Hospital Psiquiátrico recebe abraço

O Dia Nacional de Luta Anitmanicomial, 18 de maio, foi marcado no Amazonas por dois atos públicos promovidos pela Secretaria de Estado da Saúde (Susam) em parceria com usuários do sistema de saúde, familiares, profissionais da área, organizações não governamentais, estudantes e professores universitários.

Às 9 horas, o grupo formado por cerca de 200 pessoas promoveu um abraço simbólico no Hospital Psiquiátrico Eduardo Ribeiro. Depois, os participantes do movimento seguiram para a Praça da Saudade, no centro de Manaus, onde apresentaram fotografias e peças artesanais produzidas por pacientes.

Segundo o coordenador estadual de Saúde Mental, Rogelio Casado, a programação teve o objetivo de passar uma mensagem positiva para maior adesão da sociedade ao processo de inclusão social dos portadores de transtornos mentais. “A visão de que ‘lugar de doido é no hospício’ é equivocada e ultrapassada. Hoje trabalhamos com a reinserção dos que foram afastados do convívio social e com a manutenção dos novos pacientes em seu meio familiar e social”.

A mudança de conceito faz parte das diretrizes da reforma psiquiátrica e, na prática, representa a implantação de um sistema de assistência diferenciado. O Hospital Psiquiátrico, por exemplo, está sendo preparado para deixar de existir como centro de internação de pacientes mentais. A unidade dará lugar, em futuro próximo, a um hospital de clínicas, integrado à rede estadual de saúde. “O modelo hospitalar está vencido e precisa ser substituído por uma rede de apoio que ofereça tratamentos em liberdade, de forma continuada e personalizada, sem hospitalização”, sustenta o coordenador.

Para substituir o antigo modelo, Casado disse que o Amazonas já deu início à implantação da rede substitutiva, inaugurando no ano passado o primeiro Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) do Estado, na zona Norte da capital. Na unidade, que atende, em média, 1,3 mil pessoas ao mês, são oferecidas consultas atividades terapêuticas individuais e grupais.

Além disso, o Estado descentralizou os atendimentos ambulatoriais na Policlínica Codajás, complementando as ações ambulatoriais e de pronto atendimento, oferecidas tradicionalmente no Hospital Eduardo Ribeiro. Segundo o coordenador, a rede deverá ser ampliada com mais CAPS, que deverão ser construídos pela Prefeitura de Manaus, a quem cabe esta responsabilidade.

Ainda residem no Hospital Psiquiátrico Eduardo Ribeiro 40 pacientes, internados há mais de 30 anos e sem vínculo familiar. De acordo com Rogelio, eles irão para os Serviços Residenciais Terapêuticos (SRTs), que funcionam como casas, onde os usuários têm liberdade e desenvolvem atividades domésticas e sociais, sempre acompanhados por cuidadores.

O coordenador disse que o Governo do Estado também aguarda a aprovação da Lei de Saúde Mental, que dispõem sobre a rede de atenção diária aos portadores de transtornos mentais e oficializa a proibição da criação de hospícios no Amazonas.

Entre as dificuldades para a implantação do novo modelo de assistência, Rogelio Casado cita a carência de profissionais, como psicólogos e psiquiatras na rede de saúde. Existem, segundo ele apenas 19 psiquiatras atuando no serviço público. Para solucionar o problema, a Susam estuda parcerias e está criando mecanismos para formação e aperfeiçoamento dos profissionais, o que inclui a oferta, desde o início deste ano, da residência médica em psiquiatria.

“São passos iniciais, mas estamos caminhando para criar, de fato, uma nova realidade no campo da saúde mental”, disse o coordenador, acrescentando que os municípios do interior do Estado também estão envolvidos neste processo. Já existem CAPS em Parintins e Tefé e todos os 18 municípios pólo deverão ter os seus.

A diretora do Hospital Psiquiátrico Eduardo Ribeiro, Raimunda Gomes, disse que são feitos, em média, 1,6 mil atendimentos no pronto atendimento da unidade e outros 1,3 mil no ambulatório. Ela também defende a desospitalização e torce para a transferência dos últimos 40 pacientes residentes no hospital para os SRTs.

CAPS oferece terapêutica individualizada

No CAPS Silvério Tundis, que funciona no bairro de Santa Etelvina, são realizadas atividades terapêuticas individuais e grupais. Artesanato, horta, canto coral e culinária estão entre as atividades de apoio. AS internações são reduzidas e os períodos, inferiores a 72 horas.

Pessoas como Edmilson Hermes Moraes, 54 anos, aprovam o CAPS. “Temos liberdade”, resume. Ele é morador do Núcleo 4 da Cidade Nova e desde a inauguração da unidade, passou a fazer o tratamento lá. Edmilson teve diagnóstico de esquizofrenia em 1996 e desde então era acompanhado no Hospital Edurado Ribeiro.

A diretora do CAPS, Maria de Lourdes Janete, explica que os esquemas terapêuticos utilizados no CAPS são individualizados e a frequência no Centro varia, de acordo com a necessidade do tratamento. Atualmente 17 usuários têm assistência intensiva (diária), 20 são assistidos de forma semi-intensiva (três vezes por semana) e 57 são usuários não intensivos (uma vez por semana).

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