Cardiopatas serão operados em Manaus

Vinte e duas crianças com cardiopatia congênita começam a ser atendidas a partir desta semana pelo Hospital Santa Júlia. A unidade foi contratada pelo Governo do Estado, após licitação, para realizar 60 cirurgias de coração em paciente infantis atendidos pelo SUS. O contrato foi assinado na manhã de ontem (02) na sede da Secretaria de Estado da Saúde (Susam) e de acordo com o secretário Wilson Alecrim tem a finalidade de reduzir o encaminhamento das crianças para tratamento fora do Amazonas.

“Serão atendidos inicialmente os 22 pacientes com diagnóstico fechado e já inscritos para a cirurgia”, explicou o secretário. Os outros 38 procedimentos previstos pelo contrato serão realizados ao longo do ano. Nos dois casos, os pacientes serão avaliados pelas equipes médicas do Hospital Santa Júlia e submetidos a exames pré-operatórios. O diretor presidente do Hospital, Edson Sarkis, informou que devem ser realizadas entre uma e duas cirurgias por semana.

É a segunda vez que o Governo do Estado busca uma parceria com a iniciativa privada para atendimento de crianças portadoras de problemas no coração. No ano passado, já haviam sido operados no Santa Júlia 61 pacientes infantis. A taxa de sucesso ficou em torno de 90%, índice considerado alto, em função da complexidade das cirurgias.

“A experiência nos capacitou ainda mais e encaramos a continuidade do desafio com maior confiança e segurança”, destacou Sarkis. De acordo com ele, além da capacidade técnica dos profissionais, o Santa Júlia conta com a estrutura necessária ao acompanhamento integral na fase do pré e pós-operatório, incluindo aparelhamento e UTI pediátrica. A unidade é a única no Estado, até o momento, a realizar cirurgias cardíacas em crianças.

Agilidade – O valor global do contrato assinado ontem é de R$ 1,1 milhão. Em média, o governo do Estado investirá cerca de R$ 18 mil em cada cirurgia. “Estamos investindo principalmente no atendimento mais ágil e na redução do sofrimento das famílias”, afirmou o secretário Wilson Alecrim. Segundo ele, apenas os casos que não tiverem solução técnica em Manaus continuarão a ser encaminhados para tratamento fora de domicílio (TFD).

Capacidade – Alecrim ressaltou que sempre haverá demanda para cirurgia cardíaca em crianças. A Organização Mundial de Saúde mostra que ocorrem, em média, oito casos de cardiopatia congênita em cada 1000 nascidos vivos. “Queremos dar continuidade aos atendimentos, alcançando capacidade para atender todos os casos pediátricos sem a necessidade de buscar a solução em outro Estado”.

Para isso, além de buscar a iniciativa privada, a Secretaria de Saúde investe também na construção da UTI pediátrica do Hospital Universitário Francisca Mendes. A unidade é indispensável para que o hospital comece a operar crianças, o que deve acontecer segundo estimativa do secretário, ainda no segundo semestre deste ano.

“Em relação aos adultos já operamos 100% dos pacientes, algo impensável há cerca de cinco anos, quando todos que precisavam ser operados tinham que viajar”, disse Alecrim. A demanda dos adultos é atendida pelos hospitais Francisca Mendes e Beneficente Portuguesa, que também recebem recursos específicos para operar os pacientes do SUS. “Queremos alcançar o mesmo sucesso com as crianças, deixando para trás o tempo em que a única alternativa para os cardiopatas era tentar o tratamento fora do Estado. A realidade hoje é outra e será ainda melhor”, disse.

Defeitos de formação

Cardiopatias congênitas são defeitos do coração, presentes ao nascimento. As causas são variadas e incluem fatores ambientais, genéticos, uso de medicamentos e drogas, doença materna como diabetes e lúpus, e infecções como a rubéola e a sífilis. Esses fatores podem interferir na formação do coração fetal, que ocorre nas primeiras oito semanas de gravidez.

Existem vários tipos de cardiopatias congênitas, entre as quais as comunicações interatriais (comunicação anômala entre os átrios direito e esquerdo), e as comunicações interventriculares (ligação entre os dois ventrículos por um defeito no septo que também os separam).

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Assessoria de Comunicação da SUSAM