Governo contrata Beneficente para cirurgias
A Secretaria de Estado da Saúde (Susam) assinou ontem (20), com o hospital Beneficente Portuguesa, contrato no valor aproximado de R$ 1 milhão, para a oferta de cirurgias cardíacas a pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Inicialmente serão beneficiados mais de 60 pacientes adultos com problemas no coração. As cirurgias já começaram – três pacientes foram operados nos últimos dias – e a previsão é de que sejam submetidos ao procedimento até 22 pessoas a cada mês.
As cirurgias cardíacas em pacientes adultos só eram oferecidas na rede pública pelo Hospital Universitário Francisca Mendes e em outros hospitais do país, para onde os usuários vinham sendo encaminhados via Tratamento Fora de Domicílio.
De acordo com o secretário estadual de Saúde, Wilson Alecrim, o Estado está ampliando a oferta de serviços de alta complexidade, utilizando unidades da iniciativa privada e filantrópica, com experiência e estrutura física adequadas. Ao mesmo tempo, afirma, “a rede própria do Estado está sendo estruturada com o objetivo de criar as condições de atendimento permanente, o que infelizmente não foi feito no passado”. A medida deve, segundo o secretário, garantir as cirurgias de forma rotineira em adultos e crianças e não apenas de forma pontual.
O diretor da Beneficente Portuguesa, Alfredo Monteiro Vieira, informa que na unidade hospitalar já foram feitos investimentos de mais de R$ 1 milhão em equipamentos e ambientes para a realização das cirurgias cardíacas e garante que o hospital está preparado para atender a demanda encaminhada pela Susam. “Neste primeiro momento serão atendidos apenas pacientes adultos, mas a unidade já se estrutura para iniciar os procedimentos em crianças, a partir de março de 2006”, acrescenta.
Equipes – Para atender os pacientes que precisam de cirurgias no coração, atualmente a Beneficente Portuguesa conta com um centro cirúrgico com seis salas, três das quais reservadas para procedimentos de alta complexidade, UTI com 12 leitos e equipes médicas formadas no total por 12 cardiologistas clínicos com coordenação de João Marcos Barbosa, cinco hemodinamicistas, dois eletrofisiologistas e cinco cirurgiões cardíacos – Luiz Carlos Lima, Fausto Vieira, Álvaro Soeiro e Javier Perdomo. Também compõe a equipe o cirurgião Silas Avelar, que trabalhou por 18 anos na Beneficência Portuguesa de São Paulo, onde participou de mais de 6 mil cirurgias de coração.
Segundo Alfredo Vieira, na unidade poderão ser solucionadas todas as patologias do coração que necessitam de intervenção cirúrgica, dentre as quais troca de válvula (aórtica, mitral e tricúspede), revascularização do miocárdio, tratamento de aneurisma de aorta, dissecções de aorta e tratamento endovascular. Além destes, as equipes do hospital estão preparadas para atender cardiopatias congênitas em pacientes acima dos 12 anos de idade. Até o momento, mais de 30 cirurgias cardíacas já foram feitas na unidade, por meio de convênios.
Alfredo também garante que a Cardiologia ganhará reforço no próximo ano. Para o primeiro trimestre está prevista a inauguração de um novo centro cirúrgico com duas salas e uma UTI coronariana, com nove leitos para pacientes adultos e seis leitos para a pediatria. Além disso, deve entrar em funcionamento o Instituto de Cardiologia do Hospital, onde serão oferecidos os serviços de hemodinâmica, tomografia, eletrocardiograma, teste ergométrico e outros exames para diagnóstico das doenças do coração e acompanhamento dos pacientes.
Três pacientes já foram beneficiados pelo contrato
Os primeiros pacientes beneficiados pelo contrato do Governo do Estado com a Beneficente Portuguesa foram José Iran Andrade, de 72 anos, Maria Ângela da Silva Gonçalves, 43, e Kleison Hugo Ramalho de Melo, 17. As cirurgias foram feitas nos últimos dias antes mesmo da assinatura oficial da parceria, em função da gravidade dos casos. Os três passam bem e o único que permanece internado é Kleison Hugo, que deve ter alta nesta quinta-feira.
O jovem veio do município de Tapauá, com insuficiência da válvula aórtica. Ele recebeu uma prótese mecânica definitiva e poderá, de acordo com o cirurgião Silas Avelar, ter uma vida praticamente sem restrições.
Maria Ângela, que recebeu alta logo após a assinatura do contrato, também tinha problemas com a válvula aórtica. Ela disse que é portadora de púrpura trombocitopênica, uma doença do sangue que provoca o sangramento das mucosas. “Por este motivo os médicos ficavam receosos em me operar”, conta. A equipe do cirurgião Silas Avelar aceitou a paciente e a cirurgia ocorreu normalmente e com excelentes resultados. “Estou ótima”, comemorava Ângela, antes de deixar o hospital na manhã de ontem.