Estado quer evitar a transmissão vertical
“Transmissão vertical: Aids e sífilis não podem vir de berço”. Esse foi tema escolhido pela organização estadual para as marcar as atividades e reflexões do Dia Mundial de Luta contra a Aids, 1º de dezembro. Ações de esclarecimento da população quanto às formas de prevenção, atendimento especializado nas unidades de saúde e distribuição de material informativo e preservativos fazem parte da programação que começou no último dia 28 e será encerrada hoje (02/12). Ontem houve passeata no centro de Manaus e concentração de atividades culturais no Largo de São Sebastião, com a participação de um grupo de estudantes, portadores de HIV/Aids, ongs e servidores da Susam.
Dados da Coordenação Estadual de DST/AIDS mostram que existem 2.582 pessoas contaminadas pelo vírus HIV no Estado. Deste total, 73% são do sexo masculino e 27% do sexo feminino. A média de contaminação no Amazonas ainda é de aproximadamente três homens para cada mulher. “A preocupação com a mulher se dá por conta do risco de transmissão vertical, ou seja, de mãe para filho, durante a gravidez, no parto ou no período da amamentação”, explica a coordenadora estadual de DST/Aids, Leila Ferreira.
De acordo com a coordenadora, essa transmissão pode ser evitada com a detecção precoce da doença, acompanhamento médico e uso de medicamentos. Uma mãe portadora do vírus HIV precisa tomar Zidovudina (AZT), durante toda a gravidez para evitar que o vírus seja transmitido para o bebê. Os recém-nascidos também precisam receber o AZT na forma injetável logo após o nascimento. Leila Ferreira alerta que, sem o uso da medicação, que é oferecida gratuitamente, os riscos de transmissão são de 80%, sendo que desse total 35% dos casos ocorrem durante a gravidez e 65% durante o parto.
A amamentação dos bebês por mães portadoras do vírus HIV representa um risco adicional, com taxa de transmissão variando de 7% a 22%. Com o uso correto da medicação, os filhos de mães soropositivas têm mais de 90% de chance de nascerem saudáveis. De acordo com a Susam, atualmente estão em tratamento no Amazonas, 76 portadores do HIV/Aids menores de 13 anos, vítimas da transmissão vertical.
Os exames para detecção do HIV e da sífilis devem ser feitos durante o pré-natal, mas as maternidades estaduais dispõem do teste rápido para assegurar a investigação sorológica das mães que não se submeteram ao exame durante a gravidez. “É importante que o teste seja feito durante a gestação, já que o tratamento para evitar a transmissão vertical começa neste período”, ressalta Leila Ferreira.
A coordenadora também alerta para a sífilis, considerada uma doença de fácil detecção e tratamento, mas que se não tratada e curada durante a gravidez, pode acarretar problemas no desenvolvimento dos fetos, causando más formações congênitas em órgãos vitais como coração e pulmão. A sífilis também pode causar cegueira nos bebês e doenças dermatológicas de difícil tratamento. “A rede pública de saúde oferece o teste para detecção e tratamento da sífilis gratuitamente em todas as suas unidades”, esclarece Leila.