Bloqueio ao cólera inclui exame laboratorial e controle ambiental

A Secretaria de Estado da Saúde (Susam) implantou no Laboratório de Fronteiras de Tabatinga, a 1.108 km de Manaus, o exame bacteriológico para isolamento do vibrião colérico. Também determinou às equipes locais de vigilância ambiental a análise periódica da água de rios e igarapés, frequentemente utilizada pela população para consumo.

As medidas fazem parte das estratégias de bloqueio ao cólera. No início desta semana, equipe de especialistas da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), foi enviada à Tabatinga para avaliar os riscos de reintrodução da doença, em função da passagem pela região de mais de 600 haitianos que buscam refúgio no Brasil. O Haiti vive uma epidemia de cólera desde outubro do ano passado.

Nota Técnica, elaborada após os trabalhos de investigação epidemiológica, nesta quarta-feira (9), aponta para presença de 294 haitianos em Tabatinga, vivendo em diferentes bairros da cidade onde há superpopulação e péssimas condições higiênico-sanitárias. Por causa da sub-alimentação alguns apresentam sinais evidentes de desnutrição, de acordo com os especialistas.

Para chegar a Tabatinga, os migrantes haitianos fazem escala no Panamá, Quito (Equador), Lima e Iquitos (Peru) e aportam no município por via fluvial, cansados e fragilizados. O percurso total dura aproximadamente 15 dias. A grande maioria dos que estão em Tabatinga é formada por homens jovens e entre eles há cerca de 16 mulheres e duas crianças.

Sobre o risco de introdução da bactéria Vibrio cholerae, a Nota afirma que está descartada a hipótese de introdução através de doentes ou pessoas infectadas e ainda no período de incubação, que vai de cinco a sete dias, uma vez que este período é muito inferior ao tempo de percurso do Haiti ao Brasil e ao tempo de permanência de alguns dos migrantes. Os haitianos começaram a migrar em novembro do ano passado.

A entrada da bactéria por haitianos infectados mas sem sintomas não pode ser totalmente descartada, diz o informe. No entanto, as condições de vida precárias favorecem o surgimento de qualquer tipo de parasitose intestinal e, neste cenário, segundo os especialistas, um surto já teria ocorrido, e não ocorreu.

De acordo com a Nota não há registro de casos suspeitos de cólera entre haitianos ou brasileiros e também não há haitianos internados com quadro de diarréia aguda compatível com quadro de cólera.

A Nota destaca que o problema vivenciado hoje pelos haitianos é social e favorece a ocorrência de doenças, com transmissão hídrica ou alimentar, pessoa a pessoa ou mesmo em função da alteração da própria resistência orgânica dessas pessoas.

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Andréa Arruda
Francismar Lopes