Prevenção garante controle da raiva

A Fundação de Vigilância em Saúde (FVS) está divulgando o resultado de um estudo realizado para avaliar os indicadores do programa de profilaxia e controle da raiva no estado do Amazonas. Foram avaliados os dados de 1996 a 2004 e os resultados mostraram que nos últimos dois anos nenhum caso de raiva humana foi registrado no Estado.

Na avaliação da gerente de zoonozes da FVS, médica veterinária Ana Cristina Rodrigues, o controle está associado à capacitação de 100% dos municípios do interior para trabalhar na prevenção e vacinação anti-rábica em animais e seres humanos. A pesquisa aponta que todos os municípios do Amazonas, incluindo Manaus, mantêm a meta estabelecida pela Gerência Nacional de Zoonoses de vacinar 90% da população de cães do estado. A vacina é válida por ano e o animal imunizado não oferece riscos à população.

Segundo Ana Cristina, a Gerência Estadual de Zoonoses realiza campanhas anuais de prevenção em todo o estado. “O cão é o principal transmissor da raiva para o homem e por isso é alvo prioritário dessas campanhas”, explica. Nos municípios que fazem fronteiras com outros estados ou países, considerados áreas de risco para a raiva, são realizadas duas campanhas por ano, em função do fluxo de animais de uma cidade para outra.

Há também uma vacina humana que deve ser aplicada em pessoas agredidas por animais suspeitos como cães e gatos de rua, morcegos, macacos e outros animais silvestres. “A vacina é a única forma de evitar a morte da pessoa mordida por um animal contaminado e está disponível em todos os municípios do estado”, garante Ana Cristina. A aplicação da vacina deve ser feita imediatamente após a agressão, mesmo que o animal não seja suspeito. “Quanto mais cedo a pessoa for imunizada, maiores são as chances de não desenvolver a raiva, que leva a óbito em pouco tempo”.

A raiva humana é uma doença que apresenta 100% de letalidade. O vírus atinge o sistema nervoso e o cérebro. Entre os sintomas da doença estão fortes dores no lugar do ferimento causado pela agressão, agressividade e paralisação dos membros. A paralisação atinge também o sistema respiratório, levando à morte por parada cardíaca e respiratória. A doença pode ficar incubada por um período de até três meses.

Raiva silvestre

Além do cão outros animais silvestres também são transmissores potenciais da raiva para outros animais e também para os humanos. Entre eles merecem destaque os morcegos hematófilos, que se alimentam de sangue e que se estiverem contaminados acabam se tornando agentes transmissores da doença. Em função do constante desmatamento e a conseqüente invasão do seu habitat, animais silvestres estão migrando para as cidades e atacando os seres humanos.

A migração dos animais levou a FVS a realizar trabalhos constantes de prevenção para evitar a transmissão da raiva. O principal trabalho é na área de prevenção ao ataque dos morcegos nas áreas rurais. “As pessoas devem colocar telas nas janelas das casas e usar mosquiteiros para barrar a entrada dos morcegos nas casas”, orienta o médico veterinário José Carlos Vítor, que faz visitas periódicas aos municípios do interior. Ele também orienta as pessoas para nos casos de agressão procurem imediatamente o serviço de saúde para tomar a vacina.

O veterinário também captura alguns exemplares de morcego que são avaliados em laboratório para verificar a presença do vírus no sangue do animal. “Nós ainda não detectamos o vírus em morcegos no Amazonas, mas continuaremos com a vigilância para evitar a contaminação de toda uma população de morcegos e até de outros animais”.