Geladeiras à energia solar para vacinas
A aplicação de vacinas no interior do Amazonas consegue atingir cerca de 60% a 70% da população infantil e adulta, sendo que em alguns casos não passa dos 30%. O ideal, segundo a Organização Mundial de Saúde, seria uma cobertura de 100%. A realidade do Estado é compartilhada com outros estados brasileiros e com os países do continente americano, onde o índice ideal ainda não foi alcançado.
Para mudar esses índices no Brasil e reduzir a mortalidade por doenças que podem ser evitadas por meio da vacina, o Ministério da Saúde está dando início a um projeto pioneiro no país, que tem como principal ferramenta o uso de geladeiras que utilizam energia solar para viabilizar o estoque e conservação de vacinas em áreas remotas, isoladas e de difícil acesso, principalmente pequenas comunidades e áreas indígenas da Amazônia.
A fase piloto do projeto, chamado Sol Nascente, teve início na manhã de ontem. Paricatuba, no município amazonense de Iranduba, a cerca de 1h30 de Manaus, via fluvial, é a primeira comunidade contemplada. Três representantes do Ministério da Saúde, acompanhados da secretária estadual de Saúde, Leny Passos e de técnicos da Secretaria de Estado da Saúde (Susam), entregaram à comunidade do local a geladeira que vai garantir acesso diário a todas as vacinas do calendário básico de imunização. “Estamos começando a mudar o modelo de imunização no Estado. Para atingirmos as metas precisamos de alternativas para resolver problemas específicos como as vias de acesso, o tempo e as condições de armazenamento”, disse a secretária.
Leny Passos ressalta que as vacinas são a forma mais eficiente de evitar a mortalidade por doenças como Hepatite B e tétano, dentre outras e que por esse motivo todos os esforços serão feitos pela Susam para ampliar o acesso da população.
Em Paricatuba também irá funcionar o Centro de Pesquisas e Aprendizagem para o desenvolvimento das atividades que darão suporte ao programa de monitoramento e treinamento dos agentes que ficarão responsáveis pelas geladeiras que serão instaladas na região, durante os próximos três anos.
Os treinamentos iniciais estão sendo ministrados pelo físico Sérgio Oliveira, especialista em Energia Solar. Ele é consultor da Unesco, contratado para desenvolver o manual de instalação e manutenção das geladeiras solares e está desde o início da semana em Manaus, testando a aplicabilidade do Manual junto aos primeiros quatro técnicos que irão atuar no projeto. Ele explica que caso ocorra problemas com a bateria, o técnico terá até 20 horas para corrigi-los sem comprometimento da temperatura ideal de manutenção das vacinas, que é de 2º a 8ºC.