Casos de dengue caíram pela metade no AM

Até outubro de 2006, a Fundação de Vigilância em Saúde (FVS) registrou apenas 441 casos de dengue em todo o Amazonas. O número é 56% menor que o registrado em 2005. Entre os 62 municípios amazonenses apenas 14 apresentaram notificação da doença e nenhum caso de dengue hemorrágica foi registrado até o momento. Manaus e mais três municípios – Borba, Itacoatiara e Tabatinga – respondem por 97% das notificações, sendo que a capital concentra 88% deste total.

Em 2001 o Amazonas viveu sua segunda e maior epidemia de dengue. Foram quase 20 mil casos. No ano seguinte a doença foi controlada e desde 2004, mesmo com a circulação de três tipos diferentes de vírus, as notificações vêm sendo inferiores a 1 mil casos. A entrada de novos sorotipos aumenta a exposição das pessoas à infecção (não se tem dengue mais de uma vez pelo mesmo vírus) e eleva a possibilidade de reações mais graves. “Ainda assim, a tendência de queda se manteve”, observa o secretário estadual de saúde, Wilson Alecrim.

Para o secretário as reduções são resultados de novas medidas de controle e monitoramento, adotadas nos últimos três anos. A principal delas, segundo ele, é realização de levantamentos bimestrais, e não mais semestrais, dos riscos de infecção nos 56 bairros da capital. O levantamento avalia, por bairro, a quantidade de criadouros potenciais do mosquito Aedes aegypti, os criadouros ativos (onde existem larvas) e a quantidade de pessoas que adoeceram por dengue. Os resultados apontam para as áreas onde o trabalho de prevenção deve ser realizado com prioridade. “Não trabalhamos mais no sentido de conter epidemias. Nosso foco é evitar a ocorrência de casos e para isso vamos em busca de informações precisas sobre os riscos”, afirma.

O diretor presidente da FVS, Evandro Melo, explica que as áreas consideradas de risco são as que apresentam mais de 1 criadouro ativo em cada grupo de 100. Criadouros são locais com acúmulo de água identificados nas casas, quintais, estabelecimentos comerciais, terrenos e áreas públicas de cada bairro.

Risco – De acordo com levantamentos recentes, os bairros com alto risco de transmissão da dengue em Manaus são o Jorge Teixeira, onde foram registrados 15 casos da doença em 2006, e o São José, onde oito pessoas adoeceram. Nos dois bairros, o índice atual de infestação de mosquitos é superior a 4%. Também são áreas de risco os bairros Colônia Santo Antônio, Monte das Oliveiras, Aparecida, Presidente Vargas, Flores e Coroado, onde os índices variam entre 2% e 3%. Os outros 50 bairros oferecem baixo risco de transmissão. “Isso não quer dizer que estamos acomodados ou que a população deva abandonar as medidas de prevenção”, alerta Evandro Melo. Ele destaca que a razão do controle é a vigilância permanente.

Além das áreas com índice de infestação maior que 1%, alguns locais são considerados pela Fundação de Vigilância em Saúde estratégicos para o controle da dengue. São borracharias, cemitérios e ferros velhos, onde a possibilidade de acúmulo de água é mais elevada. Só em Manaus, este ano foram mapeados 450 deles. “Nestes locais, a visita dos agentes é feita a cada 15 dias, como medida de prevenção”, explica o diretor.

Nos bairros, o trabalho de prevenção é feito por cerca de 400 agentes que atuam exclusivamente no combate à dengue. Além das visitas domiciliares para eliminação dos focos de mosquito, com aplicação de inseticida e ações educativas, os agentes fazem busca ativa (identificação de pessoas com sintomas da doença).

Evandro Melo destaca que todo o trabalho de controle vem sendo feito em parceria com a população e com órgãos que desenvolvem atividades de impacto para a redução de doenças. É o caso da Secretaria Municipal de Saneamento e Limpeza Pública (Semulsp). A visita dos agentes aos bairros é agendada em conjunto com a Secretaria, que promove mutirões de limpeza. “A ação é articulada”, garante.

Depósitos de água para uso doméstico
são os maiores criadouros

Levantamentos da Fundação de Vigilância em Saúde mostram que depósitos de água para consumo, incluindo barris, tinas, tambores, tonéis, tanques, poços e cisternas, são responsáveis atualmente por 50% dos criadouros do mosquito da dengue. O grupo que antes era o preferido dos mosquitos para o desenvolvimento das larvas – lixo doméstico, recipientes plásticos, garrafas, latas, sucatas e entulhos – está agora em segundo lugar. Segundo o estudo, ainda são encontradas condições favoráveis para a proliferação do transmissor da doença em hortas, calhas, lajes, sanitários em desuso, piscinas, vasos com água, bebedouros e fontes ornamentais.

