Maternidades tornam-se Amigas da Criança
As maternidades da rede pública estadual Ana Braga, Azilda Marreiro, Balbina Mestrinho e Nazira Daou receberam ontem, do Ministério da Saúde, o título oficial de Hospital Amigo da Criança. O título é concedido pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e Organização Mundial de Saúde (OMS) às unidades hospitalares que adotam práticas de incentivo e valorização do aleitamento materno exclusivo, por meio de dez passos padronizados mundialmente. Com os novos credenciamentos, o sistema de saúde estadual passa a ter 100% de suas maternidades adaptadas às exigências do programa. A primeira unidade contemplada foi a Alvorada, que recebeu o título em 2003.
Em solenidade que contou com profissionais das maternidades contempladas e organizações de apoio e proteção à saúde da criança e do adolescente, a pediatra Monique Gonçalves, da Área Técnica de Saúde da Criança e Aleitamento Materno, do Ministério da Saúde, entregou os títulos ao secretário estadual de saúde, Wilson Alecrim, que os repassou à diretoria de cada maternidade .
O secretário destacou que o Governo do Amazonas é pioneiro na implantação da Iniciativa Hospital Amigo da Criança. No Estado, nenhuma outra unidade ou maternidade da rede municipal ou privada foi credenciada até o momento.
Ao receber os títulos, Alecrim afirmou que o aleitamento materno é um dos principais fatores associados à redução dos índices de mortalidade neonatal (até os 27 dias de vida) e infantil (crianças menores de um ano). De acordo com ele, no Amazonas a mortalidade infantil (de crianças menores de 1 ano) caiu 19,2%, nos últimos dois anos e as mortes neonatais (de bebês até os 27 dias de vida) foi reduzida em 24,8%.
O secretário disse que além do aleitamento, outras estratégias da política estadual de saúde materna e infantil tiveram impacto na redução dos índices de mortalidade, como o aumento de 124% na capacidade de atendimento às parturientes e melhores condições para o parto e pós-parto, e também a instalação de unidades de cuidados intensivos para mães e recém-nascidos. Segundo o secretário, na capital cerca de 80% dos partos ocorrem nas maternidades públicas e no interior, 100%.
Além dos dez passos para promover o aleitamento materno, Alecrim informou que foram implantados na rede estadual de saúde novos serviços de apoio a mães e recém-nascidos. “Todas as maternidades estaduais contam, agora, com o serviço de cartório viabilizando o registro de nascimento na própria unidade, gratuitamente. As maternidades também oferecem o teste do pezinho que deve ser feito nas primeiras semanas de vida”.
Para garantir o aleitamento dos bebês que por algum motivo não podem ser amamentados pela mãe, foi criado o Banco de Leite Humano, que funciona na maternidade Ana Braga. O secretário anunciou que para incentivar a participação de mães, a Susam está lançando uma nova campanha de incentivo à doação. A meta é contar com mais voluntárias – mães com leite excedente e com boa saúde.
A representante do Ministério da Saúde, Monique Gonçalves, parabenizou o Estado do Amazonas e disse que é a primeira vez que quatro unidades são credenciadas de uma só vez no Brasil. Ela ressaltou os benefícios do aleitamento materno e da capacitação dos profissionais que atuam na rede, desde os recepcionistas até os cirurgiões, todos com papel decisivo no incentivo ao aleitamento exclusivo.
Iniciativa garante aleitamento exclusivo
De acordo com a coordenadora estadual de Saúde da Criança e Aleitamento Materno, Ângela Matos, a implantação dos dez passos para o incentivo ao aleitamento materno apresentou como principal resultado o índice de 99% de recém-nascidos saindo da maternidade com aleitamento exclusivo. “O uso de chupetas e mamadeiras foi proibido nas unidades e a oferta de outro alimento que não o leite materno só é feita sob prescrição médica nos casos em que há necessidade real”.
Ângela explica que a Secretaria de Estado da Saúde (Susam) capacitou mais de dois mil servidores para a Iniciativa e que as maternidades estabeleceram um padrão de atendimento e conduta. “As mães recebem informações padronizadas sobre as vantagens do aleitamento e são orientadas para a correta amamentação, que começa nos logo após o parto. As que têm dificuldades são ajudadas pela equipe de enfermagem”.
As maternidades também praticam o alojamento conjunto, permitindo que mães e bebês permaneçam juntos desde o parto, e mesmo as mães que precisam ficar separadas de seus filhos recebem instruções para manter a lactação.
Quando saem da maternidade as mães ainda podem contar com os grupos de apoio, também uma exigência da Iniciativa Hospital Amigo da Criança.
O que é a Iniciativa Hospital Amigo da Criança
É um esforço mundial, patrocinado principalmente pela OMS e pelo UNICEF, para promover, proteger e apoiar o aleitamento materno, mediante a adoção, pelos hospitais, dos “Dez Passos para o Incentivo do Aleitamento Materno”.
Esse código de conduta foi compromissado pelo Brasil na “Declaração de Innocenti”, em 1º de agosto de 1990, na Itália, durante encontro que reuniu um grupo de formuladores de políticas de saúde de governos, agências bilaterais e das Nações Unidas. Delineia um importante papel de apoio que os hospitais podem desempenhar a fim de tornar o aleitamento materno uma prática universalmente adotada nas maternidades, contribuindo significativamente para a saúde e o desenvolvimento de milhões de bebês.
Vem sendo desenvolvida no Brasil, um dos 12 países escolhidos para liderar sua implementação, através do Programa Nacional de Incentivo ao Aleitamento Materno – coordenado pelo Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição, do Ministério da Saúde – em articulação com o Grupo de Defesa da Saúde da Criança, OPAS e UNICEF.