Nutrição é discutida em evento regional

Promover a saúde por meio do esclarecimento das populações que vivem no interior é uma das principais metas da coordenação do Programa Estadual de Alimentação e Nutrição. A nutricionista Ester Mourão, coordenadora do programa, diz que estudos da Secretaria de Saúde do Amazonas (Susam) mostram que parte dos problemas de desnutrição e obesidade entre crianças e mulheres grávidas no Estado, decorrem da ingestão errada de alimentos e da “monotonia alimentar”, marcada pela combinação repetitiva de peixe e farinha, sem complementos. “As refeições não são balanceadas, apesar da diversidade de produtos encontrados na região, principalmente frutas com alto poder nutritivo”, atesta.

A coordenadora é uma das representantes da Susam na Conferência de Segurança Alimentar e Nutricional do Amazonas. O evento foi aberto na manhã desta quarta-feira (11) e será encerrado na sexta (13). Até lá, representantes de órgãos estaduais e prefeituras municipais devem fechar um conjunto de propostas para a implantação de programas nacionais que visam garantir à população brasileira acesso a alimentação de qualidade e em quantidade suficiente.

As propostas serão apresentadas a partir do dia 3 de julho, durante conferência nacional sobre o tema. As discussões atendem a uma necessidade da Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional, sancionada em setembro do ano passado. “Na prática estamos buscando diretrizes que respeitem as especificidades de cada região, com um olhar amplo sobre diversas áreas relacionadas à nutrição, como saúde e produção”, explicou a secretária executiva do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Márcia Lopes. Ela abriu oficialmente a Conferência, que acontece no auditório da reitoria da Universidade do Estado do Amazonas (UEA).

Baixo peso – O perfil nutricional de populações específicas do Amazonas vem sendo realizado a partir de diversos programas, segundo a coordenadora estadual Ester Mourão. Em 2006 o Estado foi o que obteve os melhores índices do país no acompanhamento das famílias beneficiadas com o Bolsa Família – 41% de um total de 178 mil famílias atendidas. Os indicadores de saúde incluem vacinação, peso e altura das crianças e o acompanhamento de pré-natal das mulheres grávidas.

“Verificamos que no Amazonas os problemas de desnutrição ainda são maiores que os de obesidade”. Das crianças menores de sete anos avaliadas pelos programas públicos cerca de 10% estão com baixo peso. Segundo ela as causas da desnutrição estão associadas, em especial, à “monotonia alimentar”, um padrão cultural que mantém a combinação peixe/farinha como prato principal e quase exclusivo das populações ribeirinhas. O consumo restrito desta combinação gera deficiência de outros nutrientes como vitaminas e minerais.

A obesidade também está relacionada à composição e quantidades inadequadas de alimentos e apesar de atingir apenas 4,3% das crianças, já é uma preocupação . “Quando biscoitos e salgadinhos tornam-se parte da alimentação diária isto se torna um problema”, alerta. Ester Mourão destaca a necessidade de esclarecimento das famílias sobre os padrões corretos de alimentação. “Muitas mães começam a dar papas no lugar do leite materno abrindo mão dos benefícios que a alimentação natural traz para a saúde infantil”. Ela diz que para reverter esse quadro, as equipes do Programa Saúde da Família estão sendo capacitadas para atuar também no esclarecimento e sensibilização das famílias.

Obesidade – Taís Porto, coordenadora geral da Política de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, também presente à Conferência, garante que as três esferas de governo estão trabalhando para construir uma agenda única. “Queremos combater a má nutrição, que vai se traduzir em desnutrição ou excesso de peso”. Ela lembra que as carências nutricionais geram entre outros, deficiência de vitamina A, ferro e iodo, essenciais para a saúde humana. Por outro lado, o excesso de peso tem como conseqüências doenças crônicas como diabetes e hipertensão.

Cerca de 40% da população brasileira está obesa, ou seja, tem índice de massa corporal acima de 25%. Os números são altos. Uma conseqüência, de acordo com Taís, de mudanças alimentares que acompanham a industrialização crescente e o distanciamento de práticas saudáveis. Em relação aos que apresentam baixo peso, a média nacional varia entre 10% e 12%. “Queremos reforçar as ações do Programa Saúde da Família para melhores práticas de alimentação das famílias atendidas, mas sabemos que os resultados só virão em médio e longo prazo”.

A Conferência de Segurança Alimentar e Nutricional do Amazonas será encerrada nesta sexta-feira, ao meio-dia.
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