Amazonas realiza campanha de prevenção ao câncer de pele
Acontece em todo o país, no dia 26 de novembro, a XIII Campanha Nacional de Prevenção do Câncer de Pele. Inserido no contexto, o Amazonas participará com atendimento voluntário para a população, entre 8h e 15h, em várias unidades de saúde da capital, com foco em lesões suspeitas da doença, além de distribuição de material informativo sobre fotoproteção e palestras. As atividades acontecerão na Fundação Centro de Controle de Oncologia do Amazonas (FCecon), Fundação Alfredo da Matta e Fundação de Medicina Tropical do Amazonas, além do Ambulatório Araújo Lima, localizado na Universidade Federal do Estado do Amazonas (Ufam).
Segundo o dermatologista oncológico Fábio Francesconi, a estimativa é que os atendimentos alcancem um público de 500 pessoas, com a participação de 30 dermatologistas e um número significativo de acadêmicos da área de saúde. Ele explica que todas as capitais brasileiras, bem como vários municípios do interior, estão engajadas na campanha, que tem como idealizadora a Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Na FCecon, localizada na rua Francisco Orellana, Planalto, Zona Centro-Oeste, a atividade ocorre no Ambulatório, com a presença de especialistas da Sociedade Amazonense de Dermatologia.
De acordo com o especialista, é preciso suspeitar de lesões que sofrem modificações na pele, tais como crescimento, modificação de cor, mudança de textura, além de surgimento de sintomas como sangramento e coceira. “Atenção especial para novos sinais que surgem no corpo, principalmente se a pessoa tem mais de 35 anos de idade”, alerta Francesconi.
Para ele, o aspecto mais preocupante é o diagnóstico tardio, que impede que o tratamento seja rápido e eficaz, e deixando de lado a garantia de cura da doença em alguns casos.
Segundo estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca), em 2010 o câncer de pele acometeu 690 pessoas no Estado. O instituto aponta, ainda, que entre 2006 e 2009, a doença causou 38 mortes no Amazonas.
Fotoproteção
Até pouco tempo os fotoprotetores eram classificados como cosméticos. Mas, hoje, são reconhecidos como drogas que protegem a estrutura e função da pele contra os danos causados pelo sol.
Atualmente a importância do uso de fotoprotetores já é reconhecida pela população como um ato de promoção de saúde. Contudo, a adesão ainda não é a adequada. “Além disso, muitos anúncios prometem resultados que ainda não foram comprovados cientificamente. A idéia é incorporar a fotoproteção como um tema médico, com substrato científico e baseado em evidências laboratoriais e clínicas”, ressalta o dermatologista.
Ele lembra que no I Congresso Pan Amazônico de Oncologia, ocorrido na última semana, foram abordados assuntos relacionados ao tema e seus aspectos técnicos, no intuito de barrar a divulgação de informações de forma errônea, permitindo assim a atualização dos profissionais da área da saúde e fazendo com que a escolha do fotoprotetor seja individualizada conforme a necessidade do paciente, reconhecendo, principalmente, quais são as proteções e limitações de cada produto.
Francesconi corrobora informações de conhecimento público, mas que devem ser lembradas a título de prevenção, tais como os fatores de risco para o câncer de pele: pele clara, exposição solar contínua e intermitente (como a dos finais de semana) e história familiar, no caso de registro da doença.
Tipos de câncer de pele
Segundo informações do Instituto Nacional do Câncer (Inca), o melanoma cutâneo é um tipo de câncer de pele que tem origem nos melanócitos (células produtoras de melanina, substância que determina a cor da pele) e tem predominância em adultos brancos. Embora o câncer de pele seja o mais frequente no Brasil e corresponda a 25% de todos os tumores malignos registrados no País, o melanoma representa apenas 4% das neoplasias malignas do órgão, apesar de ser o mais grave devido à sua alta possibilidade de metástase.
O prognóstico desse tipo de câncer pode ser considerado bom, se detectado nos estádios iniciais. Nos últimos anos, houve uma grande melhora na sobrevida dos pacientes com melanoma, principalmente devido à detecção precoce do tumor.
