Combate ao fumo mobiliza centro de Manaus

Com o tema “Ambientes 100% livres do fumo: um direito de todos”, o Dia Nacional de Combate ao Fumo, 29, foi aberto oficialmente em Manaus com a mobilização de profissionais e autoridades de saúde, voluntários e estudantes que se reuniram no Largo de São Sebastião e nas ruas do centro de Manaus para chamar a atenção da população para os danos sociais, econômicos e ambientais relacionados ao tabagismo e, em especial, para os problemas causados pela exposição passiva ao fumo.

Ao longo da manhã, equipes do Departamento de Prevenção e Controle do Câncer da Fundação Cecon, da Coordenação Estadual do Programa de Tabagismo e Outros Fatores de Risco de Câncer do Amazonas e da Coordenação Municipal do Programa de Tabagismo visitaram lojas, shoppings e pontos comerciais distribuindo material informativo e orientando a população sobre problemas de saúde causados pelo fumo.

As equipes também divulgaram o Ambulatório do Fumante que funciona na Policlínica Codajás, da rede estadual, e o da Policlínica Comte Telles, da rede municipal de saúde.

O coordenador do programa estadual de controle do tabagismo, Aristóteles Alencar, destacou que o Dia Nacional encerrou uma série de atividades que vinham sendo realizadas na capital desde o início de agosto com o objetivo de mobilizar a população, em especial os jovens, para o controle e redução do uso de cigarro e outros produtos do tabaco. Ao longo do mês foram realizadas palestras e debates em escolas e universidades e ações educativas junto a diversas comunidades.

Passivos – Aristóteles Alencar destacou que este ano o foco da mobilização foram os fumantes passivos, ou seja, as pessoas que convivem com fumantes e estão expostas à fumaça do cigarro e aos mesmos riscos a que estão submetidos os fumantes ativos.

Ele disse que os fumantes passivos podem apresentar sintomas como irritação nos olhos, tosse, dor de cabeça e aumento dos problemas alérgicos e cardíacos, além de doenças que se manifestam em médio e longo prazo. Ele citou que, de acordo com estudos nacionais e internacionais, fumantes passivos têm um risco 23% maior de desenvolver doenças cardiovasculares e 30% mais chances de apresentar câncer de pulmão. Além disso, os que estão expostos à fumaça do cigarro têm mais propensão à asma e de redução da capacidade respiratória.

Crianças que convivem com o cigarro estão propensos a desenvolver doenças do coração, infecções respiratórias e asma brônquica. Os filhos de mães que fumaram durante a gravidez têm o dobro de chances de nascer com baixo peso. A possibilidade de aborto espontâneo é de 70% entre as fumantes grávidas e os riscos de morte após o nascimento é de 30%. A nicotina, transmitida através do leite materno, também produz intoxicação, principalmente se a mãe fuma 20 ou mais cigarros por dia.

O Instituto Nacional de Câncer (Inca) alerta que o tabagismo passivo é a terceira maior causa de morte evitável no mundo, superada apenas pelo tabagismo ativo e o consumo excessivo de álcool.

Segundo Aristóteles Alencar, é importante reforçar junto à população e, principalmente junto aos jovens, que o fumo – ativo e passivo – aumenta os riscos de doenças coronarianas e vasculares, alguns tipos de câncer como o de boca, faringe, laringe, pulmão, bexiga e colo do útero, entre outros. Além disso, o tabagismo pode causar impotência sexual, complicações na gravidez, aneurismas arteriais, úlceras do aparelho digestivo e infecções respiratórias.

17,5% fumam em Manaus – Dados divulgados pelo Inca mostram que em Manaus o percentual de fumantes é de 17,5% e que os não fumantes expostos à poluição por tabaco em domicílio chegam a 22,5%. Os dados fazem parte do Inquérito Domiciliar sobre Comportamento de Risco e Morbidade Referida de Doenças e Agravos não Transmissíveis, realizado em 2003 em 15 capitais brasileiras e no Distrito Federal. A população alvo do trabalho foram as pessoas com 15 anos ou mais.

Segundo o estudo, do total de homens entrevistados na capital 24,2% declaram ser fumantes. Entre as mulheres, o percentual cai pela metade: 12%. Em relação à faixa etária dos fumantes passivos, que têm contato com a poluição do cigarro em casa, o maior risco está na faixa etária de 15 a 24 anos. Do total de entrevistados, 30% das pessoas deste grupo etário informaram estão expostas. Entre os que têm mais de 25%, o percentual é de 18,8%.

Estatísticas da Fundação Cecon mostram que o câncer de pulmão é responsável pela morte de 13,7% do total de mortes registradas por câncer na unidade hospitalar. Entre os homens é o tipo de câncer que mais mata no Amazonas e entre as mulheres, é o segundo tipo, atrás apenas do câncer de colo de útero.

As orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) estipulam que lugares públicos e ambientes de trabalho sejam 100% livres de fumaça do tabaco. Tais diretrizes devem ser adotadas pelo Brasil e pelos demais países que ratificaram o tratado internacional da Organização Mundial de Saúde (OMS) que pretende frear a expansão do tabagismo pelo mundo. A proibição seria a melhor prática para proteger a todos dos riscos do tabagismo passivo.

Ambulatório – O Ambulatório do Fumante da Policlínica Codajás mantém, atualmente, 30 pessoas em tratamento para largar o vício do cigarro. Segundo a diretora da Policlínica, Joselita Nobre, o fumante é assistido por uma equipe multiprofissional e recebe suporte psicológico, médico e medicamentoso.

Para os que apresentam crise de abstinência, são fornecidos gratuitamente adesivos de nicotina e medicamento. Regularmente é realizada também a carboxmetria, para acompanhamento da redução de monóxido de carbono nos pulmões. Segundo Joselita cerca de 80% do total dos pacientes inscritos precisa do suporte medicamentoso.

Desde que foi inaugurado, em março de 2006, o Ambulatório já atendeu a mais de 500 pessoas, com resultado positivo para 60% dos casos.

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