Malária teve queda em Manaus

Em março, a Secretaria de Estado da Saúde (Susam) registrou queda de cerca de 50% no número de casos de malária em Manaus em relação a janeiro deste ano. A informação foi divulgada ontem (05/04) pelo secretário Wilson Alecrim, durante a abertura da Reunião de Avaliação do Programa Nacional de Controle da Malária, que está sendo promovida pelo Ministério da Saúde e estados da Amazônia Legal, no Hotel Da Vinci. Alecrim disse que a capital do Amazonas concentra cerca de 70% dos casos do Estado e que nos demais municípios considerados prioritários para o controle da doença, a malária vem sendo controlada, mas os números ainda são considerados elevados. De acordo com o secretário, a meta pactuada com o governo federal é reduzir o número de casos em 15% em todo o Estado até o final do ano.

Para manter as ações de combate às endemias, em especial a malária, o secretário disse que estão sendo investidos R$ 25 milhões por ano, dos quais R$ 7 milhões garantidos pelo governo do Estado e R$ 18 milhões, financiados pelo governo federal. Em 2005, o Amazonas poderá contar com mais R$ 1,2 milhões do total de R$ 5 milhões que serão investidos em toda a Amazônia Legal, conforme anúncio feito pelo ministro Humberto Costa, ontem de manhã. “O combate da malária é prioridade dos governos federal e estadual e a partir deste ano, esperamos finalmente ter o município de Manaus habilitado para as ações de controle de endemias”, disse Alecrim.

O secretário disse que para alcançar a meta de reduzir os casos em todos os municípios do Amazonas, as ações foram intensificadas principalmente em 14 municípios considerados prioritários no Amazonas, distribuídos entre as calhas dos rios Negro, Juruá e Purus. Estas ações, segundo o Alecrim envolvem o controle do mosquito através da aplicação de inseticida e biolarvicida, diagnóstico, tratamento e ações de educação em saúde, incluindo cuidados para a prevenção da doença. Ele diz que atualmente existem 116 locais para diagnóstico e tratamento, na área urbana e rural. Em todo o Estado, são mais de 500 locais que, segundo Alecrim, viabilizam a identificação da doença e o início precoce do tratamento, no próprio município e o mais próximo de casa. Nos postos, o trabalho é feito principalmente pelo microscopista e pelo guarda-medicador.

Wilson Alecrim acrescentou que em Manaus as áreas de maior risco de transmissão da malária continuam sendo as zonas Leste e Oeste, onde as invasões e os desmatamentos vem contribuindo para a manutenção das condições de proliferação do mosquito transmissor. “Sabemos que o adoecimento por malária tem, por trás de si, o problema social da necessidade da habitação e da exploração indevida do solo. Ou seja, são problemas que estão em outra esfera, mas que acabam atingindo frontalmente a Saúde”, alerta o secretário.

De acordo com dados da Susam, em 2004, a ocorrência de malária em Manaus caiu 19,37% em relação ao ano anterior. Neste primeiro trimestre de 2005 os números também foram menores que os do ano passado, com o registro de 16,7 mil casos contra 17,3 do ano passado. “A queda mais marcante ocorreu em março, onde os números representaram não só queda de cerca de 50% em relação a janeiro, mas também 34% em relação a março do ano passado”, avalia o secretário.

Governador cobra aumento no teto SUS

O governador Eduardo Braga classificou o teto SUS, autorizado pelo Ministério da Saúde para o Amazonas, como injusto. Ele disse que o governo federal vem pagando menos por procedimentos realizados, no município de Eirunepé, distante 2,4 mil km via fluvial de Manaus, por exemplo, do que no Rio de Janeiro. Esses valores, segundo ele, são de aproximadamente R$ 77,00 para o Rio e de R$ 44,00 para o Amazonas. “Isto é injusto e essa discussão já entrou em pauta várias vezes, mas avançamos muito pouco”. Braga disse que o valor do financiamento das ações pelo governo federal é um dos grandes problemas que o Estado enfrenta na área de Saúde, já que além de receber menos do que a grande maioria dos Estados, ainda precisa investir mais para coordenar e executar ações em municípios distantes e de difícil acesso. “Nós esperamos que agora, que o Estado já é gestor pleno do Sistema de Saúde, que já municipalizou as ações básicas de saúde na capital e que já cumpriu todas as etapas da Noas (Norma Operacional de Assistência à Saúde), o governo federal entenda que é injusta esta situação”.

Ao mesmo tempo, Braga parabenizou o ministro Humberto Costa pelo anúncio do aumento no teto para controle das endemias e disse que o Governo do Estado está enfrentando o desafio de combater a malária utilizando todas as ferramentas e tecnologias disponíveis. “O Estado inclusive criou a Fundação de Vigilância em Saúde para intensificar o controle na área ambiental, epidemiológica e sanitária e que deve atuar com intensidade nos municípios de fronteira por onde entram várias doenças”.