Como os outros tipos de câncer de pele, o melanoma pode ser prevenido, evitando-se a exposição ao sol no horário das 10h às 16h, quando os raios são mais intensos, uma vez que o maior fator de risco para o seu surgimento é a sensibilidade ao sol (queimadura pelo sol e não bronzeamento). Mesmo em outros períodos recomenda-se a utilização de proteção como chapéu, guarda-sol, óculos escuros e filtros solares com fator de proteção 15 ou superior.
Outros fatores de risco são: a pele clara, a exposição excessiva ao sol, a história prévia de câncer de pele, história familiar de melanoma, nevo congênito (pinta escura), maturidade (após 15 anos de idade a propensão para este tipo de câncer aumenta), xeroderma pigmentoso (doença congênita que se caracteriza pela intolerância total da pele ao sol, com queimaduras externas, lesões crônicas e tumores múltiplos) e nevo displásico (lesões escuras da pele com alterações celulares pré-cancerosas).
O melanoma pode surgir a partir da pele normal ou de uma lesão pigmentada. A manifestação da doença na pele normal se dá após o aparecimento de uma pinta escura de bordas irregulares acompanhada de coceira e descamação. Em casos de uma lesão pigmentada pré-existente ocorre aumento no tamanho, alteração na coloração e na forma da lesão, que passa a apresentar bordas irregulares.
São consideradas na hora do diagnóstico a coloração da pele que varia do castanho-claro passando por vários matizes chegando até à cor negra (melanoma típico) ou a presença de área com despigmentação (melanoma com área de regressão espontânea).
O crescimento ou alteração da forma é progressivo e se faz no sentido horizontal ou vertical. Na fase de crescimento horizontal (superficial), a neoplasia invade a epiderme (camada mais superficial da pele), podendo atingir ou não a derme papilar superior (camada intermediária da pele). No sentido vertical, seu crescimento é acelerado através da espessura da pele, formando nódulos visíveis e palpáveis.
A cirurgia é o tratamento mais indicado. A radioterapia e a quimioterapia também podem ser utilizadas dependendo do estágio do câncer. Quando há metástase (o câncer já se espalhou para outros órgãos) , o melanoma é incurável na maioria dos casos. A estratégia de tratamento para a doença avançada deve ter então como objetivo aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente
Pele não Melanoma
Este é o câncer mais frequente no Brasil e corresponde a 25% de todos os tumores malignos registrados no país. Apresenta altos percentuais de cura, se for detectado precocemente. Entre os tumores de pele, o tipo não-melanoma é o de maior incidência e mais baixa mortalidade.
Como a pele – maior órgão do corpo humano – é heterogênea, o câncer de pele não-melanoma pode apresentar tumores de diferentes linhagens. Os mais frequentes são: carcinoma basocelular, responsável por 70% dos diagnósticos, e o carcinoma epidermoide, representando 25% dos casos. O carcinoma basocelular, apesar de mais incidente, é também o menos agressivo.
Além da exposição ao sol, outros fatores de risco são a exposição a agentes químicos (arsênico) e a radiação ionizante, processo irritativo crônico (úlcera de Marjolin), genodermatoses (xeroderma pigmentosum, etc.).
Esse tipo de câncer é mais comum em adultos, com picos de incidência por volta dos 40 anos. Porém, com a constante exposição de jovens aos raios solares, a média de idade dos pacientes vem diminuindo. Entre os sintomas, estão feridas na pele cuja cicatrização demore mais de quatro semanas, variação na cor de sinais pré-existentes, manchas que coçam, ardem, descamam ou sangram. Nesses casos, deve-se procurar o mais rápido possível o médico dermatologista (especialista em pele).
O câncer de pele não-melanoma pode apresentar dois tipos de diagnóstico. O carcinoma basocelular é diagnosticado através de uma lesão (ferida ou nódulo), e apresenta evolução lenta. O carcinoma epidermoide também surge por meio de uma ferida, porém, evolui rapidamente e vem acompanhado de secreção e coceira. A maior gravidade do carcinoma epidermoide se deve à possibilidade dele apresentar metástase (espalhar-se para outros órgãos).
A cirurgia também é o tratamento mais indicado tanto nos casos de carcinoma basocelular como de carcinoma epidermoide. Porém, o carcinoma basocelular de pequena extensão pode ser tratado com medicamento tópico (pomada) ou radioterapia. Já contra o carcinoma epidermoide, o tratamento usual combina cirurgia e radioterapia.
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Ana Carolina Barbosa
Comunicação FCecon
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