Cardiopatas estão sendo operados em Manaus
Treze crianças portadoras de cardiopatias congênitas, que precisariam viajar para receber tratamento fora do Estado, já passaram por intervenção cirúrgica no próprio Amazonas. As cirurgias foram realizadas através de convênio firmado entre a Secretaria de Estado da Saúde (Susam) e o Hospital Santa Júlia. As crianças submetidas ao procedimento, considerado de alta complexidade, fazem parte do grupo de pacientes que foram inicialmente inscritos no Programa de Tratamento Fora Domicílio (TFD), vinculado ao Governo do Estado e ao Ministério da Saúde, e aguardavam a liberação de leito em um dos centros de atenção à cardiologia pediátrica do país.
De acordo com as equipes médicas, mais de 80% das cirurgias viabilizadas pelo contrato firmado entre a Susam e a Ufam foram realizadas com sucesso. A idade dos primeiros pacientes beneficiados varia de dois meses a 14 anos. A coordenação do TFD informa que estão sendo realizados cerca de dois procedimentos por semana e que, além da cirurgia as crianças recebem acompanhamento no pré e no pós-operatório, com a realização de exames, avaliação médica e suporte multidisciplinar, até receberem alta hospitalar.
De acordo com a coordenação do TFD outras 43 crianças com problemas graves no coração já estão cadastradas e serão encaminhadas para cirurgia no Santa Júlia. O contrato vai cobrir inicialmente até 60 cirurgias. As intervenções estão sendo realizadas de acordo com um cronograma preestabelecido, com prioridade definida pela gravidade e riscos para a criança.
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Cateterismos terapêuticos, por meio dos quais problemas cardíacos menos complexos podem ser solucionados sem a necessidade de abertura do tórax, também já estão sendo realizados no Amazonas. Os procedimentos são oferecidos no Hospital Universitário Francisca Mendes desde o ano passado. A unidade deve se tornar referência em cardiologia no Estado. Atualmente, além dos cateterismos mantém consultas e diagnóstico para todas as faixas etárias e realiza cirurgias em pacientes adultos.
O projeto que vai adequar o Hospital para as cirurgias pediátricas tradicionais está pronto e as obras, que incluem a construção e equipamento de uma UTI pediátrica, devem ser concluídas ainda no primeiro semestre de 2006.
Má formação – As cardiopatias congênitas são decorrentes de má formação do feto durante a gestação. As cardiopatias mais comuns, segundo os especialistas, estão ligadas à comunicação interarterial (CIA), quando há defeito no septo interatrial, que impede ou dificulta a passagem do sangue dos pulmões para o coração ou do coração para o resto do corpo. Também são comuns problemas de comunicação interventricular (CIV), quando ocorre má formação no septo interventricular, que fica entre os ventrículos esquerdo e direito.
Há ainda o que os especialistas classificam de persistência do canal arterial (PCA), que é o não fechamento do canal arterial, estrutura normal na circulação fetal, comunicando o tronco da artéria pulmonar e a aorta.