Pacientes recebem próteses oculares
A Policlínica Codajás realizou de segunda até esta quinta-feira, 115 concessões de prótese oculares a pacientes inscritos no Programa de Atenção Integral ao Deficiente (Paid). Em agosto, a expectativa da unidade da rede estadual é atender mais 55 pacientes, que têm a oportunidade de economizar na aquisição da prótese, conhecida como “olho de vidro”, e renovar a autoestima.
Segundo a assistente social da Policlínica, Ana Cristina Bastos, as próteses oculares são recursos estéticos que contribuem para elevar a autoestima das pessoas que tiveram o globo ocular removido ou lesionado em decorrência de acidentes ou enfermidades. “A maioria dos pacientes com lesões oculares usam acessórios, como óculos escuros ou até mesmo um corte de cabelo que lhes permita esconder a face. Com as próteses, os pacientes saem daqui (policlínica) com a autoestima recuperada”, disse a assistente social, responsável pelo Módulo Ocular do Paid.
Além da concessão das próteses, o programa reúne uma equipe multiprofissional que acompanha desde o período de adaptação, manutenção até a troca da prótese, concedida pelo Governo do Estado. “A nossa preocupação não é cuidar do problema, mas sim do paciente. No Paid o usuário é atendido por vários profissionais, entre médicos, enfermeiras e psicólogos para acompanhamento na integralidade”, explicou ela, acrescentando que é importante cumprir todas as etapas do procedimento, antes da fase de moldagem e implantação da prótese ocular.
Um dos beneficiados com a concessão da prótese é o aposentado Juarez Dias. No ano passado, ele sofreu um acidente de trânsito que resultou na perda da visão do lado direito e a remoção do globo ocular esquerdo. Cadastrado no Paid no início deste mês, Juarez recebeu a prótese na quinta feira (21). “Tentei comprar um olho de vidro mas não consegui porque é muito caro, além de ser difícil de encontrar em Manaus”, disse Juarez. De acordo com informações de especialistas, cada prótese custa, em média, R$ 1.800.
A estudante Natali Bindá também recebeu a prótese pela rede de saúde pública. Ela nasceu com retinoblastoma, tipo de câncer que se desenvolve na retina do olho, e com um mês de vida, retirou o globo ocular direito. Ao completar um ano de idade, Natali fez outra cirurgia para retirada do olho esquerdo. Ela reside no município de Benjamim Constant (distante de Manaus 1.118 quilômetros) e a cada cinco anos viajava para o Estado de São Paulo para comprar as duas próteses. “A viagem para outro Estado representa um custo muito alto para minha família. Além do dinheiro reservado para prótese, precisamos de recursos para a compra das passagens, hospedagens, transporte e alimentação. Sem falar que, no meu caso, os médicos recomendam a troca da prótese a cada dois anos”, revela a estudante.
Recomendação médica – O ótico protesista Cláudio Osmar da Silva ressalta que o uso do componente não apresenta contra indicação. “Basta apenas que o usuário tenha interesse em colocar a prótese e cumpra com a responsabilidade de fazer a higienização do item com água e sabão e a troca em prazo regular de dois anos”, informou. Para o cuidado ideal com a prótese, Osmar presta algumas orientações: “O usuário deve lavar as mãos, limpar a cavidade orbitária com soro fisiológico, depois limpar a prótese com água e sabão, e fazer a implantação. Para retirar a prótese quando for necessário, utiliza-se a ventosa, pequeno acessório que gruda no material e o retira. Qualquer pessoa, desde que seja bem informada sobre como proceder, pode fazer a retirada e a limpeza”, afirmou.
Inscrições – Para participar das próximas concessões, o paciente deve se inscrever no Paid, que funciona de segunda a sexta-feira, das 7h às 17h, na sede da Policlínica Codajás, no bairro Cachoeirinha. No ato da inscrição é necessário o portador apresentar os documentos originais e cópias da carteira de identidade ou registro de nascimento (menores de idade), CPF, Cartão SUS, comprovante de residência e a receita oftalmológica, acrescida do Código Internacional de Doença (CID).
O programa criado pelo Governo do Estado, em 2004, está dividido em quatro módulos de atuação: ocular, auditivo, ortopédico e estomizado. Todos eles contam com apoio de uma equipe multidisciplinar, formada por médicos, enfermeiras, assistentes socais, psicóloga, fonoaudióloga e nutricionista, cujo objetivo geral é prestar atendimento integral e humanizado ao usuário do sistema de saúde.