A zona Sul de Manaus ainda é a que concentra mais casos de dengue. Oitenta e dois moradores da área tiveram a doença este ano. Em seguida, estão a zona Oeste, Norte e Leste. Os bairros com o maior número de casos desde janeiro é a Cidade Nova (50 casos) e o Alvorada (31).

Entre os meses de novembro e março, o Estado costuma registrar os maiores picos de ocorrência da doença em função do período das chuvas e da maior proliferação do Aedes aegipty.

Estado não registra dengue hemorrágica

No Brasil 61 pessoas morreram por dengue hemorrágica, somente em 2006. Na contramão desta estatística, nenhum caso foi registrado no Amazonas.

Desde a primeira epidemia de dengue no Brasil, o Amazonas registrou apenas 114 casos de dengue hemorrágica e uma única morte, em 2001. De acordo com o infectologista Bernardino Albuquerque, diretor técnico da FVS, a dengue hemorrágica não está ligada a um tipo específico de vírus da dengue. “É uma manifestação exacerbada da doença, associada principalmente ao estado imunológico do paciente e suas reações próprias ao vírus”. Ele explica que a febre hemorrágica pode ocorrer na segunda ou terceira vez em que a pessoa tem dengue, quando o organismo está predisposto a reagir à doença com maior intensidade.

Para evitar a gravidade da doença, é importante procurar o serviço médico no início dos sintomas. “Mais eficaz ainda, é evitar a ocorrência da dengue”, destaca o médico. “Daí a importância do envolvimento da população nas ações de prevenção”.

O diretor orienta a população a procurar assistência médica caso surjam os sintomas da doença.

Informações Gerais sobre a Dengue

Dengue é uma doença febril aguda. A pessoa adoece quando é picada pelo mosquito Aedes aegypti infectado com o vírus. O mosquito costuma picar durante o dia, principalmente no início da manhã e no final da tarde.
Período de incubação
Após ser picado por um mosquito infectado, o período de incubação (até que apareçam os sintomas) varia de 3 a 15 dias, sendo em média de 5 a 6 dias.

Imunidade – Depois de ter dengue pessoa pode pegar novamente a doença, mas por outro sorotipo de vírus. A pessoa fica imune contra o primeiro sorotipo, mas pode ser contaminada pelos outros. Existem três sorotipos circulando no Brasil, o 1, o 2 e o 3. Em outros países já há o tipo 4. Os sintomas dos quatro são os mesmos independente e nenhum é mais grave do que o outro. O perigo se pegar dengue mais de uma vez é a febre hemorrágica de dengue. Ela acomete pessoas que já foram infectadas por um dos sorotipos e desenvolveram uma espécie de sensibilidade maior à doença.

Sintomas

 Febre
 Dor de cabeça
 Dor no corpo
 Dor “por trás” dos olhos
 Dor nas juntas e manchas vermelhas na pele

Tratamento

 Não há tratamento específico para o paciente com dengue clássico. O médico deve tratar os sintomas, como as dores de cabeça e no corpo, com analgésicos e antitérmicos (paracetamol e dipirona).
 Devem ser evitados os medicamentos a base de ácido acetilsalicílico, como o AAS, Aspirina, Melhoral, entre outros, pois o uso pode favorecer o aparecimento de manifestações hemorrágicas. É importante também que o paciente fique em repouso e beba bastante líquido.

Como evitar

A melhor maneira de evitar a dengue é impedir a reprodução do mosquito, eliminando locais com acúmulo de água, procurados pelo mosquito fêmea para depositar seus ovos.
 Tampar grandes depósitos de água como caixas de água, tanques, tinas, poços, fossas.
 Remover o lixo e detritos em volta da casa, evitando o acúmulo da água da chuva.
 Fazer controle químico, através de larvicidas seguros e fáceis de usar, ministrados pelos agentes de saúde.
 Limpar os recipientes de água. Não basta apenas trocar a água do vaso de planta ou esterilizar a água. É preciso lavar e esfregar as laterais e as bordas do recipiente, evitando que os ovos do mosquito se transformem em larvas.
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