Culto encerra Semana do Doador de Órgãos

Os 302 transplantes de córnea realizados no estado do Amazonas foram comemorados nesta sexta-feira (26) durante culto ecumênico realizado pela Gerência Estadual de Transplante e o Banco de Olhos do Amazonas. O culto encerrou as atividades da Semana de Doação de Córneas promovida pela Secretaria de Estado da Saúde (Susam), na qual foram intensificadas as ações de sensibilização dos profissionais de saúde e da sociedade em geral para a doação de órgãos.

Durante a celebração, familiares de doadores e pacientes inscritos na lista de espera por uma córnea deram seus depoimentos, destacando a importância da doação para a recuperação da visão de crianças e adultos.

O técnico em enfermagem Clóvis Carvalho, 34 anos, é um dos que aguardam por uma córnea. Ele conta que perdeu 90% da visão do olho esquerdo aos 15 anos, após cair e machucar o olho em uma cadeira. “Meu estado psicológico ficou alterado durante muitos anos, não conseguia olhar de frente para as pessoas, tinha vergonha da minha deficiência e andava sempre cabisbaixo”, relata. Ele diz que aguarda ansiosamente por uma doação e que o transplante é seu ‘sonho de consumo’. “Tenho certeza de que minha qualidade de vida vai aumentar com o transplante e que eu vou ser mais feliz e realizado do que sou hoje”, afirma.

O paciente Wilton Oliveira, que teve a córnea transplantada no início do mês, emocionou os presentes ao relatar que é portador de uma doença degenerativa nas córneas e que enfrentou dificuldades na infância para freqüentar a escola e na vida adulta para trabalhar e se manter financeiramente. “A partir de agora tenho esperanças de trabalhar para conquistar minha independência financeira”, destaca.

Durante esta semana as Equipes da Central Estadual de Transplantes e do Banco de Olhos do Amazonas estiveram visitando as unidades de saúde da rede estadual e sensibilizando as equipes de saúde com o objetivo de aumentar o número de captações de córneas no estado. Foram distribuídos folhetos informativos e realizadas palestras educativas com informações sobre a doação de córnea.

Segundo a diretora do Banco de Olhos, Cristina Garrido, esse tipo de ação sempre desencadeia um aumento no número de doações. “Divulgar o tema e esclarecer sobre a doação leva à adesão dos familiares”. Ela lembra que há cerca de 300 pessoas na lista de espera por uma doação de córnea.

Doação das córneas pode ser feita até 6 horas após a morte

A diretora do Banco de Olhos, Cristina Garrido, explica que a doação das córneas pode ser feita até seis horas após o falecimento e que a autorização para a remoção do tecido é dada pela família e que esta deve ser por escrito. “É muito importante manifestar o desejo de ser doador ainda vivo, assim os familiares não terão dúvidas e mais facilidade em atender no momento da abordagem”, alerta.

A córnea é uma película transparente e delicada que fica na parte da frente do olho. A diretora informa que a retirada da córnea ou do globo ocular não modifica a aparência do corpo. Esse trabalho é feito por uma equipe do Banco, capacitada para a remoção do tecido. Além da córnea, a esclera (parte branca) pode ser transplantada, por exemplo, em casos de acidentes que comprometeram a estética do olho.

Após a retirada, as córneas podem ser preservadas por até 14 dias. Segundo a diretora, a escolha da pessoa que será beneficiada é feita pela ordem de prioridade e compatibilidade, seguindo Lista Única de Receptores. A inscrição na Lista é feita pelo médico que acompanha o paciente (receptor).

Cristina Garrido informa que as equipes do Banco podem ser acionadas a qualquer hora, inclusive à noite, nos finais de semana e feriados. O contato pode ser feito diretamente pelos familiares ou pela unidade de saúde onde ocorreu o óbito. No Instituto Médico Legal (IML), o Banco de Olhos também mantém uma equipe de plantão.

De acordo com a diretora, o transplante ocorre por meio da fixação da nova córnea com fios muito finos e com a ajuda de um microscópio cirúrgico. A qualidade do tecido distribuída para transplante é garantida com testes para Hepatite B, C e HIV, feitos em amostras de sangue do doador.

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