Adolescentes chegam a 15% na Ana Braga
Levantamento feito pela maternidade estadual Ana Braga para avaliar o volume de atendimentos prestados a adolescentes grávidas ou com problemas relacionados ao aborto, mostrou que as jovens representam cerca de 15% do total de mulheres que procuram a maternidade. De janeiro a julho deste ano quase 900 adolescentes tiveram filhos ou foram submetidas à curetagem pós-aborto na unidade.
De acordo com o secretário Wilson Alecrim, o estudo confirma que é alto o número de meninas que buscam assistência nas maternidades públicas e acrescenta informações preocupantes sobre escolaridade e ocupação das jovens atendidas. A grande maioria tem apenas o ensino fundamental incompleto e mesmo as que já atingiram os 18 anos não têm qualquer atividade profissional.
Das 886 jovens que procuraram a maternidade no primeiro semestre deste ano, 723 tinham entre 16 e 18 anos e 194 tinham entre 13 e 15 anos. Outras duas tinham somente 12 anos.
Wilson Alecrim destaca que a gravidez precoce traz prejuízos emocionais, físicos e sociais graves. “O corpo não está preparado para uma gestação. O risco de nascimentos prematuros e de complicações são maiores”. Segundo ele, é comum encontrar nas UTIs neonatais filhos de mães muito jovens, com problemas diversos, incluindo malformações congênitas.
Riscos – Além dos problemas decorrentes da gravidez, as adolescentes também se expõem às doenças sexualmente transmissíveis e a Aids. “Se não adotam medidas para evitar a gravidez, e a mais simples é a camisinha, também não podem evitar doenças”, alerta o secretário.
Outra questão relacionada à gravidez precoce é o aborto, provocado ou espontâneo. No período avaliado pela maternidade Ana Braga, 198 jovens foram submetidas à curetagem, procedimento de limpeza do útero, feito após o aborto.
“Não sabemos quantos foram provocados. Para se proteger, elas dizem que foram espontâneos”, informa o diretor da Ana Braga, médico Agnaldo Costa. É raro o caso de aborto legal. Ele diz ainda que, por medo, as mulheres costumam procurar o serviço de saúde tardiamente. “A maioria chega em situação de emergência”, relata o médico.
O secretário Wilson Alecrim lembra que os abortos podem ter conseqüências mais graves. De acordo com o Ministério da Saúde, são a terceira causa de morte materna no Brasil. As curetagens pós-aborto disputam com o parto cesáreo o segundo lugar na lista de maior número de procedimentos, atrás dos partos normais.
O estudo da Ana Braga indicou que na maternidade a tendência é a mesma. As cesarianas responderam por 223 do total de procedimentos em adolescentes, enquanto as curetagens foram 198. Os partos normais foram 465 no período estudado.
A gerente administrativa da Ana Braga, Adelaide Setúbal, informa que a maternidade realiza, em média, 700 partos por mês e mais 170 curetagens. Até julho, a Ana Braga realizou 1.238 curetagens em mulheres de todas as idades.
Adolescentes atendidas vêm das zonas Leste e Norte
A maioria das adolescentes atendidas no primeiro semestre deste ano na maternidade Ana Braga, informou morar na zona Leste (41%). As outras áreas citadas foram zona Norte (38%), centro-sul e sul (20%), centro-oeste (7%) e zona rural (4%).
Em relação ao nível de escolaridade, o estudo mostrou que 88% das jovens atendidas na maternidade tinham apenas o ensino fundamental incompleto. As que completaram o ensino fundamental representam 11% e as analfabetas, 1%.
Ao serem perguntadas se tinham alguma ocupação, 98% informaram ser estudantes. Dois por cento não informaram o tipo de atividade que exerciam. Sobre a religião, 42% das jovens atendidas afirmaram ser católicas e 37%, evangélicas. Vinte e um por cento não informou a religião.
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