Estado faz cateterismo em crianças
Mais duas crianças passaram durante esta semana pelo centro de hemodinâmica do Hospital Universitário Dona Francisca Mendes para a realização procedimentos de cateterismo, que viabilizam correção de problemas e estudos de diagnóstico. Os pacientes Janderson Nascimento da Paz, 11 anos, e Vinícius de Jesus Marinho, oito meses, portadores de doenças cardíacas, passam bem. Eles foram a segunda dupla beneficiada pelos trabalhos que vão atender inicialmente 10 crianças cardiopatas em Manaus. Até o momento, quatro cateterismos foram realizados, todos com sucesso.
Os procedimentos cardíacos são resultados de uma parceria entre o Hospital Universitário Francisca Mendes e a Secretaria de Estado da Saúde (Susam), que comprou o material cirúrgico necessário para as intervenções. Os cateterismos, considerados mais simples que as cirurgias tradicionais, antecedem o mutirão que será promovido pelo Governo do Amazonas para atender cerca de 60 crianças que precisariam fazer o tratamento de coração fora do Estado. O processo para contratação do serviço de saúde que será responsável pelo mutirão está em fase de licitação.
Nesta quarta-feira, o primeiro a entrar na sala de hemodinamica do Hospital Francisca Mendes foi o pequeno Vinicius, que nasceu com uma estenose pulmonar, ou seja, estreitamento de uma válvula pulmonar que dificulta a passagem do sangue do coração para o pulmão, resultando em baixa oxigenação. Através do cateter, que foi introduzido na criança por meio de um corte na virilha, um pequeno balão foi inflado no ponto em que a veia apresentava a estenose, provocando sua dilatação.
Segundo o cardiopediatra, Ronaldo Camargo, que realizou o cateterismo e que acompanha Vinicius desde o nascimento, há 100% de chances de o problema ter sido solucionado definitivamente. “Nós vamos acompanhar e se ele precisar sofrer um novo cateterismo será apenas a longo prazo para solucionar o problema definitivamente”, disse.
O segundo paciente assistido durante a semana no Hospital Francisca Mendes foi Janderson, que nasceu com um distúrbio chamado atresia pulmonar com comunicação interventricular. A anomalia, que dificulta a comunicação entre pulmão e coração e compromete o desenvolvimento da criança, ocasiona a falta de disposição para atividades básicas do dia-dia. Janderson realizou o cateterismo para identificar tudo o que precisará ser feito durante a intervenção cirúrgica de alta complexidade (com abertura de tórax e coração) a que terá que ser submetido em breve. “O procedimento nessa criança foi apenas de diagnóstico, mas sem esse exame ele não poderia ser operado”, explicou Camargo.
Cinco profissionais fazem parte da equipe que realiza os cateterismos: o cardiopediatra Ronaldo Camargo, o anestesista Wagner William de Souza, técnicos em hemodinâmica Alessandra Oliveira e Leonícia Alves e Rodrigo de Castro e o enfermeiro Mário Carneiro. As crianças receberam alta 24h após a intervenção e continuarão recebendo assistência da equipe no ambulatório do hospital.
Na primeira semana foram atendidos Otávio Caetano Soares Neto, 14 anos, que realizou cateterismo de diagnóstico, e Andrews Mateus de Queiroz Brasil, 3 anos, que fez intervenção terapêutica.
Parceria
O conjunto de material médico-cirúrgico que viabiliza a realização de cateterismos terapêuticos e de diagnósticos em crianças foi adquirido pela Susam. Foram investidos R$ 109 mil com a aquisição de 59 itens, entre kits de punção com bomba, cateteres, próteses e guias metálicas. Essa é a primeira vez que o cateterismo é realizado em crianças no Estado. A ação evitou que essas crianças precisassem viajar para outros estados para realizar o exame.
Uma nova remessa de material está sendo viabilizada pela Susam para dar continuidade aos trabalhos e agilizar o atendimento de crianças cardiopatas.