Amazonas registra primeiro caso de dengue tipo 4

As Secretarias Municipal e de Estado da Saúde (Semsa e Susam) informaram nesta terça-feira (4) que exames sorológicos realizados pelo Instituto Evandro Chagas (IEC), em Belém, confirmaram a ocorrência do primeiro caso de dengue tipo 4 (DENV4), em Manaus. Em nota técnica conjunta, assinada pelos secretários de Saúde Francisco Deodato, da Semsa, e Wilson Alecrim, da Susam, os dois órgãos anunciaram o reforço das medidas de controle da dengue na capital, incluindo a ampliação das chamadas “unidades sentinelas” – onde os pacientes com suspeita da doença são submetidos a testes rápidos para confirmação do diagnóstico. Também voltaram a alertar todas as unidades de saúde das redes pública (municipal e estadual) e particular, sobre a obrigatoriedade de notificação dos casos suspeitos de dengue.

Em virtude da confirmação de 10 casos de dengue tipo 4 no vizinho Estado de Roraima, as autoridades de saúde da Prefeitura de Manaus e do Governo do Estado já vinham trabalhando, desde o ano passado, com a possibilidade da introdução do vírus no Amazonas.

O caso confirmado em Manaus é de um paciente do sexo masculino, de 13 anos, morador do bairro do Coroado, zona Leste da cidade. Amostras de sangue do paciente foram enviadas ao IEC pelo Laboratório Central do Estado (Lacen).

Até o momento, o Serviço de Pronto Atendimento Danilo Corrêa e o Pronto Socorro Infantil da Zona Oeste vinham funcionando como “unidades sentinelas” ou seja, como referência para o teste rápido da dengue. A partir de agora, passam a integrar a lista o Pronto Socorro e Hospital João Lúcio (adulto e infantil); Pronto Socorro e Hospital 28 de Agosto; Pronto Socorro da Unimed (adulto e infantil); Serviço de Pronto Atendimento do Coroado e Hospital Adventista de Manaus. Com as novas unidades a capacidade de monitoramento da circulação dos vários sorotipos da dengue está sendo ampliada e deve permitir melhor direcionamento das ações de controle da doença, destacam os dois secretários.

Outra medida adotada é a avaliação da amplitude da reprodução do DENV-4 na área de ocorrência do sorotipo, com visitas casa a casa, pelos agentes de saúde, na busca de casos suspeitos e coleta de material para isolamento viral naqueles com evolução de até três dias da doença. Será também intensificado o combate ao mosquito transmissor da dengue por meio da nebulização espacial (fumacê), em todos os bairros de Manaus. Além disso, serão reforçadas as atividades de educação em saúde e mobilização social.

Sintomas da doença – Os sintomas das quatro variações de dengue (tipos 1,2, 3 ou 4) são os mesmos, entre eles dor de cabeça, dores no corpo e articulações, febre, diarreia e vômito. O tratamento também é idêntico. O DENV4 não é mais potente ou perigoso que os demais. O que preocupa as autoridades de saúde, informam os secretários, é que a população brasileira não tem imunidade contra o tipo 4, que não circulava no País há mais de 28 anos.

De acordo com dados da Fundação de Vigilância em Saúde, Manaus tem conseguido manter a dengue sob controle, impedindo a ocorrência de epidemia, como tem acontecido em várias cidades brasileiras, inclusive nas grandes capitais. O modelo de controle está baseado na parceria institucional, com o envolvimento de todos os órgãos da Prefeitura, do Estado, sobretudo a Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), das Forças Armadas, iniciativa privada e sociedade civil organizada.

Operação Impacto – No último dia 14, a Prefeitura de Manaus lançou a Operação Impacto de Combate à Dengue, que já inspecionou mais de 30 mil imóveis, distribuídos em todas as zonas da cidade. A Operação é coordenada pela Semsa e realizada em parceria com a FVS, Corpo de Bombeiros e Forças Armadas. No total, 3.200 agentes e militares estão envolvidos nas atividades de identificação e tratamento de criadouros do mosquito transmissor da doença, em imóveis de todas as zonas da cidade. O cronograma de visitas da Operação, que se estenderá até o final de março, prevê inspeções em 392.882 imóveis.

