Operação Impacto reduziu dengue em 74%
Os casos de dengue em Manaus sofreram redução de 74% após a Operação Impacto, iniciada pelo Governo do Estado em 25 de fevereiro com o objetivo de reduzir a densidade do Aedes aegipty e evitar uma epidemia de grandes proporções. O resultado foi apresentado na manhã de ontem pela Fundação de Vigiância em Saúde (FVS), órgão da Secretaria de Estado da Saúde responsável pela coordenação das ações de controle de endemias.
De acordo com o relatório final da Operação Impacto, os números da dengue na capital, onde são registrados mais de 90% dos casos do Estado, caíram de 1.438, em fevereiro, para 389 no mês de maio.
As áreas de alto risco de transmissão da doença também foram reduzidas. Dos 54 bairros, atualmente apenas seis apresentam alto risco para transmissão da doença. No início da Operação eram 26. Nos 30 bairros onde as ações foram concentradas, o risco agora é baixo ou muito baixo. “Isso significa que as condições para transmissão da dengue são muito menores e que a redução dos casos deve ser mantida”, avalia o diretor presidente da FVS, Evandro Melo.
O diretor destaca que, mesmo diante de um cenário favorável, as medidas de controle precisam continuar. Segundo ele, uma grande da população está suscetível à dengue em função da circulação de três sorotipos diferentes e da não ocorrência de epidemia pelo vírus 3. “As pessoas só se tornam imunes ao contraírem a doença”, explica. Manaus registrou duas epidemias, uma em 1998, pelo sorotipo 1, e a outra em 2001, pelo tipo 2. O número de casos notificados foi de 13,8 mil e de 18,5 mil, respectivamente. Evandro Melo cita, ainda, a mobilidade populacional e condições ambientais favoráveis à reprodução do vetor (presença abundante de água, problemas de saneamento e clima úmido) como fatores permanentes de alerta.
Para o coordenador do Programa de Controle da Dengue do Ministério da Saúde, Giovanini Coelho, que acompanhou a apresentação dos resultados da Operação Impacto, o Amazonas conseguiu responder satisfatoriamente ao risco iminente de uma epidemia, ao contrário de outros estados brasileiros como o Rio de Janeiro e a Bahia. “Aqui havia potencial para milhares e milhares de casos”, ressaltou. Giovanini disse que um dos méritos da ação promovida pelo Amazonas foi a mobilização global, envolvendo outros setores além da saúde.
Nas recomendações finais do relatório, além de apontar a Operação Impacto como uma experiência exitosa, que teve como produto final a interceptação de uma epidemia anunciada, os especialistas orientam os serviços e profissionais de saúde a continuar encarando a dengue como uma virose diferenciada, que pode levar a casos graves. Também recomendam às autoridades o compromisso de melhorar as condições de saneamento básico, de forma contínua, a fim de evitar a existência de depósitos que propiciam o desenvolvimento de larvas.
Operação teve quatro linhas de atuação
A Operação Impacto teve como ações básicas o combate ao mosquito na fase adulta, o combate às larvas, a coleta de lixo e entulhos e a educação em saúde, incluindo a reciclagem dos profissionais de saúde para o diagnóstico e tratamento da dengue clássica e hemorrágica.
As ações foram desenvolvidas de forma simultânea e envolveram, além da própria Fundação, a Secretaria Municipal de Saúde, as Forças Armadas, o Corpo de Bombeiros, a Secretaria Municipal de Limpeza Pública e as secretarias do Estado e do município de Educação. No total, mais de 3 mil pessoas estiveram envolvidas com a Operação.
Durante os três meses de atividade coordenada foram visitados 267 mil imóveis. Neles, foram encontrados 527 mil depósitos com água, sendo que 354 eliminados e outros 172 mil receberam tratamento para evitar o desenvolvimento de larvas do mosquito transmissor.
A Fundação de Vigilância em Saúde também inspecionou neste período 318 pontos estratégicos como borracharias, oficinas e cemitérios, onde há grande concentração de depósitos preferenciais para a desova do Aedes. Do total, em 204 foram encontrados criadouros.
Para o combate do mosquito adulto, os agentes de endemias da FVS aplicaram fumacê com aparelho portátil e veicular, em 30 mil quarteirões, com a estimativa de cobertura de 1,3 milhão de imóveis.
A quantidade de lixo e entulho recolhida pelas equipes de limpeza urbana durante o período da Operação chegou a 48 mil toneladas, com uma média de 544 toneladas por dia, o que significa um acréscimo de 37% em relação ao recolhimento de rotina.
No campo da Educação em Saúde, comunidades, empresas, escolas e outras instituições forma orientadas a formar uma rede de mobilizadores para colaborar com o controle da dengue, por meio de ações preventivas e da aplicação de um check-list para remoção dos criadouros do mosquito. Apenas nas escolas foram formados 605 multiplicadores.
De janeiro a maio foram registrados 5,8 mil casos de dengue em Manaus, com 100 casos de dengue hemorrágica e quatro mortes.