Africanos conhecem programa de malária

O programa de controle da malária adotado pelo Amazonas está sendo apresentado a profissionais de saúde ligados aos programas nacionais de endemias da República Democrática do Congo e de Camarões. A equipe africana, composta por seis representantes dos dois países está em Manaus desde ontem (10) para uma visita técnica de dois dias. O objetivo da visita é conhecer as ações de controle da doença desenvolvidas pelo Brasil e, particularmente pelo estado, e estudar a possibilidade de adaptar medidas bem sucedidas à realidade do continente africano, onde ocorrem cerca de 90% dos casos da doença registrados no mundo.

A equipe será acompanhada por técnicos da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), órgão estadual responsável pelo controle de endemias. Na agenda de trabalho está a apresentação dos diversos aspectos envolvidos nas ações de combate à malária, incluindo o acesso da população aos serviços de diagnóstico e tratamento, controle vetorial e educação em saúde.

Além disso, será apresentado aos profissionais o trabalho de campo realizado pelos agentes de endemias, com uma visita, nesta sexta-feira, ao Distrito do Alvorada, na zona Oeste, e, ainda, à Fundação de Medicina Tropical, unidade de referência na atenção ao paciente com malária, desenvolvimento de pesquisas e formação de recursos humanos.

A África é o continente de maior foco de transmissão de malária do planeta, especialmente a área subsaariana, onde ocorrem cerca de 90% dos casos registrados no mundo. O continente também lidera o número de mortes causadas pela doença. Segundo a ONU, todos os anos mais de 1 milhão de pessoas morrem de malária, a maioria delas na África subsaariana, onde morre uma criança com menos de 5 anos a cada 30 segundos.

O secretário estadual de Saúde, Agnaldo Costa, considera o Amazonas um estado modelo para o controle da malária no Brasil em função do nível de organização do programa desenvolvido na capital e no interior e devido aos resultados obtidos com medidas de impacto, desencadeadas especialmente a partir do segundo semestre do ano passado. “O Amazonas programou uma redução de 70% nos casos de malária entre 2007 e 2010 e estamos cumprindo as metas”, garante. Ele também destaca que o número de internações e mortes por malária no Estado é o menor do país, cuja concentração de quase 100% dos casos está na Amazônia Legal.

Dados da FVS mostram que em 2008 os casos de malária no Estado caíram 38% em relação ao ano passado. Na capital, a redução foi maior, 48%. Para o diretor presidente da Fundação, Evandro Melo, entre os pontos positivos do programa no Estado está o uso contínuo das ações tradicionais de controle, aliado ao desenvolvimento de planos municipais adequados à realidade de cada município e à descentralização das ações, beneficiando principalmente os 41 municípios que juntos respondem por 95% do total de casos registrados no Amazonas. “Fazemos avaliações mensais e trimestrais de resultados”, disse.

Durante apresentação das ações desenvolvidas pela FVS, na manhã de ontem, Evandro Melo também destacou a interação institucional e intersetorial nas esferas municipais, estadual e federal. “Hoje, no Estado, nenhum empreendimento tem início sem a análise do potencial malarígeno, por exemplo”.

Ele também citou a ampliação dos postos de atendimento que permitiram maior rapidez no diagnóstico e tratamento, a mobilização social e o esclarecimento da população para medidas de controle. Evandro disse que a política de controle da malária está inserida no plano de desenvolvimento do Amazonas “Trabalhamos o fato de que precisamos conviver com o mosquito sem ter malária”.

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