Capacitação de médicos para controle da tuberculose
O treinamento, iniciado nesta semana, visa intensificar a identificação precoce da doença e integrar as atividades de ensino – faculdades da área da saúde e residência médica – ao serviço desenvolvido pela coordenação nas ações de diagnóstico e tratamento da tuberculose. Estão participando do curso, no auditório da Fundação Hospital Adriano Jorge, cerca de 30 médicos do Centro de Referência Cardoso Fontes, da Fundação de Medicina Tropical (FMT-AM), Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e profissionais do Programa Médico da Família.
A secretária estadual de Saúde, Leny Passos, diz que o treinamento faz parte das propostas do Governo para reduzir ainda mais a incidência da tuberculose no Estado. Em 2003, o Amazonas registrou a menor taxa de casos novos dos últimos 12 anos. Foram 64 casos por grupo de 100 mil habitantes. “As ações de diagnóstico foram intensificadas em Manaus e nos municípios onde a doença ocorre com maior freqüência, como São Gabriel da Cachoeira, Itacoatiara e Parintins”, destaca Leny. “O passo agora é essa multiplicação das informações junto aos professores, instituições de ensino e programas de saúde para que os profissionais já cheguem às unidades de saúde preparados para suspeitar e diagnosticar os casos de tuberculose”.
De acordo com a secretária, o Governo do Amazonas está buscando parcerias para incrementar suas ações na área de saúde. O treinamento atual, por exemplo, conta com a participação do médico José Vale, do Programa Nacional de Combate à Tuberculose do Ministério da Saúde. Ele veio discutir com a secretaria a inserção, a partir do próximo ano, de matérias, palestras e disciplinas, nas faculdades de saúde, voltadas exclusivamente para o diagnóstico, tratamento e controle da doença.
Além de reduzir a incidência, a Susam está desenvolvendo ações para diminuir o abandono de tratamento. Com acompanhamento sistemático aos pacientes, a partir de um modelo utilizado mundialmente, o Governo do Estado espera baixar os atuais 11% de abandono para apenas 5%, o que garante maior percentual de cura e diminuição dos riscos de transmissão.
No Centro de Referência Cardoso Fontes são atendidos em média 50 pessoas por dia com suspeita de tuberculose. A maioria dos pacientes vai fazer confirmação de diagnóstico. Muitos também vão ao Centro para o primeiro diagnóstico após o surgimento dos sintomas típicos – tosse, febre, dor no tórax, falta de apetite, perda de peso e suor noturno. Em 2003, a Susam identificou 2.015 pessoas com diagnóstico positivo.
O índice de mortalidade por tuberculose é baixo no Amazonas, 3 para grupos de 100 mil. “As mortes ocorrem por não adesão ao tratamento, resistência a todas as drogas disponíveis e associação com outras doenças como a Aids”, explica Leny Passos.
Atualmente, 22 países, incluindo o Brasil, respondem por 80% do total de casos de tuberculose no mundo. A maior concentração está nos países africanos, onde a incidência pode chegar a 800 casos para cada grupo de 100 mil habitantes. No Brasil, a taxa de incidência é de 54/100 mil, com 85 mil novas vítimas por ano, sendo cerca de 2 mil no Amazonas.