Massagem e relaxamento na Ana Braga
Uma sala ampla, decorada com cortinas de renda branca que deixam passagem para apenas alguns raios de sol, um incenso com cheiro suave que perfuma o ar, e uma música serena, que leva os ouvintes a lugares belos e aconchegantes, guardados no fundo do baú da imaginação. Este é o ambiente onde uma equipe de profissionais e voluntários da Maternidade Estadual Ana Braga, recebe mulheres para seções de massagens e relaxamento. Ao final de cada seção, uma grande confraternização e o alívio das dores e tensões da gravidez e do pós-parto.
A cena é uma realidade todas as sextas-feiras. Dela participam as grávidas que aguardam o parto e as novas mães internadas na unidade, onde foi construída uma sala especial para as seções de massagens e relaxamento. O trabalho tem o objetivo de promover o bem estar das mulheres, principalmente daquelas que, por conta de problemas de saúde dos filhos recém-nascidos, precisam permanecer na maternidade por períodos mais longos e acabam por entrar em processo de depressão ou em crises de estresse.
As massagens são feitas por profissionais voluntárias que dedicam parte do seu tempo ajudando as mães a buscar mais qualidade de vida e preparando-as para transmitirem tranqüilidade a seus bebês. As voluntárias são chamadas de Doulas, denominação que vem do grego (“mulheres que servem”) e que atualmente se aplica às mulheres que dão suporte físico e emocional a outras mulheres antes e após o parto. Na Ana Braga o grupo de Doulas é formado por enfermeiras, técnicos em enfermagem e colaboradoras da Pastoral da Criança.
As mães e futuras mães recebem massagens por todo o corpo e afirmam que se sentem muito relaxadas e aliviadas das tensões do dia-a-dia. “Essa é uma iniciativa muita boa. Depois da sessão me sinto renovada” afirma a dona de casa Andreza Cristina Alves, 21, que está internada há 10 dias, acompanhando o filho que nasceu prematuro aos seis meses de gestação.
As Doulas utilizam cremes e óleos de massagem, que também servem para hidratação da pele. “É bom porque, além de relaxadas, nós também ficamos mais cheirosas do que já somos e isso ajuda a nos sentirmos melhor”, comenta Mayara da Costa Lima, 17, internada com o filho há cinco meses. O bebê nasceu com graves problemas de saúde e desde o nascimento está em tratamento na unidade pediátrica da maternidade.
De acordo com o diretor da maternidade, Agnaldo Costa, o trabalho é inédito em Manaus e apresenta bons resultados. “Nós sentimos uma melhora no dia-dia das mães que precisam ficar internadas. Elas melhoram o humor, se sentem mais dispostas e tranqüilas. Isso nos mostra que com trabalhos simples podemos evitar grandes problemas como o estresse durante a sua permanência na unidade”. Segundo ele, embora no Brasil ainda não existam pesquisas sobre os benefícios do trabalho das Doulas, trabalhos realizados no exterior mostram que ele contribui para a redução das taxas de cesárea e da duração do trabalho de parto, entre outros benefícios físicos e emocionais para a mãe e para o bebê.
Oficinas e embelezamento também
ajudam a ocupar o tempo
A seção de massagens promovida pela maternidade Ana Braga é oferecida uma vez por semana, mas as Doulas realizam outros tipos de trabalhos terapêuticos. Em cada dia da semana as mães têm uma opção de atividade. Uma delas é o curso para confecção de materiais artesanais, como imãs de geladeira, portas retratos e bijuterias. Também é realizado um dia de embelezamento, quando são feitos cortes de cabelo, chapinha, manicure e pedicure.
De acordo com a chefe de enfermagem da maternidade, Gracimar Fecury, o resultado do trabalho pode ser verificado no dia-a-dia. “Quando as mães e as grávidas participam das atividades, sentem-se muito melhor, ficam sorridentes, mais tranqüilas e passam essa tranqüilidade para os seus bebês”, afirma.
Algumas mães também dizem que o artesanato poderá representar uma fonte de renda quando saírem da maternidade. “O trabalho é simples e exige apenas um pouco de paciência, além disso, tem a vantagem de que posso trabalhar em casa e também ficar perto do meu bebê”, afirma a dona de casa Silvana de Paula, 31, internada há 15 dias, acompanhando o filho que está na UTI.