Doações de córneas aumentam no Estado
Nos últimos quatro dias o Banco de Olhos do Amazonas recebeu a doação de 14 córneas, quantidade superior à média mensal de captações do tecido. As córneas já estão preparadas para o transplante e devem ser distribuídas em no máximo três dias para pacientes que aguardam na Lista de Receptores do Estado, que estão sendo selecionados por ordem de prioridade e compatibilidade.
A diretora do Banco, Cristina Garrido atribui o aumento das doações à campanha realizada pela Secretaria de Estado da Saúde no final do mês de setembro, em homenagem ao Dia Nacional do Doador de Órgãos, e ao apelo sentimental desencadeado pela doação dos órgãos da adolescente Eloá Cristina Pimentel, morta pelo ex-namorado em Santo André (SP). A doação das córneas, coração, rins, baço e fígado foi divulgada no último final de semana, após confirmação da morte cerebral da jovem. “A repercussão do caso foi enorme e, sem dúvida alguma, o gesto solidário da família teve influência no aumento das doações aqui”, avalia a diretora.
Segundo Cristina Garrido, o Banco de Olhos do Amazonas recebe em média 11 córneas por mês. As doações são feitas por familiares, normalmente abordados por equipes de psicólogos e assistentes sociais do próprio Banco e pelas Comissões Intra-Hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes que atuam nos principais hospitais e pronto-socorros e no Instituto Médico legal (IML). O trabalho de esclarecimento é considerado pela diretora a principal ferramenta para conquistar novas doações. Desde a criação do Banco, em 2004 foram recebidas 420 córneas e 310 pacientes saíram da fila de espera. “As doações aumentam à medida em que a população é esclarecida”.
Cristina Garrido afirma que o Estado está preparado para realizar até cinco vezes mais transplantes. “Temos toda a estrutura para captar, avaliar e preservar as córneas e temos equipes altamente capacitadas para realizar os transplantes”. Ela diz que a lista de pacientes que aguardam uma córnea tem atualmente mais de 300 inscritos entre adultos e crianças. “A lista é dinâmica, enquanto uns pacientes saem outros entram, mas trabalhamos para reduzir cada vez mais o número de pessoas em espera e isso está diretamente ligado à quantidade de doações”.
Remoção das córneas pode até seis horas depois da morte
A diretora do Banco de Olhos do Amazonas, Cristina Garrido, explica que a doação das córneas pode ser feita até seis horas após o falecimento e que a autorização para a remoção do tecido é dada pela família. “É necessário que três familiares dêem a autorização por escrito”. Ela diz que por este motivo é importante manifestar em vida o desejo de ser doador.
A córnea é a película transparente que fica na parte da frente do olho e sua remoção, mesmo que seja feita junto com o globo ocular, não modifica a aparência do corpo. “Colocamos prótese para manter a anatomia”, explica Cristina. Além da córnea, a esclera (parte branca) pode ser transplantada, por exemplo, em casos de acidentes que comprometeram a estética do olho. Após a retirada, as córneas podem ser preservadas por até 14 dias. Antes da liberação do tecido são feitos exames no sangue do doador para atestar a ausência de doenças como Hepatite B e C e HIV.
A córnea pode ficar comprometida por doenças adquiridas ao longo da vida, por ferimentos ou por defeitos de nascimento. “Nessas situações a córnea fica ‘nublada’ e provoca a perda total ou parcial da visão”. Para recuperar a capacidade de enxergar, só o transplante.
Cristina Garrido informa que as equipes do Banco podem ser acionadas a qualquer hora, inclusive à noite, nos finais de semana e feriados. O contato pode ser feito diretamente pelos familiares ou pela unidade de saúde onde ocorreu o óbito. O telefone do Banco de Olhos é o 3301-4789 e o da Central de Transplantes, que também pode ser acionada, é o 3301-4792.
Estado realiza transplante de rim intervivos
O coordenador estadual de Transplantes, Noaldo Lucena, destaca que o Amazonas também realiza transplantes de rim a partir de doações de pessoas vivas, ou seja, aquelas que têm compatibilidade genética com o paciente e estão dispostas a doar o órgão. Neste caso, a grande maioria dos doadores é formada por familiares.
Segundo Noaldo, as doações de rim após a morte poderão ser feitas após a conclusão do laboratório que será responsável pela realização dos exames de compatibilidade. A unidade, chamada HLA, está em fase de conclusão e vai funcionar na Fundação Hemoam. Com o laboratório, outros transplantes poderão ser viabilizados no Estado, desde que existam equipes e unidade de saúde credenciadas para o procedimento.
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