Manaus participa de inquérito sobre hepatites
A Fundação de Vigilância em Saúde está coletando amostras de sangue da população de Manaus para avaliar a prevalência das hepatites A, B e C . O estudo está sendo feito sob a orientação do Ministério da Saúde, que prepara o Inquérito Nacional de Hepatites Virais A, B e C, baseado em dados levantados nas 27 capitais brasileiras. O objetivo é traçar o mapa de prevalência das hepatites no Brasil e avaliar fatores sócio-econômicos e de comportamento relacionados à ocorrência da doença.
Em Manaus, as entrevistas domiciliares e a coleta de amostras de sangue começaram no último dia 13 e serão realizadas durante três meses. Neste período devem ser visitados 1 mil domicílios, onde serão coletadas 1,9 mil amostras para análise no Laboratório Central de Saúde Pública do Amazonas (Lacen) e posterior envio ao Ministério da Saúde. Serão pesquisadas crianças a partir de cinco anos e adultos até 69 anos. No estudo serão contemplados, por amostragem, bairros de todas as regiões geográficas da capital.
De acordo com a coordenadora local do inquérito, Ana Ruth Araújo, o estudo permitirá aproximar as estimativas existentes no país da realidade. Segundo ela, com base nos dados, também será possível a aplicação de estratégias e políticas de saúde relacionadas à prevenção da doença e assistência aos portadores dos vírus da hepatite, considerando as especificidades de cada região ou estado.
O sangue coletado para o inquérito será submetido inicialmente aos testes anti-HAV total, (Hepatite A), anti-HBc total (Hepatite B) e anti-HCV (Hepatite C). As amostras positivas para o teste de Hepatite B ainda poderão ser submetidas a dois outros testes – anti-HBs e HBs-Ag – que mostram se o paciente está curado ou não, e se necessita ser submetido a tratamento ou vacinação. No caso da Hepatite C, se o primeiro resultado for positivo, será coletada uma nova amostra para o exame confirmatório. “Todos que participarem do estudo terão assistência, se houver indicação”, explica a coordenadora.
O Lacen fará os testes a cada 100 amostras coletadas. Os domicílios visitados foram sorteados pela coordenação central do inquérito, com base em critérios científicos. “Não podemos substituir uma casa por outra, por isso é muito importante que as famílias recebam os agentes e aceitem participar do estudo”, orienta Ana Ruth. Ela informa que os técnicos utilizam uniforme e crachá da FVS e credencial do inquérito, com a logomarca do Ministério da Saúde.
As hepatites são consideradas doenças silenciosas em função da ausência de sintomas durante longo período. No entanto, em estágio avançado, os tipos B e C podem evoluir para fibrose, cirrose e, por fim, câncer de fígado. No Amazonas, área endêmica, a Secretaria de Estado da Saúde estima, com base em estudos pontuais, que a prevalência do vírus B entre a população é de 8% e a do vírus C, 2%.
De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil é o quarto país do mundo a realizar pesquisa de soroprevalência de base populacional com esta amplitude. França, Canadá e Estados Unidos são os que já realizaram este tipo de estudo. Os dados nacionais serão comparados com os da Organização Mundial de Saúde (OMS), para que os especialistas identifiquem diferenças nas formas de transmissão e nos fatores de risco entre diversas regiões do Brasil.
O inquérito nacional teve início em 2004 e será finalizado em julho do próximo ano. Nas regiões Sul, Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste o trabalho foi concluído. Na região Norte, todas as capitais estão na fase de coleta de dados e amostras.
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