Operação de impacto visa reduzir malária

O Governo do Amazonas pretende reduzir os casos de malária em mais de 70% até 2010. Ações desenvolvidas tradicionalmente serão intensificadas e novas ferramentas, incluindo a distribuição de mosquiteiros impregnados com inseticida, o uso de um novo produto para borrifar as casas e a assessoria de técnicos cubanos para acompanhamento dos trabalhos no interior do Estado, serão implantadas, visando diminuir o risco de transmissão nos 62 municípios do Estado.

O conjunto de estratégias para combater a doença, chamado Operação Impacto para Controle da Malária, foi lançado nesta quarta-feira (7) pelo governador Eduardo Braga. “Combater a mlária é prioridade no nosso governo e em 2010 esperamos estar com a doença totalmente controlada”. Até lá, em parceria com o Ministério da Saúde, o Governo do Estado irá investir R$ 276 milhões. Ainda em 2007, serão investidos R$ 62 milhões.

O diretor presidente da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM), Evandro Melo, disse que as ações irão atingir principalmente os 40 municípios com maior incidência da malária e que juntos respondem por 94% do total de casos registrados no Amazonas.

Neste grupo estão incluídos aqueles com maior número de casos do tipo falciparum (que determina formas mais graves da doença), os que registram altos índices de malária na área urbana, em assentamentos e em áreas indígenas e, ainda, os que estão localizados na área do gasoduto Coari-Manaus.

A operação prevê a redução gradativa do número de casos que, em 2007, deve chegar a 216 mil em todo o Estado, segundo estimativas da FVS. A meta é que em 2008, sejam registrados até 140 mil casos e em 2009, até 84 mil. Em 2010, a malária deve cair para até 58 mil casos.

Para o secretário estadual de Saúde, Wilson Alecrim, a operação foi elaborada de forma correta e trata-se de decisão política. “Por isso vai dar certo”, garantiu.
O secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Gerson Pena, reforçou que a malária é um problema que vai além do setor saúde e que é necessária a articulação dos diversos setores.

Estratégias são inéditas no País

Para alcançar as metas, o governo vai introduzir novas estratégias de impacto, inéditas no Brasil. Uma delas é a distribuição de 300 mil mosquiteiros impregnados com inseticida, para proteção individual dos que moram em áreas de alto risco. O mosquiteiro já é utilizado em regiões da África com alta incidência de malária e tem a vantagem de durar até cinco anos, resistir a lavagens, ser eficaz na eliminação dos mosquitos e não apresentar riscos à saúde humana.

Um novo produto para borrifação intradomiciliar também será adotado. De fabricação francesa, o inseticida tem a vantagem de oferecer melhores resultados e reduzir riscos de alergias quando aplicado nas paredes internas das casas, local de pouso dos mosquitos transmissores. A meta é proteger 195 mil casas por ano, com aplicações semestrais.

A rede de diagnóstico e tratamento, que hoje conta com mais de 700 postos, também será ampliada. Na capital e no interior serão instaladas mais 500 unidades, facilitando o acesso da população ao exame da malária. Além desses, toda a rede pública de saúde (municipal e estadual) será preparada para oferecer diagnóstico e tratamento da doença.

Em áreas remotas, o teste será feito pelo método de diagnóstico rápido, que dispensa o uso do microscópio e permite resultado imediato. Cinco pólos descentralizados para apoio técnico e logístico serão implantados em Tabatinga, Lábrea, Eirunepé, Parintins e Tefé.

Para facilitar a locomoção ao longo dos rios, o Governo vai entregar aos agentes de saúde 2.500 motores de popa, além de equipamentos e insumos necessários ao controle e prevenção da malária.

Planos – Em parceria com os municípios e com o apoio de organizações governamentais e não governamentais serão desenvolvidos planos operacionais específicos, que devem agregar o manejo ambiental e campanhas educativas ao conjunto de estratégias gerais.

Em 17 municípios, os igarapés e outras coleções de água localizadas próximas à área urbana, que ofereçam condições para a proliferação do mosquito transmissor, serão limpos e retificados. Moradias precárias, também localizadas no interior do Estado, irão receber condições de proteção como paredes e telas. As Secretarias de Estado da Saúde (Susam) e de Desenvolvimento Sustentável irão atuar de forma articulada.

Para monitorar os trabalhos nos municípios prioritários, o Estado convidou 40 técnicos cubanos, especialistas em prevenção e controle da malária. A base dos técnicos será o interior. Eles farão o monitoramento das ações e a análise dos resultados.

Amazonas concentra 36% da malária

O Amazonas é o primeiro estado em número de casos absolutos de malária no país e o terceiro com maior risco de transmissão, atrás do Acre e de Rondônia. Em 2005 foram registrados 223,8 mil casos da doença em todo o Estado e em 2006, foram 193,5 mil, com uma queda de 36%. No primeiro semestre deste ano foram registrados 89,4 mil casos. No país, 99% da malária está na Amazônia Legal, onde ocorreram 530 mil casos, em 2006.

Mesmo com todos os esforços, a malária mantém-se como a principal endemia no Estado. As causas, de acordo com as autoridades e pesquisadores, são múltiplas, incluindo o deslocamento das populações para áreas próximas da floresta, alterações ambientais, novas estradas e instalação de tanques de piscicultura sem orientação técnica, alterações nos hábitos da população, que reduziu o uso dos tradicionais mosquiteiros e ampliou sua exposição aos mosquitos, mudanças climáticas e adaptação e proliferação do mosquito transmissor (anopheles darlingi), entre outros fatores.

Municípios prioritários para o controle da malária

Alvarães, Anamã, Anori, Apuí, Autazes, Atalaia do Norte, Barcelos, Benjamin Constant, Boca do Acre, Borba, Caapiranga, Canutama, Carauari, Careiro, Coari, Codajás, Guajará, Humaitá, Iranduba, Itacoatiara, Itamarati, Jutaí, Lábrea, Manaus, Mancapuru, Manaquiri, Manicoré, Novo Airão, Novo Aripuanã, Presidente Figueiredo, Rio Preto da Eva, Santo Antônio do Içá, Santa Izabel do Rio Negro, São Gabriel da Cachoeira, São Sebastião do Uatumã, Silves, Tabatinga, Tapauá, Tefé e Uarini.

Os 10 municípios com maior número de casos*
Manaus – 31.834
Coari – 9.839
Careiro – 8.843
Manicoré – 7.035
Manacapuru- 6.576
Tefé – 6.539
Barcelos – 6.018
Borba – 5.475
Autazes – 5.341
São Gabriel da Cachoeira – 5.008
* 2007: até a primeira quinzena de outubro
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