurais dos municípios, por isso, precisamos redobrar a atenção nos próximos meses”, destaca o secretário municipal de Saúde, Francisco Deodato.

Municipalização da vigilância – Ele explica que o monitoramento e controle da malária na capital passou a ser realizado pela Semsa desde janeiro, quando a Prefeitura recebeu a certificação do Ministério da Saúde (MS) para as ações de vigilância. “Os agentes de endemias vêm atuando sistematicamente nas áreas de risco, com campanhas educativas e o combate ao transmissor. Com a operação, as atividades serão intensificadas, principalmente por conta das parcerias que estão sendo construídas”, afirmou. O Plano de Intensificação das Ações de Prevenção e Controle de Malária em Manaus contempla a Política Traçada no Plano Plurianual de Ações de Prevenção e Controle da Malária do Governo do Estado, desenvolvido pela FVS, unidade responsável pelo controle das endemias no âmbito estadual.

Na avaliação do secretário de Estado da Saúde, Agnaldo Costa, o Plano Plurianual de Controle da Malária vem obtendo resultados consideráveis. “Este ano tivemos redução de 43,5% dos casos nos primeiros dois meses, em comparação ao mesmo período do ano passado”, compara. Entre janeiro e fevereiro de 2008, foram registrados 19.387 casos e, no mesmo período deste ano, foram 10.957. Lançado pelo Governo do Estado em 2007, o Plano Estadual tem como meta reduzir a doença em 70% até 2010, tendo com base o ano de 2006, quando foram registrados 200 mil casos de malária em todo o estado. As ações são direcionadas para a capital e outros 40 municípios, que juntos respondem por 94% do total de casos da doença registrados no Amazonas.

União de forças – O plano desenvolvido pela Semsa para a capital propõe a união de forças e o aumento das parcerias através de políticas interinstitucionais e inter-setoriais. Além das secretarias de Saúde do Município (Semsa) e Estado (Susam), a operação envolve as secretarias municipais de Meio Ambiente (Sema), de Obras (Semosbh), de Limpeza e Serviços Públicos (Semulsp), de Educação (Semed) e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

O foco da operação serão as principais áreas de risco, localizadas nas zonas Leste e Oeste de Manaus, que juntas contribuem com 50% dos casos da doença na cidade. Em levantamento realizado pela Diretoria de Epidemiologia e Ambiente (Depam) da Semsa, detectou-se que essas áreas estão localizadas principalmente na região do ramal do Brasileirinho e Puraquequara, zona Leste, e no Tarumã, zona Oeste, incluindo comunidades ribeirinhas. Essas áreas têm em comum o fato de terem obtido redução inferior a 40% nos casos este ano, em relação ao mesmo período do ano passado; possuírem Índice Parasitário Anual (IPA) superior a 50 por 1000, considerado de alto risco; possuírem notificação de malária superior a 15% por plasmodium falcíparum, o parasita que transmite a forma mais perigosa da doença; possuírem notificação de óbitos pela malária e contarem com a presença de criadouros artificiais (barragens e tanques de piscicultura).

O maior índice de infecção foi detectado no Ramal do Brasileirinho, onde somente de 1º a 30 de abril deste ano foram registrados 60 casos de malária e IPA de 99,3/1000. Na comunidade Nossa Senhora de Fátima, foram 58 casos e IPA de 81,3/1000; na estrada da Vivenda Verde, 41 casos e IPA de 85,6/1000. Na estrada do Puraquequara e Lago do Puraquequara foram 36 e 28 casos, respectivamente.

A Operação – A operação vai envolver cerca de 2.500 agentes comunitários de saúde (ACS) e de endemias, além de todas as 183 equipes da Estratégia Saúde da Família. Será montada uma frente de trabalho com atividades de impacto na interrupção da transmissão da doença. São elas: esgotamento de fontes de infecção num período curto de tempo nas áreas de alto risco; estabelecimento de um fluxo de envio de lâminas para uma rede de diagnóstico, para agilizar o resultado dos exames e uma logística para a chegada rápida do medicamento em caso positivo; campanhas educativas em escolas, comunidades, áreas de balneários e retiros religiosos, além de campanha na mídia; notificação recomendatória de empreendimentos e comunitários sobre atividades que amplificam a transmissão da doença, a exemplo dos tanques de piscicultura e balneários.

Ao mesmo tempo, a atividade de controle vetorial será intensa nas principais áreas de risco, com borrifação intradomiciliar, termonebulização, aplicação de biolarvicida, coleta entomológica e manejo ambiental, que consiste na correção de cursos d’água, eliminação de lagos e charcos, limpeza de margens de igarapés e lagos e eliminação de vegetação flutuante emergente, onde o mosquito costuma se desenvolver, além da melhoria na qualidade do diagnóstico.

O diretor-presidente da Fundação de Vigilância em Saúde, Evandro Melo, defende que o risco de contaminação da doença não é só para as pessoas que moram nas áreas de risco. “Nessas áreas é onde estão localizados os principais balneários da cidade. Nos fins de semana cerca de 200 mil pessoas buscam lazer nesses locais e correrão risco de adoecer”, destacou Melo. Segundo ele, tão importante quanto combater o mosquito Anophelino, são as ações para diagnóstico rápido e controle da doença.

O secretário municipal de Saúde, Franscisco Deodato, destaca que o diagnóstico pode ser feito em qualquer Unidade Básica de Saúde, do município. É preciso ficar atento porque no começo os sintomas da malária são iguais aos de outras doenças – febre, dor de cabeça e náuseas- depois é que começam as febres altas com calafrio. Por isso, para toda pessoa que procurar ma Unidade Básica de Saúde com sintoma de febre, o procedimento é colher a lâmina para o exame da malária”, observa o secretário, que acaba de fechar uma parceria inédita com a Vivo, onde a operadora está enviando mensagens aos seus usuários, orientando que ao sentir febre, o correto é procurar a Unidade Básica de Saúde mais próxima de casa.

Vivo incentiva combate à malária,
por meio de campanha de SMS

A Vivo inicia esta semana uma campanha inédita com a Prefeitura de Manaus, para sensibilizar a população no combate à malária. Serão enviadas cerca de 200 mil mensagens para clientes pré e pós-pagos da empresa no Amazonas. A iniciativa tem como objetivo reforçar o combate à malária, a partir da divulgação da mensagem “Teve febre? Pode ser malária. Procure uma Unidade Básica de Saúde próxima da sua casa! Prefeitura de Manaus e Vivo juntas contra a malária”.

Na manhã desta segunda-feira (25), durante o lançamento da Operação de Combate à Malária, o gerente regional da Vivo, Vinicius Galo, fez uma demonstração enviando mensagens para um grupo de jornalistas. A iniciativa faz parte da Rede Vivo de Inclusão Social do Instituto Vivo, por meio do programa SMS Social, que tem como objetivo apoiar órgãos e instituições em campanhas de utilidade pública por meio do envio de torpedos SMS com informações úteis para os clientes da Vivo. Mais de 60 milhões de torpedos já foram disparados com alertas sobre combate à dengue, vacinação contra rubéola, hanseníase, incentivo à doação de sangue e de água e alimentos para os desabrigados pelas enchentes em vários estados do País.

“A Vivo acredita no poder de mobilização de pessoas por meio de mensagens de SMS e essa é uma forma de colocar os nossos serviços em prol da comunidade, contribuindo para uma vida melhor”, reforça o gerente regional da Vivo, Vinicius Galo.

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Reportagem – Roseane Mota

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