Também está agendado para o mês de janeiro o lançamento, pelo Governo do Estado e pela Prefeitura de Manaus, de uma nova campanha de combate à dengue, com a veiculação de mensagens em rádio, televisão e impressos, na capital e nos municípios prioritários para o controle da doença no interior do Estado.
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Reportagem: Terezinha Torres

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NOTA TÉCNICA

A partir da introdução do vírus da dengue em Manaus em 1998, a cidade vivenciou duas importantes epidemias, 1998 e 2001, com 13.873 e 18.504 casos, respectivamente. Nos anos subseqüentes, a doença vem comportando-se com oscilações dos níveis endêmicos, com a maioria dos casos ocorrendo no período das chuvas, sem registro de elevações importantes, mesmo com a introdução do sorotipo 3, em 2002.

Nos últimos anos, o país convive com a circulação de três sorotipos, denominados como DENV-1, DENV-2 e DENV-3. Em julho de 2010 foi notificado e, posteriormente, confirmado em Boa Vista – Roraima, a circulação do sorotipo 4 –DENV-4. Considerando-se ser a dengue uma doença humana cuja vulnerabilidade à áreas onde não circula um determinado sorotipo está diretamente relacionada com a mobilidade humana e a suscetibilidade da população, o estado do Amazonas, em particular sua capital Manaus, representa a área de maior vulnerabilidade à introdução deste novo sorotipo. Como principal medida preventiva foi intensificado o monitoramento da circulação viral, objetivando detectar precocemente a presença do DENV-4 na capital. Deste procedimento, em 03.01.2011, as Secretarias de Saúde do Estado e município de Manaus foram comunicadas de um caso com isolamento viral positivo para DENV-4, de um paciente oriundo da área urbana do município de Manaus.,

Trata-se de um paciente do sexo masculino, de 13 anos, morador do bairro do Coroado em Manaus, sem história de deslocamento para áreas de reconhecida circulação do sorotipo 4, portanto considerado caso autóctone (transmissão ocorrida em Manaus).

Diante dos fatos, a Secretaria de Estado da Saúde por meio da Fundação de Vigilância em Saúde, em conjunto com a Secretaria Municipal de Saúde do município de Manaus, a partir de 04.01.2011, passou a desenvolver as seguintes ações:

a) Avaliação da amplitude da reprodução do DENV-4 na área de ocorrência do sorotipo, com visitas casa a casa, pelos Agentes de Saúde na busca de casos suspeitos e coleta de material para isolamento viral naqueles com evolução de até três dias de doença;

b) Ampliação do sistema de monitoramento da circulação viral em serviços de saúde estratégicos da capital (unidades sentinela);

c) Implementar o sistema de notificação de casos suspeitos e confirmados em toda rede de serviços de saúde da capital;

d) Intensificar o combate ao mosquito adulto com a ampliação da cobertura da nebulização espacial (fumacê) em todos os bairros de Manaus;

e) Intensificação do combate ao vetor em sua fase aquática (larva), em desenvolvimento, através da Operação Impacto;

f) Intensificar atividades de educação em saúde e mobilização social.

g)

Essas medidas visam minimizar ou mesmo eliminar o impacto que poderia ocorrer no comportamento da doença, lembrando que estamos atravessando um período de intensas chuvas que permite a maior reprodução do vetor e, conseqüentemente, maior possibilidade de transmissão.

Vale ressaltar que o DENV-4 tem na doença humana as mesmas características dos demais sorotipos, não determinando doença com maior gravidade.

A Secretaria de Estado da Saúde, por meio da Fundação de Vigilância em Saúde e a Secretaria de Saúde do Município de Manaus, com o apoio do Ministério da Saúde, realiza o monitoramento da situação, intervindo ou intensificando quando necessário, objetivando manter a situação em total controle, como vivenciado em anos anteriores.

Dr. Wilson Duarte Alecrim Dr. Francisco Deodato