Estado alerta para pneumonite

A rede estadual e municipal de saúde está sendo alertada pela Fundação de Vigilância em Saúde para o possível surgimento de casos novos de pneumonite eosinofílica – uma espécie de pneumonia atípica, que ocorre normalmente entre os meses de março e julho. Embora não haja registro de novas ocorrências desde julho do ano passado, o Departamento de Vigilância Epidemiológica da Fundação já emitiu nota técnica com orientações para o atendimento e tratamento de pacientes com sintomas da doença que procurem assistência médica. A nota está sendo encaminhada a todas as unidades de saúde municipais e estaduais, incluindo postos de saúde, hospitais, SPAs e pronto-socorros.

O diretor da Fundação, Evandro Melo, explica que o órgão está tomando medidas preventivas, considerando que a pneumonite eosinofílica ocorre sempre nos primeiros meses do ano. Os profissionais estão sendo alertados a suspeitar da doença diante de sintomas que são comuns a outras doenças – tosse seca acompanhada de febre, dor de cabeça, calafrios, dor no tórax e diarréia. Os serviços de saúde também estão sendo orientados a notificar imediatamente os casos suspeitos.

Embora venha ocorrendo desde 2001 e tenha formas de manifestação e evolução esclarecidas, este tipo de penumonia ainda não tem causa definida. Um grupo de trabalho, envolvendo pesquisadores da Secretaria de Estado da Saúde e outros órgãos de pesquisa estaduais, foi montado no ano passado para realizar estudos ainda não concluídos. “Mas sabemos que a transmissão da doença não ocorre por meio do contato direto com o doente”, tranqüiliza o secretário estadual de saúde, Wilson Alecrim. Ele acrescenta que a doença tem característica alérgica, acontece em períodos específicos e deve ter como causa agentes biológicos ou contaminantes ambientais. “Normalmente os mais atingidos são adultos e é comum que várias pessoas da mesma família manifestem os sintomas”, esclarece.

Segundo Wilson Alecrim a doença é caracterizada como pneumonite eosinofílica, dentre outros fatores, porque provoca o aumento de células brancas chamadas eosinófilos. O diagnóstico é feito a partir dos sintomas, análise de Raio X e exames laboratoriais que indicam principalmente elevada quantidade de leucócitos e eosinófilos (células do sangue). Ele informa que para o tratamento da doença são utilizados medicamentos para controle dos sintomas. “Pessoas com os sintomas iniciais da pneumonite devem procurar uma unidade de urgência”, recomenda o secretário.

Pesquisadores buscam o agente causador
O grupo de trabalho formado pela Secretaria de Estado da Saúde (Susam) para atuar nas investigações da causa da pneumonite eosinofílica no Estado, está trabalhando na identificação de fungos que possam desencadear a doença. O diretor técnico da Fundação de Vigilância em Saúde e um dos membros do grupo, infectologista Bernardino Albuquerque, explica que os pesquisadores estão levantando fatores de risco, incluindo dados ambientais e hábitos de vida e alimentação de pessoas que estiveram doentes para comparar os resultados com os de pessoas não atingidas pela pneumonite.

O diretor diz que estão sendo consideradas todas as informações levantadas nas pesquisas anteriores, realizadas inclusive por representantes do Ministério da Saúde. Ele informa que, dentre outros resultados, já foram descartados como prováveis agentes causadores da doença as bactérias do tipo Legionella e Clamidia e alguns vírus, incluindo o Adenovírus e o vírus sinsisial respiratório.