AM pronto para o transplante de rim a partir de doador falecido

Pela primeira vez no Amazonas será possível realizar transplante de rim com órgão de doador falecido. A Secretaria de Estado da Saúde (Susam) concluiu a estrutura necessária ao procedimento e agora depende apenas das doações para dar início aos transplantes. A modalidade amplia o serviço estadual de captação de órgãos e tecidos e possbilita que o atendimento aos doentes renais crônicos seja feito com maior rapidez. Atualmente, o Estado realiza transplante de córneas e de rim intervivos (com órgão de pessoa viva, com compatibilidade genética com o paciente). De acordo com a Secretaria, 451 pacientes renais crônicos aguardam o transplante renal.

A coordenadora estadual de Transplantes, Leny Passos, explica que a captação de rim já pode ser realizada em qualquer uma das unidades de urgência e emergência da rede de saúde pública e privada. Nessas unidades foram implantadas as Comissões Intra-Hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (Cihdott), que serão as responsáveis pelo contato com a Central Estadual de Transplantes diante do surgimento de uma possível doação.

Os doadores potenciais de órgãos são principalmente vítimas de Acidente Vascular Cerebral (AVC) e trauma craniano, assistidos em Unidades de Terapia Intensiva. A doação pode ser feita entre 0 e 60 anos de idade e é preciso que o doador tenha órgãos saudáveis e nenhuma infecção.

Leny Passos esclarece que a doação de órgãos e tecidos só pode ser feita a partir do diagnóstico de morte encefálica, que representa o fim irreversível da atividade cerebral e da vida, embora os outros órgãos continuem funcionando com o auxílio de aparelhos. Esse diagnóstico é feito por profissionais habilitados e por meio de exame específico – ecodoppler transcraneano – e é a partir daí que a família pode decidir sobre a doação.

Segundo Leny Passos, a abordagem da família é uma missão difícil para os profissionais de saúde e a decisão de doar pode ser facilitada caso a pessoa tenha manifestado em vida o seu desejo de ser doador. “Precisamos incorporar a doação na nossa cultura e ainda que a morte seja um tema muito difícil de lidar, é importante falar sobre a vontade ou não de doar”.

Para esclarecer a população sobre o assunto, Leny Passos, informa que serão realizadas ações e campanhas para sensibilizar a população e garantir a doação de órgãos em um número cada vez maior. A estimativa da Susam é de que será possível, a partir de um ano, reduzir entre 30% e 40% a lista de espera por um rim. A meta é realizar o primeiro transplante ainda no mês de junho.

Captação – Leny Passos explica que algumas etapas importantes precisam ser realizadas antes da captação do órgão, incluindo testes de sorologia para descartar doenças infecciosas impeditivas ao transplante e testes de compatibilidade. por meio de exame de HLA. No Estado, estes testes são viabilizados por laboratório especializado, instalado na Fundação Hemoam.

O rim só é captado com a confirmação de compatibilidade com um dos pacientes inscritos para o transplante. Após a captação, o órgão retirado é transporatdo imediatamente para a unidade hospitalar onde será feito o transplante. No caso dos rins entre a captação e o transplante no paciente o tempo não pode ultrapassar as seis horas.

Leny Passos informa que a identificação do paciente que irá receber o órgão obedece a comptabilidade genética e prioridades de atendimento definidas pelo Ministério da Saúde e que incluem idade e tempo de espera.

No Amazonas, os transplantes serão feitos no Hospital Santa Júlia, unidade privada, conveniada com o SUS, onde já são feitos os transplantes renais com órgãos de doadores vivos. O Hospital realizou até o momento 169 procedimentos do tipo.

Para o secretário de estado da Saúde, Wilson Alecrim, com a entrada nesta nova etapa, o Amazonas está não só ampliando a possibilidade de transplante para os pacientes renais crônico, mas também promovendo um aperfeiçoamento técnico e científico que trará melhoria de todos os serviços associados. “Os próximos passos do Estado serão a cpatação de múltiplos órgãos e a criação de novos serviços de transplante, com prioridade para os de fígado e, posteriormente, de coração”. Os transplantes de fígado devem começar a ser a realizados no prazo de dois anos.

A Central Estadual de Transplantes está insalada na Fundação Hospital Adriano Jorge, na Cachoeirinha, onde já funciona o Banco de Olhos do Amazonas, que viabilizou desde a sua criação, em 2005, 592 transplantes de córnea.

Profissionais de saúde recebem capacitação para o transplante

Para sensibilizar profissionais de saúde das unidades públicas e privadas onde são atendidos potenciais doadores de órgãos, a Secretaria de Estado da Saúde está promovendo um curso de formação de coordenadores hospitalares de transplantes. Cerca de cem pessoas estão sendo capacitadas. A abertura do curso ocorreu nesta quarta-feira (15) na Fundação Hospital Adriano Jorge.

A secretária executiva de Assitência à Saúde da Capital, Sandra de Lima Braga, disse que o Governo do Amazonas vem trabalhando intensamente desde o ano passado para criar as condições de realizar transplantes com órgãos de doador falecido. “Agora estamos prontos para começar esta nova etapa e incrementar as ações nesta área, que é importantíssima para elevar a qualidade de vida de pacientes crônicos e, a muitos deles, devolver a vida”.

O coordenador estadual de Trasnplantes de Santa Catarina, Joel de Andrade, que atua como consultor da Susam para a área de captação e transplante de órgãos, e é responsável pelo curso de formação, disse que médicos, enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos e outros profissionais de saúde, devem mostrar às pessoas a importância de se ver dos dois lados. “Quem decide hoje sobre a doação de um familiar, amanhã poderá precisar de um órgão, por isso costumo dizer que a doação é boa para todos”. Alpém disso, destaca, “famílias relatam que a doação dos órgãos muitas vezes é a única coisa que faz sentido diante da tragédia da perda”.

Joel de Andrade está trazendo para o Amazonas a experiência do estado de Santa Catarina, um dos mais bem sucedidos na área de transplantes. “Esta é uma cooperação entre estados, com o objetivo de consolidar os processos de doação e transplante e beneficiar um número cada vez maior de pessoas que estão na fila aguardando por um órgão”.

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Andréa Arruda – Francismar Lopes