Governo lança campanha de incentivo à doação de órgãos

O Governo do Estado lançou, nesta quinta-feira (20), a campanha Natal Solidário, voltada ao incentivo à doação de órgãos no Amazonas. O objetivo da ação, promovida pela Secretaria de Estado de Saúde (Susam), é aproveitar o período natalino para sensibilizar a população e orientar sobre os procedimentos que envolvem o ato. Com a iniciativa, pretende-se ampliar o número de doadores e reduzir o tempo de espera dos pacientes que estão nas filas de transplantes. A campanha conta com apoio do Fundo de Promoção Social, tendo à frente a primeira dama, Nejmi Aziz; da Central Estadual de Transplantes; Banco de Olhos do Amazonas e Organização à Procura de Órgãos Alpha do Amazonas. O lançamento ocorreu no auditório da Susam.

Para se tornar um doador de órgãos, a pessoa precisa apenas expressar o desejo à família, conforme explicou o secretário estadual de Saúde, Wilson Alecrim. “Os familiares é que irão formalizar o ato, fazendo a autorização, por escrito, dos procedimentos. Apesar de simples, este processo exige alguns cuidados, como a realização de entrevistas com os familiares, além da assinatura do documento que permite a doação”, frisou. Outro ponto importante é que a doação é possível apenas quando o paciente tem morte encefálica comprovada e o organismo recebe o tratamento adequado para sua manutenção, até a realização do transplante.

Alecrim ressalta que, atualmente, o Estado está credenciado pelo Ministério da Saúde para realizar transplantes de rim e córnea. A expectativa, já com o aval do governador Omar Aziz, é realizar, também, transplante de fígado, a partir de 2013, e de coração em 2014. Em 2012, a Susam realizou 43 transplantes de rim e 168 de córneas. “O Amazonas está entre os estados que mais avançaram nesta área”, avaliou Alecrim, frisando que é possível crescer ainda mais, com apoio da sociedade. Atualmente, 342 pacientes esperam pelo transplante de rim e 512 pelo transplante de córnea.

A coordenadora estadual de Transplantes, Leny Passos, destacou que atualmente o número de doadores vivos é maior que a quantidade de doadores falecidos, especialmente em função das doações de rim. “À medida que a população é esclarecida, passa a ter o conhecimento sobre quem poderá ser ajudado e que existe uma fila única de espera, que é respeitada”, disse. A coordenadora explicou que a campanha será realizada durante todo o ano de 2013 e que terá a participação das igrejas católica e evangélica. “Já estamos encaminhando o material de divulgação para igrejas e paróquias, que serão grandes parceiras nesta ação”, frisou. A proposta é que o tema seja abordado pelos líderes religiosos junto aos fiéis. A programação da campanha contará com outras ações que serão anunciadas no decorrer do próximo ano.

O evento desta quinta-feira contou com a participação de familiares de doadores falecidos, que foram homenageados pelo ato de solidariedade. O autônomo Kleyton Costa de Lima, 36 anos, autorizou a doação do rim do filho, Heverton Lima, há pouco mais de 3 meses. “O desejo do meu filho era ajudar as pessoas. Acho que essa é uma forma de honrar a vontade dele e, de alguma forma, mantê-lo conosco”, disse, lembrando que o filho tinha 20 anos e estava servindo nas Forças Armadas, antes de sofrer o acidente de motocicleta, que causou sua morte.

O padre Marco Antônio Silva também esteve no evento, representando o arcebispo da Arquidiocese de Manaus, Dom Luiz Soares Vieira, que manifestou apoio da Igreja Católica à iniciativa. Marcaram presença, ainda, a presidente da Agência Amazonense de Desenvolvimento Econômico e Social do Amazonas, Ana Paula Aguiar; a coordenadora do Banco de Olhos, Cristina Garrido; além da diretora-geral do Hospital Pronto-Socorro João Lúcio Machado, Uildéia Galvão. Cerca de 90% dos potenciais doadores são identificados no João Lúcio.

Outras informações sobre doação podem ser obtidas na Central de Transplantes do Amazonas, órgão vinculado à Susam. Os telefones de contato são 3664-2616 e 8802-6801. Os interessados também podem entrar em contato através do e-mail cncdo.am@saude.gov.br.

Morte encefálica – É a morte do cérebro, incluindo tronco cerebral que desempenha funções vitais, como o controle da respiração. Quando isso ocorre, a parada cardíaca é inevitável. Embora ainda haja batimentos cardíacos, a pessoa com morte cerebral não pode respirar sem os aparelhos e o coração não baterá por mais de algumas poucas horas. Por isso, a morte encefálica já caracteriza a morte do indivíduo. Todo o processo pode ser acompanhado por um médico de confiança da família do doador. É fundamental que os órgãos sejam aproveitados para a doação enquanto ainda há circulação sangüínea irrigando-os, ou seja, antes que o coração deixe de bater e os aparelhos não possam mais manter a respiração do paciente. Mas se o coração parar, só poderão ser doadas as córneas.

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