Estado anúncia plano para malária

O Governo do Amazonas e a Prefeitura de Manaus, por meio de suas secretarias de saúde e órgãos de controle e tratamento de endemias, constituíram uma comissão formada por técnicos das duas esferas para elaborar um plano operativo emergencial, visando o controle e a prevenção da malária em Manaus. O plano será executado de forma cooperada e vai resultar na ampliação das ações de controle do mosquito transmissor, na expansão da assistência ao paciente e na intensificação dos trabalhos de educação e mobilização social.

Para compor o plano, a comissão técnica reavaliou as estratégias utilizadas para combater a doença, considerando o perfil de transmissão e as alterações ambientais e sociais observadas na capital.

Com as ações, Estado e município esperam que sejam evitados 6,6 mil casos novos da doença até o final do ano. O resultado deve significar 40% de redução no número de notificações na capital, em relação ao terceiro trimestre deste ano.

O plano contempla ações principalmente nas zonas Leste, Oeste e Norte, consideradas prioritárias para o controle da doença, e está dividido em cinco eixos principais – Controle do Vetor, Assistência ao Paciente, Educação e Mobilização Social, Metas e Monitoramento, e Recursos Financeiros. A execução das ações vai exigir investimentos de cerca de R$ 2,6 milhões, que serão aplicados na aquisição de mais equipamentos, material permanente e insumos, utilizados no combate ao vetor, no diagnóstico, no tratamento, no manejo ambiental e em ações de esclarecimento e sensibilização da população para a prevenção da malária.

Serão adquiridos microscópios, motocicletas, motores de popa, motosserras, roçadeiras manuais, além de inseticida, gasolina e diesel, utilizados na operação da termonebulização e borrifação intradomiciliar.

Para o controle vetorial, o plano prevê a limpeza do leito e das margens de 26 igarapés localizados nas zonas Norte, Oeste e Leste, num total de 23,2 quilômetros, além da retificação e urbanização do igarapé da comunidade do Campos Sales, representando 750 metros. A aplicação de biolarvicida será intensificada em 150 tanques de piscicultura, instalados na área do Tarumã. Em mais de 200 localidades nas zonas urbana e rural, onde existem 16 mil habitações expostas ao mosquito transmissor, haverá borrifação intradocimiliar (aplicação de inseticida no interior das casas, com efeito residual de mais de 60 dias). Noventa e oito localidades, também mapeadas como áreas de grande concentração vetorial e onde estão cerca de 120 mil residências, serão alvo prioritário das ações de termonebulização (fumacê).

Em relação à assistência aos pacientes, a coleta de material para exames vai passar a ser feita também pela rede do Programa Saúde da Família. Além disso, a rede de diagnóstico vai ganhar 14 novos postos na área urbana de Manaus e mais nove na área rural, totalizando 149 locais onde a população pode fazer o exame para saber se está ou não com malária e receber gratuitamente a medicação.

As atividades de esclarecimento da população sobre a malária serão realizadas em igrejas, escolas e associações e bairro. O objetivo é manter a população informada sobre as formas de transmissão da doença, as medidas de prevenção, a importância do diagnóstico e tratamento rápidos e a necessidade de levar o tratamento até o fim, para garantir a cura. Também será lançada uma campanha com veiculação de mensagens educativas nos meios de comunicação.

De acordo com dados da Susam, até julho houve um ligeiro decréscimo, em torno de 2%, do número de casos de malária em Manaus em relação ao ano passado. O comparativo entre os meses de julho e agosto também demonstram redução, apesar do período sazonal que favorece a proliferação dos mosquitos e a transmissão da doença. Foram 1,9 mil casos a menos, mas os números ainda são críticos na avaliação dos especialistas estaduais e municipais. Manaus, onde vivem 50% da população do Estado, concentra atualmente 31% do total de casos de malária. Os outros 69% ocorrem em 32 municípios.

Municipalização – Manaus é um dos municípios amazonenses ainda não certificados pelo Ministério da Saúde para o controle de endemias e por isso essas ações vinham sendo desenvolvidas pela Secretaria Estadual de Saúde e Fundação de Vigilância em Saúde. A meta, segundo a Susam, é certificar Manaus e os demais 36 municípios não habilitados, assim que estiverem estruturados para assumir os programas de controle. O trabalho cooperado entre o Estado e a prefeitura para o controle da malária, neste momento, faz parte do processo de municipalização da saúde, no que se refere às endemias.

Em Manaus, as ações básicas de saúde começaram a ser municipalizadas no início do ano passado, quando o Estado repassou ao município 23 centros de saúde, que foram integrados à rede municipal, assim como os programas de atenção básica, como a imunização. A municipalização faz parte das diretrizes do Sistema Único de Saúde.

Plano Operativo Emergencial para
o controle da malária em Manaus

1. CONTROLE VETORIAL

1.1. Manejo ambiental
– limpeza do leito e margens de 26 igarapés (23,2 km)
– retificação e urbanização do igarapé da comunidade do Campos Sales (750 m)
1.2. Aplicação de biolarvicida
– 150 tanques de piscicultura, localizados na área do Tarumã
1.3. Borrifação intradomiciliar
– 218 localidades das áreas urbana e rural, atingindo 15.945 habitações
1.4. Termonebulização
– Ações em 98 localidades urbanas e rurais, cobrindo 119.705 habitações

2. ASSISTÊNCIA AO PACIENTE

2.1. Diagnóstico e tratamento:
– Implantação de 14 postos de diagnóstico na área urbana e 9 nove postos na área rural
– Ampliação da coleta de material para exames com inclusão da rede do Programa de Saúde da Família

3. EDUCAÇÃO E MOBILIZAÇÃO SOCIAL

3.1. Intensificação das ações de esclarecimento e sensibilização
– Atuação em escolas, igrejas, associações de bairro e comunidades em geral
– Utilização de veículos de comunicação de massa e comunicação direta
– Campanha

4. METAS E MONITORAMENTO

Com o plano cooperado, espera-se a redução de 40% no registro de casos de malária no último trimestre de 2005, evitando o adoecimento de 6.592 pessoas

5. FINANCIAMENTO

5.1. Recursos estaduais e municipais na ordem de $ 2.587.295,00:
– Aquisição de equipamentos, material permanente e insumos (microscópios, motocicletas, motores de popa, motosserra, roçadeira manual, inseticida, gasolina e diesel
– Produção de material educativo e de mídia

PESSOAL ENVOLVIDO NA EXECUÇÃO DO PLANO

– Agentes comunitários de saúde – 896
– Agentes de endemias – 535
– Exército Brasileiro – 60
– Limpeza de igarapés – 90
– Vigilância ambiental – 20
– Agentes de Endemias – 535
– Supervisores – 43

Total: 1.644 técnicos
Total de novos envolvidos: 1.066

CASOS DE MALÁRIA EM MANAUS (JANEIRO A AGOSTO):

Ano Casos
2003 47.775
2004 39.463
2005 41.907