Estado promove mobilização contra o cigarro
As pessoas que estão expostas à fumaça do cigarro, os chamados fumantes passivos, podem desenvolver uma série de problemas de saúde que vão desde irritação dos olhos e da garganta até doenças cardíacas e câncer de pulmão.
O alerta para os riscos, principalmente entre os que convivem com fumantes em casa e no trabalho, foi feito pelas autoridades de saúde do Estado durante as atividades do Dia Nacional de Combate ao Fumo, abertas ontem (29/08) no auditório da Secretaria de Estado da Saúde (Susam).
Participaram da abertura profissionais de saúde e estudantes da rede municipal e estadual, que também foram premiados pela produção de redações que abordaram tema.
Durante o evento, organizado pela Coordenação de Prevenção da Fundação Cecon, foram apresentados indicadores dos impactos negativos do tabagismo para o fumante passivo, e destacada a importância do cumprimento das leis que proíbem o fumo (de cigarros, cigarrilhas, charutos, cachimbos, ou de qualquer outro produto fumígeno) em locais fechados, privados ou públicos, como repartições públicas, hospitais, salas de aula, bibliotecas, ambientes de trabalho, teatros e cinemas. Pelas leis, o fumo nestes locais só pode ser feito nos chamados fumódromos.
Os secretários estadual e municipal de saúde, Wilson Alecrim e Jesus Pinheiro, destacaram a parceria com as secretarias de educação do Estado e do município e com as organizações de apoio, como a Liga de Amazonense de Combate ao Câncer (LACC), para alcançar o público jovem, incentivar a redução do número de fumantes e, conseqüentemente, diminuir a ocorrência de doenças decorrentes do tabagismo.
O coordenador estadual de Controle do Tabagismo, cardiologista Aristóteles Alencar, mostrou resultados de estudos internacionais confirmando que quem convive com pessoas que fumam tem mais chances de desenvolver câncer de pulmão, doenças cardíacas, infecções do trato respiratório, irritação dos olhos, nariz, ouvido e garganta, dor de cabeça e aumento da freqüência cardíaca, além aumentar os riscos de morte súbita na infância. Ele disse que o câncer de pulmão é o problema mais evidente e que as estatísticas mostram que de 100 portadores deste tipo de câncer, 90 são ou foram fumantes.
Segundo Alencar, o tabaco pertence aos carcinógenos do grupo A (susbstâncias que causam câncer em humanos e para as quais não existe nível seguro de exposição), sendo responsáveis condições crônicas e debilitantes, incluindo os efeitos do enfisema, câncer, doença cardíaca, AVC, bronquite crônica e asma, em milhares de pessoas.
Aristóteles Alencar alertou para o fato de que o cigarro contém mais de quatro mil componentes, dos quais cerca de 40 pertencentes ao Grupo A, o que significa que quem fuma absorve amônia, arsênico, benzeno, cadmium, monóxido de carbono, cromo, DDT, formaldeído, cianeto, chumbo, níquel, nitrosaminas e dióxido sulfúrico, entre outros.
O médico também mostrou que o argumento de que a proibição do fumo em bares e restaurantes faz cair o movimento e conseqüentemente a arrecadação de impostos para o governo, é falsa. Estudos demonstraram que ocorre o contrário, em função do aumento de clientes não fumantes que preferem ambientes onde o fumo é proibido. Além disso, os gastos com as doenças causadas pelo tabagismo são maiores que os impostos referentes à produção de comercialização do fumo. “Para cada dólar de imposto pago pelas industrias de tabaco, os governos gastam um dólar e meio no tratamento das doenças”, afirma.
Segundo Aristóteles Alencar, 83% dos fumantes do mundo, algo em torno de 956 milhões de pessoas, vivem em países em desenvolvimento. Nestes países, vivem 91% das crianças entre zero e 14 anos, o que significa que mais de 800 milhões de crianças estão expostas ao tabagismo passivo em casa e 900 milhões em locais públicos, já que a maioria dos fumantes fuma perto de não fumantes ou de crianças. Em 2000, do total de cigarros consumidos em todo o mundo (4.6 trilhões cigarros), 74% foram acesos nos países em desenvolvimento.
Impactos do tabagismo passivo
§ Causa câncer de pulmão e de outros orgãos, e também doenças cardíaca.
§ Responsável por infecções do trato respiratório, tais como pneumonia e bronquite, especialmente em crianças e idosos
§ Aumenta o risco de morte súbita na infância e infecções do ouvido médio em crianças
§ É a maior ameaça para pessoas com asma – algumas vezes fatal
§ Causa irritação dos olhos, nariz, ouvido e garganta, e dor de cabeça
§ Aumenta a freqüência cardíaca e pressão arterial e irrita o estômago
§ Não-fumantes regularmente expostos ao tabagismo passivo em casa ou no trabalho apresentam quase o dobro de risco de desenvolver doença cardíaca
§ Causa 30 vezes mais morte por câncer de pulmão do que todos os poluentes do ar combinados.
Programa gratuito ajuda viciados em nicotina
O secretário estadual de Saúde, Wilson Alecrim, disse que o Governo do Estado implantou, em parceria com o Ministério da Saúde, um programa especial para atender aos fumantes que querem se livrar do vício. Ele informou que o programa é realizado na Policlínica Codajás (atual denominação do PAM Codajás), sob a coordenação de equipes multidisciplinares, incluindo as áreas de pneumologia, psicologia e enfermagem. O programa é gratuito e aberto a todos os interessados.
Segundo ele, atualmente já estão em tratamento mais de 300 pessoas. São oferecidos o suporte psicológico e de drogas de acordo com o grau de dependência e as características de cada usuário.
Tabaco responde por 90% dos casos de câncer de pulmão
Atualmente o tabagismo é diretamente responsável por 30% das mortes por câncer em todo o mundo, especialmente os casos de câncer de pulmão que atinge a média de 90%.
O tabaco também aparece nas estatísticas de mortes por outras doenças: 25% das mortes por doenças coronarianas, 85% por doença pulmonar obstrutiva crônica e 25% por doença cerebrovascular. Outras doenças relacionadas ao uso do cigarro são aneurisma arterial, trombose vascular, úlcera do aparelho digestivo, infecções respiratórias e impotência sexual no homem. Estima-se que, no Brasil, a cada ano, 200 mil pessoas morrem precocemente devido doenças causadas pelo tabagismo, número que não pára de aumentar.
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) um terço da população mundial adulta, isto é, 1 bilhão e 200 milhões de pessoas são fumantes. Desse total 200 milhões são mulheres, o que corresponde a 12% da população feminina mundial. Enquanto nos países em desenvolvimento os fumantes constituem 48% da população masculina e 7% da população feminina, nos países desenvolvidos a participação das mulheres mais do que triplica: 42% dos homens e 24% das mulheres.