Estado registra queda na incidência de Tuberculose
A redução está associada, segundo a secretária estadual de Saúde, Leny Passos, às ações de diagnóstico, que foram intensificadas em Manaus e nos municípios onde a doença ocorre com maior freqüência, como São Gabriel da Cachoeira, Itacoatiara e Parintins.
Além de reduzir a incidência, a Secretaria de Estado da Saúde (Susam) está desenvolvendo ações para diminuir o abandono de tratamento, um dos fatores de maior foco dos programas de controle da tuberculose no Brasil e no mundo. Com acompanhamento sistemático aos pacientes, a partir de um modelo utilizado mundialmente, o Governo do Estado espera baixar os atuais 11% de abandono para apenas 5%, o que garante maior percentual de cura e diminuição dos riscos de transmissão. Atualmente, segundo Leny, 83% dos pacientes atendidos no Amazonas ficam curados. “Queremos chegar a 85% até 2005”.
Os desafios para alcançar as metas de diagnóstico, adesão ao tratamento e cura estão sendo discutidos por profissionais de saúde do Estado, que realizam diversas ações até o próximo sábado, em comemoração ao Dia Mundial de Combate à Tuberculose, 24 de março.
Para abrir a programação, ontem pela manhã, no auditório da Fundação Hospital Adriano Jorge, o médico Miguel Aiub, do Hospital de referência Hélio Fraga, do Rio de Janeiro, apresentou o panorama da tuberculose no mundo e falou de experiências e propostas para a capacitação de profissionais de saúde.
Segundo Miguel, 22 países, incluindo o Brasil, respondem por 80% do total de casos de tuberculose no mundo. A maior concentração está nos países africanos, onde a incidência pode chegar a 800 casos para cada grupo de 100 mil habitantes. No Brasil, a taxa de incidência é de 54/100 mil, com 85 mil novas vítimas por ano, sendo cerca de 2 mil no Amazonas.
Considerada pela Organização Mundial de Saúde como uma doença sócio-econômica, a tuberculose está no foco dos programas mundiais de controle e eliminação. Até 2020, a meta é reduzi-la em 50%.
Atualmente, de acordo com Miguel Aiub, dois fatores ameaçam este controle – a Aids e a resistência aos medicamentos. “A Aids mudou a história recente da tuberculose no mundo”, disse, destacando que 13 milhões de pessoas convivem ao mesmo tempo com o HIV e o bacilo de Kock (transmissor da tuberculose) e que cerca de 70% dos pacientes com Aids desenvolviam a doença antes do coquetel. Com o novo tratamento houve redução de 71% de casos de infecção associada e 70% nas internações de pessoas com Aids. “Mesmo assim 20% dos HIV positivos já estão com tuberculose quando fazem o diagnóstico”.
A resistência aos medicamentos tradicionais também é um problema mundial, que o Brasil está tentando resolver com o acompanhamento sistemático dos pacientes. Desde 2002 foram registrados 1.466 casos de tuberculose multiresistente, a grande maioria pelo abandono de tratamento. Para este grupo, são aplicadas outras drogas durante 18 meses de tratamento. “Os medicamentos custam mais de 3 mil dólares, representam a última chance de cura e mesmo assim há 9% de pessoas que desistem”, diz o médico.
Miguel Aiub destaca que inúmeras pesquisas estão sendo realizadas para uma vacina que deixe os adultos imunes ao bacilo de Kock. Nas crianças, a prevenção das formas graves de tuberculose é feita com a vacina BCG. “Um terço da população mundial carrega o bacilo e por isso a eliminação sem a vacina é algo impensável”. Ele diz que por enquanto as perspectiva de melhoria são novas drogas, diagnóstico mais rápido, profissionais bem preparados e um novo quadro sócio-econômico.