Tropical terá Hospital Dia

A estrutura física da Fundação de Medicina Tropical será renovada. Os dois primeiros projetos do plano de reformulação da unidade – o Hospital Dia para pacientes portadores do HIV e o Ambulatório de Dermatologia e DST/Aids – estão em fase final de licitação. Os dois serviços devem ficar prontos no primeiro semestre de 2005 aumentando, de acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (Susam), em cerca de 40% a área física e a capacidade de atendimento nestas áreas. Somente na parte clínica, a ampliação vai garantir que sejam realizadas 30 mil consultas a mais, chegando ao total de 150 mil procedimentos deste tipo, por ano.

De acordo com o secretário estadual de Saúde, Wilson Alecrim, a criação do Hospital Dia e a reformulação do Ambulatório irão garantir estrutura adequada e maior conforto para os pacientes que recebem diagnóstico, tratamento e acompanhamento na FMT. “Estamos caminhando para adequar todas as unidades estaduais ao padrão de atenção humanizada e isso passa por melhorias do espaço físico e de atendimento, que devem estar em sintonia com as políticas nacional e estadual de saúde”. Segundo ele, os investimentos serão feitos com recursos do Governo do Estado, já liberados. As obras irão custar cerca de R$ 3 milhões.

Wilson Alecrim explica que o Hospital Dia será construído na área superior do atual serviço de Pronto Atendimento da Fundação. A unidade hospitalar terá mais de 600 metros quadrados e será destinada a internações de curta permanência – até 12 horas – de pacientes que necessitam de procedimentos simples, mas que exigem repouso, como aplicação de alguns medicamentos e realização de exames. Com 20 leitos para adultos e crianças, o hospital fará acompanhamento clínico, radiológico e laboratorial, além de avaliações nutricionais e atendimento psicossocial.

Para o secretário, o Hospital Dia vai reduzir o número de internações longas e os procedimentos invasivos em pacientes com HIV. Além disso, deve diminuir custos e otimizar o diagnóstico e o tratamento das doenças oportunistas. O modelo de atenção também vai permitir, de acordo com Alecrim, maior integração do paciente com a família e o aumento da auto-estima. Segundo ele, atualmente cerca de 50% dos leitos de enfermaria da Fundação são ocupados por pacientes com Aids. Na UTI, a quantidade de leitos ocupada por esses pacientes chega a 70%.

HIV já chegou a 41 municípios

Dados Coordenação Estadual de DST/Aids, que funciona na Fundação, mostram que desde a primeira notificação no Amazonas, em 1986, já foram registrados 2.595 casos de HIV, na capital e no interior, dos quais 65 em menores de 13 anos. Desse total 73% são do sexo masculino e 27% do sexo feminino. A média de contaminação no Estado ainda é de aproximadamente três homens para cada mulher. Cerca de 70 a 75% dos casos positivos diagnosticados estão na faixa de 20 a 39 anos.

A doença já chegou a 41 dos 62 municípios amazonenses. No total, 271 casos foram registrados fora da capital. Os municípios com maior número de casos são Parintins, Tabatinga, Tefé, Humaitá, Manacapuru, Itacoatiara e Presidente Figueiredo.

De acordo com a Coordenação Estadual, em 19 municípios já é possível fazer o teste para detecção do HIV, sendo que em 11 deles é utilizado o teste rápido, que permite resultado conclusivo em cerca de 20 minutos. Nos outros, o método utilizado é o Elisa, triagem tradicional que precisa de teste confirmatório.

Plano prevê novos serviços

Outros serviços também fazem parte do plano de reestruturação física da Fundação, cujo objetivo é modernizar a unidade, considerada referência nacional e internacional em doenças tropicais e infecciosas. De acordo com o plano, serão construídas uma Unidade de Pesquisa Clínica e Hospitalar, uma Unidade de Pesquisa Clínica Ambulatorial, um Laboratório Multidisciplinar de Doenças Tropicais e Infecciosas endêmicas da Amazônia e outros dois centros especializados.

A Fundação de Medicina Tropical foi criada em março de 1974 como Hospital de Moléstias Tropicais. Com atuação em assistência, ensino e pesquisa, a unidade conta com 119 leitos de internação e presta assistência ambulatorial em clínica médica, pneumopatias, hepatopatias, e doenças específicas como malária, dengue, hepatites e doenças febris, além do atendimento em dermatologia tropical, incluindo hanseníase e leishmaniose.

Anualmente são atendidos na FMT, somente na área de assistência médica, cerca de 200 mil pacientes ambulatoriais, com 2,5 mil internações e 800 mil exames laboratoriais.
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