Cirurgias cardíacas serão ampliadas em 2006
Os pacientes adultos que precisam de cirurgias cardíacas contarão com estrutura ampliada de atendimento na rede pública, a partir do próximo ano. O Hospital Universitário Francisca Mendes, que deu início ao atendimento de alta complexidade em cardiologia em dezembro do ano passado, vai aumentar sua capacidade de assistência, com a meta de chegar a 40 e posteriormente a 70 cirurgias por mês.
De acordo com o diretor geral Sérgio Ferreira Filho, durante este ano, o hospital realizou 123 cirurgias cardíacas, mantendo a média de dez a 15 procedimentos a cada mês. Além, disso, já foram feitas no Francisca Mendes 100 implantações de stent, uma espécie de mola que abre o vaso no local do estreitamento, por meio de cateterismo e sem necessidade de abertura do tórax.
Hoje (22), pacientes submetidos ao procedimento participam de um encontro com as equipes médicas da unidade, com a presença do secretário estadual de saúde, Wilson Alecrim e do governador Eduardo Braga. O governador disse que a política de saúde do governo estadual está voltada para a média e alta complexidade e que além da cardiologia, o Estado está estruturando as áreas de nefrologia, traumato-ortopedia e neurologia. “Assim teremos cobertura nas três grandes áreas da alta complexidade, com centros de referência”, afirmou.
Um dos pacientes operados e presentes às comemorações do Francisca Mendes foi Ademir Paulo Roma, 59. Há oito dias ele recebeu um stent e ontem disse estar se sentindo “maravilhosamente bem”. Na mesma situação encontrava-se Lourdes Roque, 37, submetida a uma cirurgia convencional para troca de válvula.
A ampliação dos serviços no Francisca Mendes está acertada com a Secretaria de Estado da Saúde e tem a finalidade de absorver a demanda local por tratamentos complexos na área de Cardiologia. “A intenção é que a totalidade dos pacientes diagnosticados possa receber todo o tratamento em Manaus, sem necessidade de ser encaminhado para outro estado”, informa o secretário Wilson Alecrim.
Para isso, o Francisca Mendes deverá aumentar para três o número de equipes médicas responsáveis pelas cirurgias, além de receber maior aporte financeiro do Ministério da Saúde, onde a unidade já está oficialmente credenciada para a realização das cirurgias cardíacas. O teto atual do SUS de R$ 114 mil, específico para este tipo de procedimento, deve subir para até R$ 600 mil mensais. O valor vai somar-se ao 1,7 milhão já repassado mensalmente pelo Governo do Estado, via contrato, à Universidade Federal do Amazonas (Ufam), responsável desde 2003 pela administração do hospital.
Hospital tem sete ambulatórios para tratar do coração
O diretor Sérgio Ferreira explicou que o Francisca Mendes já mantém em funcionamento sete ambulatórios para atendimento cardiológico. São os de Valvulopatia, Ritmologia, Insuficiência Coronariana, Cardiopatia Congênita, Distúrbios Metabólicos, Miocardiopatias e Cardiologia e Gravidez. Na área de diagnóstico a unidade já está estruturada para diversos serviços essenciais, incluindo eletrocardiografia, ergometria, cintilografia e Medicina Nuclear.
Além disso, o setor de Hemodinâmica funciona plenamente, viabilizando cateterismos em crianças e adultos. O método permite o diagnóstico de doenças por meio de exames como angiografias em geral (estudo dos vasos). Também garante a realização de alguns tratamentos que substituem as cirurgias tradicionais, dentre os quais crioblação (tratamento de arritmias) colocação de stents e tratamento com balão, também para desobstrução de vasos.
Dos tratamentos cirúrgicos já oferecidos no hospital, as pontes de safena (cirurgias de coronária) são as mais realizadas. Respondem por 70% do total de cirurgias cardíacas. Os outros 30% incluem troca ou correção de válvula, tratamento endovascular da aorta (colocação de próteses) e as correções de cardiopatia congênita feitas por cateterismo (sem necessidade de abrir o tórax). Treze crianças foram operadas com esta técnica em 2005.
Contratos dão suporte ao atendimento
O secretário Wilson Alecrim destaca que o Francisca Mendes é o hospital da rede SUS que será referência em cardiologia no Estado. Além dos adultos, a unidade vai realizar cirurgias pediátricas.
O projeto que vai adequá-lo para a correção de cardiopatias congênitas está pronto e as obras de adequação, que incluem uma UTI pediátrica, devem ser concluídas no primeiro semestre de 2006. O hospital já mantém um ambulatório de Cardiopatia Congênita e já realiza cateterismos terapêuticos, por meio dos quais problemas cardíacos menos complexos podem ser solucionados, sem a necessidade de abertura do tórax. Este tipo de cirurgia começou a ser realizado este ano e já contemplou 13 crianças menores de 12 anos.
Além do Francisca Mendes, já estão realizando cirurgias do coração, via contrato com o Governo do Estado, o hospital Beneficente Portuguesa e o Santa Júlia, que está voltado para a correção de cardiopatias congênitas. Outras unidades ainda podem ter contratos firmados com a Susam nos próximos meses, de acordo com o secretário. A meta é oferecer entre 100 e 150 operações por mês no serviço público estadual, evitando o deslocamento de pacientes para outros estados.