Campanha Nacional contra Paralisia Infantil e Sarampo

Paralisia Infantil, Crianças a serem vacinadas: Menores de 5 anos
Sarampo: Crianças de 1 a 4 anos, mesmo tendo sido vacinadas

Senhores Secretários(as)

Durante os anos 70, pouco mais de 21 mil casos de poliomielite foram notificados no país, quando, em 1980, iniciaram as grandes campanhas nacionais de vacinação contra esta enfermidade, com uso massivo da vacina oral atenuada na população menor de 5 anos de idade, faixa etária mais acometida pela paralisia infantil. No decorrer dos anos 80, o impacto epidemiológico mostrou-se animador e, nesta década, apenas 2,8 mil casos de poliomielite foram notificados no país, nas cinco macrorregiões. Já em 1981, houve uma queda brusca em 90% do número de casos em relação ao ano anterior e, com o passar dos anos, ajustes nas medidas de controle concretizaram, enfim, a interrupção da transmissão autóctone do poliovírus selvagem, certificada pela OMS em 1994.
O sarampo se constitui numa enfermidade altamente contagiosa, causa de muitos sofrimentos e mortes entre crianças menores de 5 anos, sobretudo as desnutridas e de países subdesenvolvidos, em vista das suas frequentes complicações. No Brasil, na década de 80, foram registrados em mais de 650 mil casos, com 15,6 mil óbitos. Somente em 1986, foram notificados quase 130 mil casos. Entre 1990 e 1991, acrescem-se mais de 100 mil casos. Os surtos do sarampo assustavam as autoridades do país, que elaboraram em 1992 um Plano de Eliminação até o ano 2000, quando duas estratégias básicas foram priorizadas: a campanha nacional de vacinação para a faixa etária de 9 meses a 14 anos, indiscriminadamente, e a implementação da vigilância epidemiológica. O impacto da campanha foi imediato, levando a uma redução do número de casos notificados em 81% e a queda persistiu até 1996, quando no ano seguinte uma importante epidemia se estende por quase todo o país. O país intensificou a luta contra a doença, focalizando a meta de erradicação da enfermidade.
A vacina se constitui na única forma de prevenir a ocorrência do sarampo na população e o risco da doença para indivíduos suscetíveis é contínuo em função da circulação viral em outros países do mundo e do fluxo de viagens internacionais. Isto aponta para a importância da manutenção de altas coberturas vacinais do esquema básico, assim como ocorre com a pólio, mínimas de 95%, em todas as micro-regiões geopolíticas, a fim de que se possa evitar a formação de bolsões de suscetíveis e garantir a ausência de transmissão. Os principais fatores que contribuem para o acúmulo dos suscetíveis numa dada área geográfica são a heterogeneidade de coberturas vacinais para cada coorte de nascimentos e as falhas na viragem imunológica apresentadas por cerca de 2 a 5% dos indivíduos vacinados. Assim sendo, mesmo com a obtenção de elevados níveis de cobertura vacinal, espera-se que uma determinada fração de crianças vacinadas não adquiram imunidade, uma vez que a vacina não garante 100% de eficácia, necessitando de uma nova oportunidade, um novo estímulo imunogênico com outra dose vacinal, a fim de garantirem uma imunidade duradoura.
Em 21 de agosto, próximo, ocorrerá no país mais uma campanha nacional de vacinação. Na ocasião, deverão ser vacinados todos os menores de cinco anos de idade contra a poliomielite com a vacina oral (as gotinhas) e a população de 12 meses a 4 anos de idade com a tríplice viral (contra sarampo, rubéola e caxumba). Assim, as crianças nesta faixa etária receberão as duas vacinas, na mesma ocasião. A vacinação será indiscriminada, ou seja, todos na citada faixa etária deverão ser vacinados, independente da situação vacinal anterior.
O poliovírus, que hoje circula em alguns países destas regiões, pode a qualquer momento ser reintroduzido em áreas do mundo já livres. Os dados globais da OMS apontam a África como o continente mais difícil. O número de casos de pólio referentes a 2004, naquela região, segundo os dados, cresceram em relação ao mesmo período em 2003 , principalmente no oeste e centro africano. O Sudão, por exemplo, voltou a registrar casos depois de mais de 3 anos já sem ocorrências. Na Nigéria, boatos prejudiciais sobre a vacina dificultam as ações de imunizações.
Na década de 90, estimativas da OMS referiam a ocorrência de mais de 45 milhões de casos de sarampo a cada ano em todo o mundo, contribuindo com cerca de um a dois milhões de mortes, por complicações da doença, as quais atingem mais freqüentemente os menores de dois anos de idade. Atualmente, nos países que conseguem manter coberturas adequadas de vacinação, a doença foi controlada. Desde 1994, os governos dos países do Continente Americano (OPAS) definiram a meta de sua erradicação na região e todos os esforços caminham nesta direção. No Continente, em 2004, até a semana 25, foram notificados 14.047 casos suspeitos de sarampo, dos quais 3.036 estão em investigação e 86 foram confirmados (77 importados e os demais confirmados nos Estados Unidos). Dos casos notificados, 5.501 ocorreram no Brasil, com 942 em investigação e nenhum caso confirmado até a semana informada1.
A última grande epidemia de sarampo no Brasil ocorreu em 1997, com mais de 53 mil casos confirmados e 61 óbitos, dos quais 60% foram em menores de 5 anos de idade . A maioria dos casos não eram vacinados ou haviam recebido apenas uma dose da vacina. Em 1999, foi instituído o Plano de Erradicação do Sarampo, com a meta de interromper a transmissão do vírus desta doença no território nacional até o ano 2000. Dentre as estratégias desenvolvidas para o alcance desta meta, destaca-se a formação de um grupo tarefa para atuar junto à vigilância epidemiológica de cada UF e a intensificação das atividades de vacinação. O resultado desta política de vigilância e controle adotada resultou em uma redução consistente no número de casos confirmados de sarampo no país. No período de 2001 até a semana nº. 27/2004, apenas quatro casos de sarampo foram confirmados, todos importados, procedentes do Japão e Europa.
Deverão ser vacinadas no estado, 426.197 crianças na faixa etária de zero a quatro anos de idade com a vacina oral contra poliomielite e 342.821 crianças de 12 meses a 4 anos de idade com a vacina tríplice viral (contra sarampo, rubéola e caxumba).
Recomenda-se aos Gestores Municipais o mínimo de 95% de cobertura vacinal em ambas as vacinas, para que possamos continuar com a erradicação da pólio e o controle do sarampo.
Dada a complexidade desta campanha e visando atingirmos cobertura mínima de 95% o período para realização das atividades será de 21 de agosto à 03 de setembro.

Dra. Mª Izabel Nogueia do Nascimento
Gerência de Ações de Imunização/SUSAM