Estado avança na oferta de cirurgias cardíacas

Contratar hospitais da rede privada e filantrópica foi uma das alternativas encontradas pelo Governo do Amazonas para reduzir a necessidade de deslocamento dos pacientes com problemas graves no coração para outros estados. O contrato firmado com o hospital Santa Júlia em dezembro do ano passado garantiu, pela primeira vez no Estado, a realização cirurgias em crianças com cardiopatia congênita. Sessenta e um procedimentos foram feitos até novembro deste ano, com sucesso em 56 deles, o que é considerado um índice alto de sucesso para a complexidade dos casos.

O secretário estadual de Saúde, Wilson Alecrim, comemora os resultados e garante que o Governo vai continuar trabalhando para que 100% dos procedimentos possam, em breve, ser feitos no próprio Estado, evitando os custos sociais e financeiros do deslocamento.

Em relação aos adultos, todos os que precisam ser submetidos a cirurgias cardíacas pelo sistema público de saúde fazem afora o tratamento em Manaus. As inscrições no programa de Tratamento Fora de Domicílio (TFD) deixaram de ser feitas a partir da oferta sistemática de cirurgias no Hospital Universitário Francisca Mendes e na Beneficente Portuguesa.

Todos os pacientes com indicação cirúrgica, que precisariam viajar para outros centros, estão sendo atendidos nestas duas unidades. Somente em 2006 cerca de 270 pessoas foram operadas no Francisca Mendes, que começou a ser estruturado pelo Governo do Estado para se tornar referência em Cardiologia no sistema público. Na Beneficente Portuguesa, com quem o Estado também assinou contrato para prestação deste serviço a usuários do SUS, 204 pacientes foram submetidos a uma cirurgia de coração nos últimos 12 meses.

Além das cirurgias tradicionais, com abertura do tórax, já estão sendo feitos tratamentos substitutivos, menos complexos. É o caso dos cateterismos terapêuticos, por meio do qual são implantados stents, espécie de mola que abre o vaso no local do estreitamento, o tratamento com balão, também para desobstrução de vasos, e a crioblação, para tratamento de arritmias.

Dos tratamentos cirúrgicos já oferecidos, as pontes de safena (cirurgias de coronária) são as mais realizadas. Respondem por 70% do total de cirurgias cardíacas. Os outros 30% incluem troca ou correção de válvula, tratamento endovascular da aorta (colocação de próteses) e as correções de cardiopatia congênita feitas por cateterismo.

O programa de Tratamento Fora de Domicílio (TFD), coordenado nacionalmente pelo Ministério da Saúde, continua a ser usado para o encaminhamento dos pacientes infantis para outros estados. A gerente do programa, Mara Kramer, explica que o Amazonas ainda precisa desse suporte porque apenas um serviço não é suficiente para atender a quantidade de crianças cardiopatas e em função de que alguns tipos de cardiopatias só podem ser tratadas em hospitais de referência em alta complexidade em Cardiologia, localizados no Sul do país.

Só este ano 121 crianças cardiopatas já viajaram pelo TFD. No ano passado, foram 115 e no total, desde o início de 2003, foram beneficiadas mais de 300 crianças, a maioria com menos de cinco anos de idade. De 1999, ano de criação do programa, até 2002, apenas 51 portadores de cardiopatia congênita haviam sido atendidos. “Como a incidência de cardiopatias é linear, ou seja, atinge em média 5% e 8% das crianças que nascem, o aumento no número de atendimentos demonstra que estamos conseguindo diagnosticar melhor as cardiopatias e atender com maior eficiência esses pacientes”, explica Mara.

Mais oferta – Para ampliar a oferta de cirurgias pediátricas, o Francisca Mendes irá ganhar uma UTI de pediatria cardíaca, o que viabilizará a realização das operações também em crianças. As obras físicas da Unidade, financiadas integralmente pelo Governo do Estado, estão praticamente concluídas, de acordo com o diretor do hospital, Sérgio Ferreira Filho. Após a instalação dos equipamentos, que também devem ser adquiridos pelo Governo, o Francisca Mendes poderá realizar 20 cirurgias mensais, previstas para a primeira fase de funcionamento do serviço, que vai atender crianças de 0 a 14 anos.

O diagnóstico das doenças do coração pode ser feito no próprio Francisca Mendes, que mantém sete ambulatórios de Cardiologia, incluindo um de Cardiopatias Congênitas, além de oferecer exames especializados. Neste ano, 1.200 estudos de hemodinâmica foram feitos na unidade.

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