Amazonas é exemplo no controle da dengue

O Amazonas está conseguindo manter o controle da dengue enquanto, na média nacional, o Brasil registra um crescimento de 45% no número de casos.

De acordo com o Ministério da Saúde foram registrados em todo o país cerca de 439 mil casos da doença entre janeiro e julho deste ano. No Amazonas, no mesmo período, apenas 583 pessoas tiveram dengue, quase todas em Manaus. Somente dez casos foram registrados no interior – seis em Borba, um em Itacoatiara e três em Nova Olinda Norte Nos outros cinqüenta e sete municípios nenhum caso foi registrado desde o início do ano.

O secretário de Estado da Saúde, Wilson Alecrim, garante que o controle da doença deve-se a ações estratégicas diferenciadas do restante do país, que priorizam a prevenção, e o esclarecimento da população quanto a medidas de proteção.

Ele também destaca a rapidez no diagnóstico e no tratamento como fator de redução do agravamento dos casos e do baixo índice de morte por febre hemorrágica de dengue. Dos 124 casos suspeitos este ano, 30 foram confirmados e apenas uma morte foi registrada. A Fundação de Medicina Tropical (FMT) e a Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), ambas vinculadas à Secretaria de Estado da Saúde, promovem periodicamente atualizações sobre dengue para os médicos da rede pública e privada, visando precisão e rapidez no diagnóstico.

Dentre as ações de prevenção, a principal delas, segundo o secretário, é realização de levantamentos bimestrais dos riscos de infecção nos 56 bairros da capital. O levantamento avalia, por bairro, a quantidade de criadouros potenciais do mosquito Aedes aegypti, os criadouros ativos (onde existem larvas) e a quantidade de pessoas que adoeceram por dengue. Os resultados apontam para as áreas onde o trabalho de prevenção deve ser realizado com prioridade.

“Não trabalhamos mais no sentido de conter epidemias. Nosso foco é evitar a ocorrência de casos e para isso vamos em busca de informações precisas sobre os riscos”, afirma.

Segundo ele, o Ministério da Saúde orienta que os levantamentos sejam feitos a cada seis meses. “Preferimos fazer a cada dois meses para trabalhar com as condições reais de cada local”. O secretário diz que o Amazonas é um dos únicos do país a adotar esta conduta. “Enquanto fazemos o levantamento de risco seis vezes por ano, a maioria dos outros estados faz apenas uma ou duas vezes”.

De acordo com dados da FVS, uma das áreas que exige maior atenção é a zona Sul, onde foram registrados 37% do total de casos de dengue notificados em Manaus neste ano. “Intensificamos as ações nas áreas de risco, mas o monitoramento é feito em todos os bairros”, garante o secretário.

Esclarecimento e monitoramento reduzem riscos

Cerca de 430 agentes de endemias visitam casas, prédios residenciais, pontos comerciais, órgãos públicos e indústrias. Eles identificam criadouros do mosquito transmissor, eliminam esses criadouros e as larvas e orientam a população a evitar condições favoráveis para a proliferação do Aedes – principalmente o acúmulo de água em recipientes como vasos de planta, bebedouros, caixas d’água abertas e lixo.

As ações de esclarecimento são reforçadas pelos grupos de educação em saúde que também percorrem os bairros levando informações sobre a dengue e as formas de evitar a doença. Pesquisas do Ministério da Saúde, confirmadas pela FVS, mostram que 80% dos criadouros do Aedes aegypti estão em áreas residenciais.

Wilson Alecrim destaca que o Estado também adotou nova metodologia para o monitoramento de locais considerados estratégicos, como cemitérios, borracharias, estaleiros e ferros velhos. No total, 450 pontos foram mapeados na capital. Os agentes de endemias mantêm um calendário diário de visitação destes locais. Dezesseis pontos são visitados por dia.

Além disso, ações de limpeza dos bairros são desenvolvidas de forma articulada com a Secretaria Municipal de Saneamento e Limpeza Pública (Semulsp). “São promovidos mutirões de limpeza, tratamento de criadouros e ações educativas ao mesmo tempo”, explica

Para o secretário os bons resultados se devem à determinação da Secretaria de se antecipar ao surgimento dos casos. “Como fazemos o trabalho com base no risco potencial e antes mesmo que existam casos da doença, a possibilidade de epidemias é reduzida”.

Estado mantém menos de mil casos por ano

A dengue chegou ao Amazonas em 1998, quando mais de 13 mil pessoas tiveram a doença. Nos dois anos seguintes, os casos foram reduzidos para cerca de 6 mil casos por ano. Em 2001 aconteceu a segunda e maior epidemia do Estado, com quase 20 mil casos registrados. No ano seguinte a doença foi controlada e o número de casos foi reduzido.

A partir de 2004, mesmo com a circulação de três tipos diferentes de vírus, as notificações no Amazonas vêm sendo inferiores a 1 mil casos. A entrada de novos sorotipos aumenta a exposição das pessoas à infecção (não se tem dengue mais de uma vez pelo mesmo vírus) e eleva a possibilidade de epidemias e reações mais graves. “Ainda assim, a tendência de queda se manteve”, observa o secretário estadual de saúde, Wilson Alecrim.

Ele lembra que o Ministério da Saúde está há cerca de dois anos em alerta quanto a entrada do sorotipo 4 no Brasil. “E o Amazonas pode ser a porta de entrada porque este sorotipo já circula na Venezuela, destino de um número elevado de amazonenses nas férias e feriados prolongados”.

A chegada do tipo 4 aumenta as chances de mais casos de febre hemorrágica, que pode ocorrer na segunda ou terceira vez em que a pessoa tem dengue, quando o organismo está predisposto a reagir à doença com maior intensidade. Por isso, garante, a vigilância é constante. “Não podemos evitar a circulação do vírus, mas estamos atentos”. Ele explica que o controle dos sorotipos em circulação no Estado é monitorado por exames de laboratório.

Wilson Alecrim orienta a população a evitar o agravamento da dengue procurando o serviço médico logo nos primeiros sintomas. Melhor que isso, garante, é evitar a ocorrência da dengue, com o envolvimento de todos nas ações de prevenção. “Conseguimos nos manter na contramão da grande maioria dos estados brasileiros e muito longe da realidade de Mato Grosso do Sul, Paraná e Rio de Janeiro que, juntos, responderam por quase 137 mil casos de dengue neste ano”.

_____________________________________________
Assessoria de Comunicação da SUSAM – (92) 3643-6327