Amazonas vai realizar Chamada Nutricional

O secretário estadual de saúde, Wilson Alecrim, anunciou que, pela primeira vez, o Amazonas fará um levantamento do perfil nutricional de crianças menores de cinco anos, nos 62 municípios do Estado. O estudo, que tem o nome de “Chamada Nutricional”, será realizado no próximo dia 26, durante a segunda etapa da campanha nacional de vacinação contra a paralisia infantil. “Sempre trabalhamos com informações gerais da região Norte e com o resultado de estudos pontuais desenvolvidos por instituições como o Inpa (Inatituto Nacional de Pesquisas da Amazônia). Agora teremos o detalhamento da situação nutricional no Amazonas, com dados reais da capital e do interior”, disse. O anúncio foi feito durante o Seminário para Intensificação das Ações de Redução da Desnutrição Infantil, ocorrido entre os dias 14 e 15 de agosto, em Manaus.

De acordo com a coordenadora estadual de Alimentação e Nutrição, Ester Mourão, a pesquisa será feita por amostragem, envolvendo cerca de nove mil crianças em todo o Estado. As crianças serão selecionadas nos locais de vacinação. Elas serão medidas e pesadas e os responsáveis responderão a um questionário sócio-econômico. As que apresentarem problemas de nutrição serão encaminhadas para acompanhamento. O modelo da pesquisa foi desenvolvido pela Fiocruz e já foi aplicado na região Nordeste.

No Amazonas, o estudo será conduzido pela Susam e secretarias municipais de saúde, em parceria com o Ministério da Saúde e Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), e será desenvolvido por técnicos municipais e estaduais, com coordenação técnica do Inpa, das universidades estadual e federal do Amazonas (UEA e Ufam), Unip, Uninilton Lins e secretarias de Estado da Assistência Social e da Ciência e Tecnologia.

Estudo feito pelo pesquisador Fernando Alencar, do Inpa, mostrou que nas áreas rurais do Amazonas a desnutrição pode atingir 23% da população. Ele verificou que a maior precariedade nutricional está na calha do Rio Negro, onde foi detectada elevada ocorrência de anemia. Ester Mourão disse que estudos pontuais mostram que na maioria das comunidades do interior, o maior problema não é a falta do alimento, mas a má alimentação. “Muitas famílias perderam o hábito de comer alimentos regionas ricos em nutrientes e estão preferindo produtos industrializados”. Com isso, segundo ela, as necessidades nutricionais não são supridas e aumentam tanto os casos de subnutrição quanto os de obesidade.

Segundo Ester, alguns programas relacionados à política de alimentação e nutrição já foram implantados no Estado. É o caso do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan) e do programa de suplementação de ferro. “Agora, essas e outras ações serão incrementadas na capital e no interior”, garante. Além da Chamada Nutricional, agentes comunitários de saúde estão sendo orientados para o monitoramento das questões nutricionais da população amazonense”.