Rede integrada é exemplo para o Haiti
A experiencia do Amazonas no atendimento às mulheres e adolescentes vítimas de violência doméstica e sexual está sendo utilizada como referência para o Governo do Haiti. Uma missão técnica, formada por duas profissionais haitianas está em Manaus, onde permanecerá por dois dias, conhecendo os projetos e serviços de acolhimento, encaminhamento, tratamento e apoio às mulheres em situação de violência, oferecidos no Estado.
As técnicas que representam o Governo do Hait – a médica legista Marjorie Joseph e a advogada Carlin Colin Pierre – estão acompanhadas por representantes do Ministério da Saúde, Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, Ministério das Relações Exteriores e Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA).
A recepção do grupo foi feita na manhã desta quarta-feira pela Secretaria de Estado da Saúde (Susam), no auditório do Centro Integrado de Convivência do Idoso, no centro de Manaus. Também participam do apoio e acompanhamento à equipe a Secretaria de Estado da Assistência Social (Seas) e a Secretaria Municipal de Saúde (Semsa). A vinda da comitiva haitiana se deve ao acordo de cooperação técnica internacional firmada entre o Governo brasileiro e o Governo do Haiti para troca de experiências, conhecimento e tecnologia na área de saúde pública.
“O Amazonas foi escolhido como referência nacional para o Haiti em função da excelência profissional e dos serviços oferecidos às mulheres. A rede de atenção funciona de integrada entre a saúde, a assistência social e a segurança. Além disso, as esferas estadual e municipal atuam de forma articulada”, explicou a assessora técnica da Área de Saúde da Mulher do Ministério da Saúde, Cláudia Araújo. Ela disse que outros profissionais da mesma comitiva estão no Rio de Janeiro, onde a busca de informações será focada nas delegacias especializadas no atendimento à mulher.
A primeira atividade do grupo foi conhecer no plano teórico as estratégias de nível federal, estadual e municipal, para atenção integral de mulheres e adolescentes submetidas à violência doméstica e sexual. Em seguida, o grupo deu início à visita aos sete serviços de referência implantados na capital, incluindo os serviços de atenção implantados no Hospital Universitário Francisca Mendes (Savas), o da Maternidade Municipal Moura Tapajós (Savis) e a Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente.
Além dos serviços de assistência, o Amazonas está apresentando à comitiva haitiana o modelo de monitoramento contínuo dos casos de violência e acidentes nas unidades do Sistema Único de Saúde (SUS). O monitoramente é feito por meio de uma ficha de notificação, preenchida pelo profissional de saúde responsável pelo atendimento à vítima, e está inserido no programa de Vigilâncias e Acidentes (VIVA), do Ministério da Saúde.
O secretário estadual de Saúde, Agnaldo Costa, informou que o sistema funciona plenamente na capital e está em fase de implementação nos municípios do interior, onde já foram realizadas as capacitações técnicas necessárias. Apenas em 2008, o sistema registrou 828 casos de violência, sendo 660 em mulheres. Do total de casos, 501 foram casos de violência sexual.
O secretário informou, ainda, que em parceria com o Ministério da Saúde, o Estado está ampliando para o interior do Estado a Rede de Proteção à Violência Doméstica e Sexual, o que vai garantir a integração de informações e padronização do atendimento a partir de dez municípios pólo: Manaus, Coari, Tabatinga, Parintins, Iranduba, Manacapuru, Itacoatiara, São Gabriel da Cachoeira, Tefé e Humaitá. “O objetivo é que, ao chegar a qualquer unidade de saúde da capital e do interior, a mulher receba a abordagem correta e o profissional que a recebeu seja capaz de identificar se ela é uma vítima de violência e possa fazer o encaminhamento correto do caso”.
Para Marjorie Joseph o Governo do Haiti tem a levar do Brasil principalmente a experiencia na criação de redes integradas para apoio a mulheres e adolescentes vítimas da violência. Segundo ela, o Haiti não faz acompanhamento dos dados referentes a esses casos, mas reconhece que a violência contra as mulheres é grave. “Com a guerra e o agravamento da situação social e econômica, a violência se agravou”, disse. Segundo Marjorie, o governo haitiano pretende construir uma rede eficaz para oferecer serviços multidisciplinares e integrados às mulheres vitimadas.
Serviços de referência no Amazonas
Serviço de Atendimento às Vítimas de Abuso Sexual – SAVAS (Hospital Universitário Francisca Mendes)
Serviço de Atenção às Vítimas de Violência Sexual – SAVVIS (Maternidade Moura Tapajós);
Serviço de Atenção à Violência Doméstica e Sexual (Policlínica Comte Telles)
Serviço de Apoio Emergencial à Mulher (SAPEM)
Centro de Referência e Apoio à Mulher (CREAM)
Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente
Casa Abrigo Antônio Nascimento Priante.
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