Nicole recebe alta depois de cirurgia cardíaca

Nicole Dayane, de apenas três meses, e sua mãe, a adolescente Gabriela Costa da Silva, de 15 anos, deixaram nesta terça-feira a maternidade Balbina Mestrinho, após vencer uma batalha em favor da vida.

Com uma cardiopatia grave, Nicole foi operada na maternidade, no último dia 20, quando uma equipe formada por oito médicos, implantou com sucesso um shunt sistêmico pulmonar, permitindo que o coração dela tivesse condições de funcionar sem a ajuda de aparelhos e medicamentos. O procedimento, considerado de alto risco, foi o primeiro deste tipo realizado na unidade.

O diretor geral da Balbina Mestrinho, ginecologista e obstetra Marco Lourenço, explica que o problema cardíaco de Nicole foi detectado logo após seu nascimento, no dia 11 de novembro do ano passado. A equipe médica da maternidade diagnosticou má formação do coração, com comprometimento de todo o lado direito do órgão, onde as estruturas musculares e cardiovasculares são deformadas ou inexistentes, impedindo a comunicação com os pulmões e a oxigenação do sangue.

“Imediatamente após o diagnóstico iniciamos o uso de remédios que garantiram a sobrevivência dela, e buscamos a melhor alternativa para a cirurgia indicada”, lembra Marco Lourenço. Segundo o médico a criança foi inscrita no Programa de Tratamento Fora de Domicílio ao mesmo tempo em que era estudada a possibilidade de realizar a operação no Estado.

Cirurgia de Alto Risco

“Esta foi a primeira cirurgia desse porte realizada na Maternidade e foi uma decisão do secretário de Saúde, Wilson Alecrim e da direção da Maternidade Balbina Mestrinho’’, disse o diretor. Com a disponibilidade de uma equipe de médicos, que garantiu ser possível fazer a cirurgia na própria maternidade, a unidade foi preparada para o procedimento. “Montamos uma estrutura inédita, contando com o apoio de colaboradores da própria Secretaria e até mesmo da rede privada”, diz o diretor. Vários equipamentos foram cedidos à unidade e todos os materiais, instrumentos e medicamentos necessários foram providenciados.

A cirurgia, considerada de alto risco durou mais de quatro horas e foi feita sob o comando dos cirurgiões Fausto Pina, Fernando Dutra, Igor Rodas e Dugart Amaro e de uma equipe de apoio formada por dois anestesistas, uma instrumentadora, um perfusionista, pediatras, enfermeiros e técnicos, que acompanharam a criança durante e após a cirurgia.

O cirurgião cardíaco Fernando Dutra comemorou a alta de Nicole ao lado dos colegas, destacando que a menor venceu as primeiras batalhas, mas que precisará de atenção especial ao longo da vida. Ele explica que a estrutura do coração da menina não pode ser alterada, por isso não há tratamento definitivo. “O tubo instalado terá que ser substituído com o tempo, porque se tornará pequeno com o crescimento do organismo. Mas o importante é que ela terá uma vida quase normal”. Além disso, Nicole ainda corre risco de morte e necessita ter cuidados especiais, como evitar infecções, gripes e outros problemas.

Mãe sai aliviada e emocionada

“O que mais quero hoje é ficar na minha casa com minha filha, ser feliz e festejar o aniversário de quatro meses dela, no próximo dia 11’’, disse, radiante, Gabriela Costa da Silva, ao deixar a Maternidade, por volta de 11h25 de ontem e seguir para o beco Amazonas, 65, no bairro de Educandos, onde vive com a mãe Áurea Vasconcelos da Costa, 54.

Antes de deixar a Maternidade, Gabriela fez questão de beijar e abraçar carinhosamente o diretor-geral da Maternidade, Marco Lourenço. “Obrigado, doutor’’, resumiu.

Dele, Gabriela ouviu que Nicole “terá acompanhamento médico periódico, dando assim os primeiros passos para a realização de um transplante de coração, dentro de uns cinco anos’’.

Mãe aos 15 anos, a menina-mulher Gabriela contou que teve muito medo e chegou a pensar que sua filha fosse morrer na sala de cirurgia. “Mas nunca perdi a fé em Deus e nos homens’’.
Antes de se despedir de enfermeiros, médicos e jornalistas, Gabriela, abraçada à pequena Nicole, garantia: “Vou ser feliz até quando Deus quiser. E tenho fé e certeza: ele quer muito isso”’.
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